Nudes, quais os riscos?

9 de fevereiro de 2017

– Ele nunca faria uma coisa dessas comigo.

Na frase acima costuma residir um dos maiores erros cometidos quando se trata de uma prática cada vez mais disseminada: o envio de nudes, ou seja, imagens de nudez total ou parcial, para um namorado, amigo ou colega. Ao compartilhar uma foto íntima, a pessoa acredita cegamente que o amor, a amizade e a lealdade do destinatário são eternos. Crê piamente que tudo vai ficar para sempre entre os dois.

Só que, sim, ele faz uma coisa dessas com ela – e a única coisa de eterna que fica é a imagem compartilhada milhares e milhares de vezes em toda a internet. A sensação de vergonha e humilhação também parece não ter fim. A reputação destruída, porém, talvez não seja o maior dos males. Segundo um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, quem compartilha nudes tem mais chances de se envolver em atividades sexuais arriscadas, expondo-se a doenças sexualmente transmissíveis e a uma gravidez indesejada.

“O envio de fotos íntimas, em vez de ser uma alternativa para o sexo real, é parte de um conjunto de comportamentos sexuais de risco”, conclui o estudo. Em outras palavras, quem compartilha imagens íntimas está mais propenso a – ou já adota – práticas arriscadas. Mas com tanta informação disponível hoje em dia, por que não para de aumentar o número de jovens que se expõem dessa forma? Elementar, segundo Raychelle Cassada Lohman, PhD em psicologia pela Universidade Estadual da Carolina do Norte e autora de cinco livros sobre adolescência.

Entre os mais jovens a situação é mais crítica. “O córtex pré-frontal, tipo o presidente do cérebro, responsável pela capacidade de pesar prós e contras e controle de impulsos, por exemplo, não está totalmente desenvolvido até os 20, 25 anos”, diz Raychelle. Segundo ela, essa incapacidade normal de avaliar riscos torna o jovem mais suscetível a pressões do ambiente. Garotas e rapazes são incentivados o tempo todo a fazer o mesmo que seus amigos. Não fazer pode até levar à exclusão do grupo. Imitar ajuda na aceitação social, na popularidade e na imagem perante a quem se quer agradar. E eles não veem nada de mal nisso. Uma pesquisa da Universidade de Utah mostra que a maioria dos jovens que já enviaram nudes acha a ação aceitável e não considera um erro.

Os números mostram isso. Um em cada cinco dos 606 adolescentes (entre 14 e 18 anos) entrevistados já mandou uma imagem íntima para alguém. Dois em cada cinco já receberam uma foto nude e um quarto do total repassou para outras pessoas. “É assustador”, diz Raychelle. Por isso, os pesquisadores da Universidade da Califórnia recomendam em seu estudo que o envio de nudes deveria ser tratado pelos profissionais de saúde nas conversas com adolescentes da mesma forma e junto com o que se faz com doenças sexualmente transmissíveis ou gravidez. É só mais um comportamento sexual e, como tal, deveria ser tratado.

Fonte: Dialogando - Nudes, quais os riscos? Dialogando

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