A acessibilidade digital é um tema cada vez mais discutido, especialmente no contexto online. Isso porque as barreiras para deficientes são inúmeras, seja no mundo real ou virtual.
Na internet, pessoas com problemas visuais, por exemplo, ainda enfrentam desafios em atividades rotineiras, como navegar em sites ou acessar serviços na web. Desse modo, a necessidade crescente de mudanças fez com que empresas investissem em inovação tecnológica, a fim de transpor barreiras e ampliar a inclusão digital.
O movimento internacional W3C (Consórcio World Wide Web) representa bem essa vontade de transformar a realidade. O W3C reúne empresas globais, como Google e Microsoft, ONGs e uma equipe de profissionais em todo o mundo, dedicados a desenvolver padrões inclusivos para a web.
Acompanhe o artigo e entenda:
- Como essas iniciativas têm melhorado a acessibilidade.
- Importância de manter recursos atualizados para beneficiar pessoas com deficiência (PcDs).
Boa leitura!
Avanços em acessibilidade para deficientes visuais
Com base na pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18,6 milhões de pessoas no Brasil possuem algum tipo de deficiência, sendo as principais a deficiência motora, visual e cognitiva.
Já no contexto mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo necessitam de produtos que garantam acessibilidade, como cadeira de rodas, aplicativos de comunicação ou aparelhos auditivos. Porém, desse total, cerca de 1 bilhão de indivíduos não possuem acesso a esses produtos.
Diante desse contexto, a tecnologia se apresenta como uma ferramenta fundamental para promover a inclusão. E quando se fala da inclusão de deficientes visuais no ambiente digital, é justamente o avanço tecnológico, somado à implementação de políticas públicas, que vai ter o potencial de transformar a vida de muitas pessoas.
Confira a seguir alguns avanços em acessibilidade para deficientes visuais no contexto atual:
W3C
O projeto W3C, liderado pelo criador da internet, Tim Bernes-Lee, é um consórcio internacional que tem como principal função desenvolver padrões e diretrizes para a Web, a fim de tornar os conteúdos da internet mais acessíveis e interpretáveis.
Desse modo, o movimento busca colocar os benefícios da comunicação, do comércio e compartilhamento de informações ao alcance de qualquer um, independentemente de sua condição física e mental.
Web para todos
Idealizada por Simone Freire, fundadora da Espiral interativa – agência especializada em comunicação inclusiva –, em parceria com o consórcio internacional W3C Brasil, a Web para Todos é uma iniciativa que agrega organizações e desenvolvedores com foco específico na internet brasileira.
O objetivo do movimento é promover em sua plataforma online conteúdo técnico, compartilhamento de experiências e ferramentas e serviços úteis para construir sites e aplicativos acessíveis.
NVDA e JAWS
O NVDA (NonVisual Desktop Access) e o JAWS (Job Access With Speech) são plataformas gratuitas, criadas para auxiliar os deficientes visuais nas leituras de tela. Para isso, os programas convertem texto em áudio, permitindo que essas pessoas naveguem na internet, utilizem redes sociais e leiam documentos digitais.
Inteligência Artificial (IA) para descrição de imagem
Alguns recursos de Inteligência Artificial (IA) são muito úteis para promover maior acessibilidade digital. Um exemplo disso são as ferramentas de descrição automática do Facebook e os serviços do Google Vision API. Ambos utilizam IA para descrever objetos, fazer reconhecimento facial, leitura de texto, entre outras opções.
Braile digital
O braile digital são dispositivos desenvolvidos com o objetivo de possibilitar às pessoas cegas e com baixa visão a terem acesso a conteúdos digitais. O Braille Note e o Orbit Reader, por exemplo, são dois dispositivos que convertem os textos digitais em braile.
Be my Eyes
O Be my Eyes é um aplicativo gratuito e disponível para IOS, que tem como principal função facilitar a vida do usuário.
Para isso, o app conecta pessoas deficientes visuais com voluntários que não possuem deficiência através de uma chamada de vídeo, permitindo que estes auxiliem as pessoas com visão limitada ou cegas em situações cotidianas, como preparar a janta ou checar se as luzes estão acesas.
Como a lei brasileira melhora o ambiente online para PcDs?
Desde 2015, o Brasil possui legislação específica que protege os direitos das pessoas com deficiência. Mais do que uma diretriz, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), ou Lei 13.146/2015, tornou obrigatória a acessibilidade em diversas frentes, incluindo a internet.
Assim, sites de empresas e órgãos governamentais devem garantir que suas informações estejam disponíveis também para pessoas com deficiência. Mas o que torna um site acessível?
De acordo com as diretrizes do W3C, um site acessível inclui medidas que vão muito além do design ou tamanho da fonte utilizada nos textos. É preciso considerar diferentes formas de acesso ao conteúdo, facilitar a navegação e oferecer ferramentas que facilitem a busca das informações ou resolução de dificuldades.
Veja a seguir alguns benefícios que a Lei traz para o contexto da acessibilidade na internet:
Padrão de acessibilidade
Uma das exigências da LBI é que sites públicos e privados sigam os padrões internacionais de acessibilidade, como os previstos pela Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG). Isso inclui a utilização de texto alternativo em imagens, navegação simplificada por teclado, entre outros.
Inclusão em lojas virtuais
Um outro ponto tratado na Lei é de que lojas virtuais precisam ser projetadas para atender a pessoas com deficiência visual, a fim de garantir que todos possam realizar compras online de maneira autônoma e segura.
Aplicativos acessíveis
As normas da LBI exigem também que os aplicativos de celulares e tablets possuam interfaces amigáveis e adaptadas para deficientes visuais.
Penalidades e incentivos
A Lei prevê penalidades para empresas que não venham a cumprir as exigências. Por outro lado, o Governo oferece incentivos para organizações que promovem inclusão, como deduções fiscais.
Capacitação para desenvolvedores
Para promover mais inclusão, a lei incentiva que empresas invistam na capacitação de profissionais de tecnologia para que estes possam implementar ferramentas de acessibilidade em seus projetos.
Dessa maneira, as medidas contribuem para uma maior autonomia para PNEs (Plano Nacional de Educação) no ambiente online, fomentando uma internet mais acessível para todos.
Importância de manter atualizados os recursos de acessibilidade
Manter atualizados os recursos de acessibilidade é fundamental não apenas para cumprir a legislação, mas também para promover uma sociedade mais justa. Afinal, a inclusão digital beneficia pessoas com deficiência visual e, ainda, toda a comunidade, uma vez que reforça os valores de empatia, diversidade e respeito ao próximo.
A acessibilidade digital para deficientes visuais é uma jornada em constante evolução, impulsionada por avanços tecnológicos, legislações, como a LBI, conscientização social e empenho dos Governos. Assim, embora desafios e barreiras ainda existam, há muitas iniciativas que estão no caminho certo para criar uma internet mais inclusiva e acessível para todas as pessoas. E se você quiser acompanhar mais conteúdos inspiradores como esse, continue navegando no Dialogando.
Até a próxima!
