“Sair do armário” nas redes sociais: só com seu consentimento! 

20 de junho de 2023

O processo de “sair do armário” costuma ser bastante delicado. Afinal, a descoberta da sexualidade é uma questão íntima que, para a população LGBTQIAP+, costuma estar atrelada às inseguranças quanto à rejeição da família e dos amigos, além da pressão social. Cada indivíduo leva seu próprio tempo para avaliar todos esses aspectos e sentir-se seguro para a decisão de se assumir. 

As redes sociais têm funcionado como uma plataforma para as pessoas LGBTQIAP+ se assumirem com um pouco mais de segurança, já que permitem mais facilmente a criação de redes de amizades e até de acesso a conhecimentos necessários para isso. Contudo há quem utilize essas plataformas para expor a sexualidade alheia de forma forçada, causando inúmeros prejuízos à vítima. 

Entenda um pouco mais sobre esse tema! 

O que significa sair do armário? 

O termo surgiu nos EUA a partir de duas expressões comuns por lá. A primeira é “come out”, que significa “assumir-se”. Ela era utilizada durante os séculos 19 e 20, quando meninas debutantes precisavam se mostrar para a sociedade em bailes e, com isso, conseguir um pretendente.  

A segunda expressão é “skeletons in the closet”, cuja tradução literal significa “esqueletos no armário”. Ela é utilizada para designar um segredo vergonhoso que uma pessoa guarda ou esconde do mundo. 

Portanto “come out of the closet” (união das duas) seria uma forma de assumir para a sociedade um segredo que, devido às questões sociais, culturais e históricas, foi tido como vergonha. A expressão foi assimilada pela comunidade LGBTQIAP+ como forma de revelar ao mundo sua identidade, que por muito tempo foi tida como errada. No Brasil, o termo foi traduzido como “sair do armário”. 

Qual o tempo certo de se assumir? 

Gil do Vigor, ex-participante do BBB 2020 que se assumiu durante o programa. Reprodução: Instagram. #ParaTodosVerem: Foto de Gil do Vigor com maquiagem, roupas elegantes e posando em fundo espelhado para um evento.

Essa é uma dúvida recorrente entre as pessoas da comunidade LGBTQIAP+, e não existe uma resposta certa. Até porque esse não é um processo mensurável[am1] . A jornada de assumir-se para a sociedade leva, de forma geral, 3 passos importantes: aceitar-se, assumir-se para os amigos ou grupo próximo e, por fim, assumir-se para a sociedade. Cada um deles deve ser tomado apenas quando o indivíduo se sentir devidamente seguro e acolhido.

Por mais que a comunidade LGBTQIAP+ tenha conseguido avanços importantes nas lutas por direitos, a lgbtfobia é um problema que ainda não foi superado e está presente nas famílias, na escola e em diversos outros espaços de forma desigual. Isso significa que, por questões como acesso à informação e educação de qualidade, algumas pessoas terão mais facilidade do que outras em se assumir. Mas isso não deve ser um desestímulo.

Para compreender sua sexualidade e conseguir aceitar sua naturalidade, buscar conteúdos sobre o tema pode ser de grande ajuda. Hoje em dia, é possível encontrar na internet profissionais que abordam o tema de forma clara e com conhecimento sobre o assunto. Algumas referências importantes são:

Vale lembrar que assumir-se é uma decisão individual, que está relacionada com diversos fatores. E não se assumir também não torna alguém menos LGBTQIAP+, afinal cada um sabe como lidar com os receios, os riscos sociais e os sentimentos da sua maneira.

Sair do armário nas redes sociais

Outro passo importante no processo de assumir-se é a construção de uma rede de proteção, ou seja, conhecer pessoas LGBTQIAP+ com as quais você pode criar laços de amizade, afeto e identificação. Isso também é compreender e sentir o pertencimento ao grupo, fundamental na construção da identidade e da cultura para grupos minoritários.

As redes sociais podem ser ferramentas importantes para isso. Nelas, é possível encontrar grupos que abordam temas relacionados à comunidade ou páginas com interesses comuns. Nesses espaços, é mais fácil conhecer pessoas e formar os círculos de amizade nos quais a primeira “saída do armário” acontece.

Caso queira conhecer algumas páginas ou grupos nas redes, selecionamos alguns:

Só com seu consentimento

A partir do momento que a pessoa LGBTQIAP+ se aceita e passa a assumir-se para os amigos, ela acaba ficando exposta à sociedade e isso pode ser libertador, mas também significa alguns riscos. É possível que alguns grupos a acolham plenamente, sem julgamento, mas situações de rejeição podem ocorrer.

Por isso apenas você pode falar abertamente sobre sua sexualidade. Qualquer outra pessoa que queria abordar o assunto precisa estar ciente da sua condição social e ter sua permissão.

Mas existem pessoas que, por inúmeros motivos, se sentem no direito de tirar alguém do armário à força, isso é, revelar a orientação sexual ou identidade de gênero de alguém sem seu consentimento.

Um exemplo recente disso foi Kit Connor, ator americano da série Heartstopper, que foi forçado pelos fãs da série a se assumir nas redes sociais. O caso não é isolado: o ator Leonardo Vieira teve uma foto sua beijando outro homem exposta em um portal de fofocas e, com isso, acabou assumindo sua sexualidade forçosamente.

Independentemente do motivo ou se a pessoa é famosa ou não, esse tipo de exposição é crime de lgbtfobia e está previsto na Lei nº 7.716/89. Se passar por uma situação como essa, é possível denunciar em qualquer delegacia de polícia. Se preferir, pode procurar a DECRADI – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, que é especializada.

Gostou do tema? Deixe seu comentário pra gente. E fique atento, que no Mês do Orgulho LGBTQIAP+ teremos mais conteúdos a respeito!

LGBTQIAP+ Quanto mais letras, + inclusão!


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Fonte: Dialogando - “Sair do armário” nas redes sociais: só com seu consentimento!  Dialogando

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Comentário(s)

  • Que delícia! Eu sempre aprendo lendo e ouvindo as matérias do Dialogando. Adoro! Muito obrigada!

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