Poderia ser apenas mais uma entre milhares de brincadeiras e lendas urbanas que circulam na internet, mas, a exemplo da Baleia Azul, o desafio da Momo, mensagem que começou a circular há algumas semanas no WhatsApp e em outras redes sociais, se revelou nova ameaça virtual para crianças e adolescentes. Tudo começa quando o usuário recebe um convite para interagir com o perfil fictício, ilustrado com a imagem de uma mulher com olhos esbugalhados e feições distorcidas – uma foto de uma escultura do artista japonês Keisuke Aisawa. Ao aceitar o contato, quem conversa com a Momo passa a receber perguntas, ameaças e propostas de jogos que muitas vezes envolvem violência, mutilação ou risco de vida. O perfil tornou-se uma ferramenta eficiente para roubar dados, distribuir vírus e, atingir os mais vulneráveis. Há a suspeita de que tenha estimulado a morte por sufocamento de uma criança de 9 anos em Recife.
Para o diretor de Educação da ONG SaferNet, Rodrigo Nejm, há dois aspectos importantes que pais e responsáveis devem considerar neste tipo de ocorrência, cada vez mais comum. “O primeiro fator, mais prático, é sempre acompanhar o que os filhos, principalmente os mais novos, estão fazendo na internet, com quem estão mantendo contato, se o conteúdo que acessam é apropriado à idade, sempre de forma instrutiva, alertando para os riscos. A sociedade de hoje vive conectada, não há como impedir essa geração de participar do dia a dia on-line e os pais devem ter uma postura de orientação e apoio”, diz.
O especialista recomenda ensinar às crianças a não retornar ou iniciar conversas com desconhecidos nos aplicativos e bloquear os números que estiverem usando o perfil falso da Momo.
O segundo aspecto é a postura que os pais devem adotar ao perceber que o filho se envolveu com esse tipo de desafio. “Compreender primeiro o que o atraiu nessa abordagem. Pode ter sido apenas uma curiosidade para ficar por dentro do que todo mundo na escola está falando ou para brincar, assustar os amigos, no caso da Momo, mas também pode ter sido uma oportunidade que aquela criança ou jovem identificou de expor um sofrimento ou vulnerabilidade que não está conseguindo expressar de outra forma, o que é mais preocupante e muitas vezes acarreta os desfechos trágicos que vemos”, afirma.
Nejm explica que é essencial saber diferenciar essas motivações e agir de acordo com o que o filho realmente precisa. “Se foi uma brincadeira, é fundamental instruir para que não repasse a outras pessoas. A partir dos 12 anos o usuário pode ser responsabilizado criminalmente por essa distribuição e possíveis consequências. Se foi por algum problema ligado à saúde emocional, o caminho é abrir o diálogo, se colocar à disposição para escutar. A pior atitude é minimizar esse sofrimento, isso só faz com que a pessoa se feche ainda mais e vá buscar espaços onde possa fazer isso na internet ou com outros que vivem a mesma coisa, e assim ficam mais vulneráveis ainda a esse tipo de abordagem dos criminosos”, ressalta. Outro recurso é buscar ajuda profissional para apoiar a criança ou jovem.
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Novos boatos de que a Momo do WhatsApp ressurgiu nas redes sociais começaram a circular. Aparentemente, a boneca apareceu em vídeos da plataforma Kids, no YouTube. Saiba mais aqui (link para a nova matéria).
MDR