“Eu estava mexendo em uma das redes sociais e me deparei com o comentário de um homem que eu não conhecia em uma foto da minha filha de 11 anos postada no perfil pessoal dela. Imediatamente entrei em contato com ele, para saber como tinha chegado até lá, e descobri que era um estrangeiro que tinha adicionado aleatoriamente minha filha. Dei um corte nele e o bloqueei tanto no meu perfil, quanto no perfil da minha filha.” Esse é um caso relatado por Nídia Magali Reinert, terapeuta em programação neurolinguística e mãe de duas filhas entre 11 e 8 anos, mas é uma história bem comum nos dias em que vivemos. A internet permeia muitos (se não todos) os aspectos da nossa vida e as crianças e adolescentes não escapam disso. Então surge o dilema sobre como lidar com a exposição de filhos a redes sociais, aplicativos de troca de mensagens instantâneas, sites, blogs, grupos de discussão… É melhor monitorar tudo ou garantir a autonomia e privacidade deles?
A primeira reflexão necessária se desdobra sobre a natureza da internet. Uma das grandes dádivas dessa rede também é uma grande dificuldade para os pais: a pluralidade. É possível encontrar de tudo. Conteúdos de altíssima qualidade que ajudam no desenvolvimento escolar e na vida, comunidades inclusivas para todos, espaço para encontro de pessoas com mesmos gostos… Mas também é um espaço que permite a atuação de pessoas mal-intencionadas, além da propagação de conteúdos que exigem idade mínima e apologias a hábitos de vida nada saudáveis. Por conta dessas possibilidades todas, a internet seria um ambiente essencialmente perigoso para crianças e adolescentes? “Não, a internet é o espelho da nossa sociedade. Da mesma forma que nos cuidamos contra os perigos que a vida apresenta neste mundo, devemos assumir responsabilidades para evitar os perigos que ela apresenta.”, afirma Fernando Veigas, Gestor de TI e pai de um garoto de 9 anos.
Pensando na criação de filhos na internet como uma extensão do que acontece fora dela, a orientação de conduta, assim como assumir as consequências do que um menor faz no mundo virtual, é responsabilidade dos pais, inclusive do aspecto legal. Ou seja, um bom nível de monitoramento por parte dos responsáveis é essencial e benéfico para o desenvolvimento dos filhos. “Estudos sugerem que filhos que experenciam adequado controle parental no uso da tecnologia apresentam também menos comportamentos de risco no ambiente virtual, porque se sentem mais seguros, amparados e protegidos pelos seus pais”, declara Guilherme Wendt, mestre pela Unisinos, em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, e doutorando em psicologia na Universidade de Londres. Pode até parecer contraditório, mas ter pais envolvidos no cotidiano virtual ajuda a construir uma identidade mais autônoma e melhor preparada para reagir a experiências negativas.
Então quais são as posturas que os pais devem tomar? A instrução de Guilherme vai no sentido de evitar métodos mais invasivos como leitura de e-mails e mensagens ou uso de softwares de espionagem, e de usar sempre uma abordagem assertiva envolvendo diálogo e negociação. E existem pais que estão de acordo: “Não se trata de restringir acesso, mas de ensinar e liberar acesso de acordo com a maturidade emocional do filho em lidar com a situação”, comenta Victor Rodrigues Jr., Analista de Sistemas e pai de uma menina. “Ao negociar, você demonstra para a criança ou adolescente que não é uma imposição e quais os motivos de cada regra negociada”, completa Fernando Veiga.
Na prática, isso se traduz basicamente em fazer boas indicações de sites, mostrar os prós e os contras de determinados atos e condutas on-line, e até mesmo navegar na internet junto com os filhos. Essas são algumas estratégias que funcionam: as crianças acabam passando mais tempo em atividades educativas e ficam menos propensos às experiências negativas e ao cyberbullying. Esse papel dos pais se acentua caso ocorra algum incidente grave ou de abuso: “É muito importante que os pais forneçam instruções precisas sobre como agir caso seu filho acabe envolvido em problemas no ambiente virtual e orientem seus filhos a não apagar registros ou provas, caso sejam vitimizadas na internet”, enfatiza.
É se preocupar, procurando fiscalizar e controlar o que os filhos fazem, com quem conversa,e as páginas a quais eles entram.
É super importante que os pais acompanhem a rotina dos filhos na internet. Obrigado pelo comentário, Lidiane!