Há influenciadores pretos falando de tudo nas redes: paternidade, luta de classes, política, moda, cabelo, inovação, viagens, gastronomia, enologia… tudo. Tudo MESMO!
Se você segue alguns, percebe que eles até parecem muitos, mas se parar para pensar, são a imensa minoria.
Aliás, o grupo nunca detêm aquelas contas milionárias de seguidores — e isso não se deve, claro, à falta de talento. É uma provável consequência direta do racismo.
O Brasil conta com 56% de sua população autodeclarada negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), volume que, muitas vezes, não faz qualquer diferença.
De acordo com o levantamento realizado em parceria entre o site Mundo Negro, Squid, Black Influence, Sharp e YouPix, influencers pretos ganham menos e são menos contratados para campanhas.
O relatório da Bloomberg divulgado pelo site BusinessWeek mostra que esse “padrão” não é exclusivo do Brasil. Há casos em que mesmo tendo um número maior de seguidores, eles recebem produtos como forma de pagamento – a famosa permuta.
Esse não é só um problema, claro, do marketing digital e da vida nas redes. Porque no mundo físico, a coisa segue pelo mesmo caminho.
Por aqui, pretos ganham 40,2% menos do que brancos por hora trabalhada. A diferença salarial é a mesma há 10 anos, segundo dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.
Falamos de…
Paloma Botelho: uma “moda artivista” preta
Paloma é do tipo que faz quem gosta de se vestir repensar se se veste bem, de fato. Mas o que a faz estar aqui hoje é todo o seu potencial de saber nos colocar para pensar: de forma mansa, descomplicada, pondo em prática seu ativismo de maneira, antes de tudo, saudável.
Consultora e mentora de estilo, é graduada em Comunicação; especializada em Coolhunting; pós-graduada em Criação de Imagem e Styling de Moda pelo SENAC e idealizadora dos projetos Negrxs Diálogos de Moda; Rede Consultoras Negras de Imagem e Estilo e Afro: Passado, Presente e Futuro.
Ela interpreta estilo e corpo como plataformas de comunicação e visa expandir o conceito: “Vestir-se bem para as pessoas da pele preta está para além da vaidade, do poder aquisitivo e das tendências da moda: é uma armadura de proteção contra as violências do racismo.”
Atualmente é Coordenadora do Comitê Racial e de Diversidade do Instituto Fashion Revolution Brasil e Diretora de Racialidade da Trama Afetiva.
Aperte o cinto, dê o play e aprenda com essa profissional cujo sobrenome poderia ser “Afeto”.