Um dia de “apenas” 24 horas. É o que muitos pensam diante de tarefas que parecem intermináveis. E tão comum quanto essa sensação de que o dia dura pouco tempo para resolver uma lista gigantesca de afazeres, é o desejo de que a jornada ganhe umas horinhas a mais para fazer TUDO o que se considera importante.
Assim, na tentativa de serem mais produtivas, as pessoas, muitas vezes, optam por ser — ou tentar ser — multitarefas: abrindo abas no computador ao mesmo tempo, respondendo os contatos simultaneamente no celular e no e-mail, desempenhando diferentes tarefas no trabalho. Tudo isso na tentativa de dar conta das demandas da vida pessoal e profissional.
Mas, a que custo tem se levado uma vida baseada em hiperprodutividade e resoluções de tarefas? Estudos indicam que as multitarefas têm impactado cada vez mais na saúde física e mental da população. Por isso é que preparamos esse texto para você. Aqui, falaremos hoje sobre:
- O que é multitarefa?
- Por que ser multitask pode prejudicar a saúde mental e emocional?
- Efeitos do multitarefas no humor;
- Estratégias para aumentar a produtividade.
Boa leitura!
Multitarefa hoje: o que isso quer dizer?

O termo multitarefa foi criado pela International Business Machines Corporation (IBM) em 1960. À época, a IBM utilizou a palavra para fazer referência às diferentes funções que um computador era capaz de desempenhar em pouco tempo.
Atualmente, o termo é empregado para caracterizar pessoas que fazem muitas tarefas de forma, aparentemente, simultânea. Tal prática — como, por exemplo, responder e-mails enquanto se participa de uma reunião ou atualizar uma planilha ao mesmo tempo —, tem gerado cada vez mais impactos negativos na saúde física e mental das pessoas.
Com uma cultura voltada para o excesso de estímulos e hiperprodutividade, especialistas têm desenvolvido pesquisas para entender se ser multitarefa realmente aumenta a eficiência ou apenas sobrecarrega o cérebro.
Context switching e multitarefa
Embora a multitarefa, ou multitasking, seja conhecida como a capacidade cognitiva de executar muitas tarefas simultaneamente, já se sabe que o cérebro não é capaz de realizar diversas atividades ao mesmo tempo, mas alterná-las rapidamente entre elas.
Esse processo, conhecido como troca de contexto, ou context switching, é justamente o esforço cognitivo que o cérebro precisa fazer para alternar de uma tarefa para outra, causando impactos negativos na saúde física e mental dos indivíduos.
De acordo com estudiosos nos Estados Unidos, o context switching tem provocado o aumento do estresse, elevação da pressão arterial e frequência cardíaca, além de estar associado a sintomas de ansiedade e depressão.
Desse modo, a ciência tem comprovado que, ao tentar fazer muitas coisas ao mesmo tempo, as pessoas estão, na verdade, diminuindo a eficiência e aumentado o estresse e a sobrecarga mental. É o que aponta a American Pshychological Association em seu artigo que tem como objetivo analisar os custos sutis do context switching na vida das pessoas.
Por que ser multitasking pode prejudicar a saúde mental e emocional

Há 86 bilhões de células no nosso cérebro, responsáveis por desempenhar a maior parte de nossas ações do dia a dia. Mas especialistas advertem que o regime frenético da vida moderna vem destruindo nossas vias neurais.
Segundo o artigo publicado pela Brown Health University, as multitarefas injetam doses de estresse às nossas vidas, afetam nosso humor, nossa produtividade e nos deixam mais suscetíveis ao erro, se compararmos às pessoas que concluem uma tarefa de cada vez.
Isso porque o excesso de estímulos, junto à necessidade de estar sempre lidando com várias demandas ao mesmo tempo, faz com que todas essas informações sobrecarreguem o cérebro, que precisa de momentos de foco para funcionar de maneira eficiente.
Ao contrário disso, o órgão acaba gastando muita energia para alternar a todo momento entre uma atividade e outra. A médio e longo prazo, ele não aguenta e começa a dar sinais de estresse crônico, com a redução de memória, falta de capacidade de concentração, sensação de esgotamento constante, entre outros problemas.
Efeitos das multitarefas no humor
De acordo com o mesmo estudo da Brown Health University, o hábito de realizar multitarefas pode impactar a curto e longo prazo o humor e o bem-estar das pessoas. Algumas das consequências são:
Ansiedade
A necessidade de gerenciar múltiplas tarefas ao mesmo tempo tem gerado uma sensação constante de urgência e preocupação, o que impede que a pessoa relaxe e faça uma tarefa de cada vez.
Sobrecarga mental
O excesso de estímulo e a cultura da hiperprodutividade ocasiona uma sobrecarga mental, uma vez que o cérebro precisa gastar muito mais energia para realizar as tarefas diárias.
Redução da eficiência
Estudos apontam que realizar diferentes atividades simultaneamente sobrecarrega o cérebro, reduzindo a sua eficiência.
Frustração
Ao tentar desempenhar diferentes funções ao mesmo tempo, é normal que as pessoas não consigam finalizá-las. Afinal, somente uma máquina conseguiria. Assim, com as tarefas inacabadas, é gerada uma sensação de incompletude e frustração constantes.
Estratégias para aumentar a produtividade

