Durante a infância é fundamental que as crianças possam experimentar uma diversidade de atividades de lazer e esportes, explorando as diferentes situações de brincadeira que são, também, momentos de aprendizagem. “Ao brincar elas aprendem, incorporam e interpretam um conjunto de regras sociais que são muito importantes para o desenvolvimento social saudável. Nos games on-line não é diferente. É preciso estimular a diversificação dos jogos e os pais podem jogar junto para conhecer quais as referências e conteúdos cada um deles propicia”, afirma o psicólogo Rodrigo Nejm, diretor de educação da SaferNet Brasil e pesquisador na área de comportamentos e mídias sociais do GITS/UFBA.
“Quando você deixa de fazer outras atividades da sua rotina pra ficar só jogando, aí se torna prejudicial”, afirma a psicóloga Ana Luiza Mano, fundadora do site Psicólogos da Internet e membro do Núcleo de Pesquisa em Psicologia da Internet.
Além de variar os tipos de brincadeiras e jogos, os pais precisam ainda acompanhar o uso para que este não comprometa o sono e até a alimentação. Se a criança gasta todo seu tempo livre com o mesmo game online, se afasta das brincadeiras “off-line” e evita encontrar presencialmente com outras crianças, estes podem ser sinais de que algo não vai bem. E muitas vezes os jogos online acabam sendo uma escapatória para outros tipos de problemas no desenvolvimento da criança, e nem sempre o próprio jogo é o principal problema.
Vale lembrar ainda que a maior parte dos jogos hoje está on-line e possui ferramentas avançadas de bate-papo, troca de vídeos e imagens, além de permitir compras em tempo real. Os pais precisam saber minimamente se os jogos que seus filhos escolhem permitem esse tipo de interação e alertar para possíveis situações de risco no contato com desconhecidos. É sempre bom observar se o cartão de crédito está configurado no equipamento utilizado para os jogos para evitar sustos na hora da fatura. Sem mesmo saber, as crianças podem estar comprando jogos ou “poderes” com o cartão cadastrado no celular, tablet ou console que permite o game online.
Abaixo, especialistas dão dicas para os adultos ajudarem as crianças a fazerem um uso positivo dos games:
– Supervisionar o uso
Muitos psicólogos e pedagogos concordam que o papel dos pais deve ser de constante acompanhamento, observando os hábitos da criança, os tipos de jogos utilizados e delimitando horários diários para o uso. Para isso, uma boa estratégia é combinar limites de horário e de locais, evitando, por exemplo, o uso dos dispositivos durante as refeições ou na cama antes de dormir. Com a popularização do uso de internet nos celulares e tablets, está cada vez mais difícil para os pais acompanharem esse uso rotineiro pela criança. Uma saída é manter sempre um diálogo aberto sobre o que os filhos fazem online.
– Negociar limites através de um acordo
Para os pais com filhos vidrados em tecnologia, a ideia é trabalhar com limites, dosando o tempo entre os jogos e a realização de outras atividades. A psicóloga e psicopedagoga Elizabeth Monteiro acredita que os pais precisam fazer um acordo com os filhos sobre o tempo e local de uso. “É importante perguntar qual o melhor horário para ele jogar. Geralmente é quando os amigos dele também estão on-line. Se o horário for muito tarde e os pais não concordarem, é preciso negociar até ficar bom para os dois lados. O que é feito de acordo funciona, só não funciona a imposição”, acredita.
Os limites combinados na família podem ser registrados em algum local visível da casa para que todos reconheçam as regras e eventuais advertências combinadas quando o acordo é desrespeitado.
– Demonstrar interesse pela atividade do filho
Para Tiago J. B. Eugênio, professor de pós-graduação em Neuroeducação da Rede Capacitar, os adultos precisam se interessar pelo universo dos mais jovens. “Eu acho muito bacana quando você empodera a criança. Você pedir para que ela te ensine a jogar, para que ela te conte como resolveu determinado problema e como ela passou de nível. Isso tudo é muito saudável”, orienta Tiago.
Além de agradar as crianças com esse momento de lazer conjunto, os pais podem não apenas conhecer mais sobre o jogo que os filhos usam, mas também aproveitar para comentar e avaliar em termos de referências de comportamento.
– Dar o exemplo
Para conseguir fazer com que as crianças não se excedam no uso dos jogos é importante os adultos darem o exemplo. “Na hora da refeição, por exemplo, não se deve usar o celular”, aconselha a psicóloga Elizabeth Monteiro. Outra medida sugerida é estimular brincadeiras sem uso das tecnologias envolvendo a família toda. Relembrar com os filhos as brincadeiras de infância dos pais, jogos coletivos ou esportes que envolvam todos são pequenas atitudes que podem ter um ótimo efeito. Nos passeios em família, vale prestar atenção para evitar que os próprios pais não fiquem o tempo todo consultando os celulares, o que é um péssimo exemplo e desvaloriza as regras estabelecidas.
Parabéns pelo site gostei muito. 😉
Obrigado, Maria! 🙂