Pela sua saúde e bem-estar, que passa pelo apoio e uso consciente da tecnologia, você precisa encontrar um equilíbrio no uso. Para a manutenção da sua qualidade de vida, confira nossas dicas para aumentar a produtividade, diminuir o estresse e, enfim, viver muito melhor!
1. Planeje seu dia de trabalho
Pessoas multitarefas quase sempre pecam pela falta de planejamento. Por isso, ao final da sua jornada, organize as atividades do dia seguinte em listas, dispostas em ordem de prioridade.
Ao longo do dia, vá assinalando (riscando mesmo!) cada tarefa finalizada, assim que completá-las. Você vai ver que, ao final do expediente, estará com aquela sensação de dever cumprido, mesmo se não tiver “vencido” toda a lista. Ou você pode contar com apps de organização, que também te ajudam no seu foco principal.
2 . Chats externos
Prefira se dedicar às redes no término do expediente ou ao final do almoço (aliás, tenha disciplina no momento dessa pausa gostosa e importante para oxigenar o cérebro antes de retornar para “o segundo round”. É importante que você se alimente e descanse antes de voltar ao trabalho).
3. Respire
Se possível, a cada duas horas, por 5 minutinhos, faça pequenas pausas para se dedicar a exercícios de respiração e alongamento. Não exclua a hipótese de dar uma breve caminhada. Dê mais leveza para a sua jornada, corra dos sintomas da síndrome de Burnout!
4. Ida e vinda
Se a empresa em que você trabalha não aderiu ao home office, estude a possibilidade de mudar ou encurtar o seu percurso. Para pessoas multitarefas, muitas vezes, o caminho até a chegada ou retorno aumenta os níveis já bastante elevados de estresse.
Se o seu percurso é feito de carro, pode ser que algum colega more perto de você. Por que não um rodízio de caronas?
5. Diga SIM aos happy hours!
Alivie as tensões dos trabalhos e socialize com seus colegas. Atividades de lazer são sempre importantes para aliviar o estresse. Engaje-se com o time nesses momentos divertidos em que podemos ser mais despojados. A prática ainda colabora para a união da equipe e torna o próprio ambiente de trabalho muito melhor.
6. Tire férias
Mas é para tirar MESMO. Não caia na tentação de vender essa pausa saudável para fazer um “dinheirinho a mais”. Esse momento só estará disponível daqui a um ano e, mesmo que você não tenha planejado viagens ou passeios, sua saúde (física e mental) agradecem pelo tempo livre em casa.
Além dessas dicas, você pode adotar também algumas estratégias apontadas por especialistas da Brown Health University, como:
- Trabalhe em uma tarefa por vez. Se tiver muita dificuldade, primeiro faça uma e, em cerca de 20 minutos, mude para outra atividade;
- Estipule um horário para checar e-mail e redes sociais;
- Desligue alertas de e-mail e redes sociais enquanto estiver realizando uma tarefa;
- Mantenha o seu espaço de trabalho organizado. Desordem visual pode distrair o seu cérebro;
- Preste atenção ao que você está fazendo no momento. Práticas de mindfulness podem ajudar nesse sentido.
Por fim, aprenda a “fazer nada” ou “quase nada”. Lembre-se que você precisa estar sempre em primeiro lugar e que, por aqui, costumamos dizer que #TemHoraPraTudo!
Fique atento. Ao perceber que algum dos sintomas mencionados está afetando suas atividades no dia a dia, não exclua a possibilidade de buscar o auxílio de um profissional, combinado?
Agora que você aprendeu o que são os multitarefas, e como não é bom para a nossa saúde ser assim, tenha consciência no seu uso das redes. Preste atenção em uma coisa de cada vez, tire as notificações. Passo a passo, você vai conseguir ser melhor para você. E, se você quiser, continue com a gente no Dialogando para ver sobre uma internet melhor para todos nós!
Até a próxima!