Ao mesmo tempo em que as criptomoedas são consideradas por muitos como o futuro do sistema financeiro, com destaque aos Bitcoins, cresce uma preocupação entre os especialistas, governos e ambientalistas: o seu impacto ambiental.
De acordo com o Relatório da Economia Digital de 2024, a mineração de criptomoedas consome grandes quantidades de minerais, energia e a água, sendo um dos responsáveis pelo aumento da emissão de gases de efeito estufa e poluição na atualidade. Diante desse cenário, surge o conceito de blockchain verde, uma abordagem que busca unir a inovação tecnológica ao compromisso com a sustentabilidade.
Mas será que ela é realmente uma alternativa viável para o futuro do Bitcoin? Continue a leitura deste artigo e veja com a gente:
- Como blockchain verde funciona;
- O que é mineração de dados;
- Pegada ambiental da mineração de criptoativos;
- Como blockachain verde pode impactar mudanças climáticas.
Boa leitura!
Blockchain verde e revolução do consumo de energia de criptomoeda

O termo blockchain verde refere-se a redes e aplicações desenvolvidas com objetivo de reduzir o impacto ambiental das transações e da mineração de criptomoedas. Nesse sentido, as principais soluções adotadas pelo mercado com as tecnologias blockchain têm sido:
- A eficiência energética, a partir da utilização de fontes renováveis;
- Migração para mecanismos de validação mais eficientes, como o Proof-of-Stake (PoS);
- Rastreamento, compensação e redução de emissão de carbono.
Exemplos de blockchains que nasceram com foco em sustentabilidade são a Solana, que apresenta um dos menores consumo, estimado em 0,166 Wh por transação, e o Algorand, uma plataforma blockchain de alta performance, que opera com emissão de carbono negativa.
Entendendo a mineração de criptomoedas e seu consumo de energia
Para compreender como a blockchain verde pode transformar o setor, é preciso entender, primeiramente, o funcionamento da mineração de criptomoedas e por que ela consome tanta energia. Confira abaixo:
O que é “Proof-of-Work” (PoW)?
As criptomoedas, como o Bitcoin, são geradas através do processo chamado de mineração. Nesse processo, “mineradores” usam computadores sofisticados para ter a chance de conseguir criptomoedas. Para tal, eles precisam resolver problemas matemáticos muito complexos por meio do procedimento conhecido como Proof-of-Work (prova de trabalho).
Esse método é muito utilizado porque, além de garantir a proteção das transações, tal procedimento possibilita também que novas moedas sejam geradas.
Por que o Bitcoin consome tanta energia?
O consumo excessivo de energia do Bitcoin está diretamente relacionado aos complexos níveis de computação necessários para a mineração de criptomoedas. Esse processo exige computadores de alta performance, que funcionam no limite de sua capacidade e consomem grandes quantidades de eletricidade — muitas vezes provenientes de fontes fósseis, a depender da matriz energética do lugar em que a pessoa está minerando, aumentando a pegada de carbono das criptomoedas.
De acordo com a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA), o consumo de energia elétrica no país, em 2024, relacionado à mineração de criptomoedas, variava entre 0,6% a 2,3% do total. Esse percentual, além de corresponder ao consumo de energia de três a seis milhões de residências, ultrapassa a demanda energética de diversos países.
O dilema energético: o volume e a descentralização

O dilema do Bitcoin reside, justamente, na tensão entre a sua natureza descentralizada, que garante segurança e resistência à censura, e o consumo necessário de energia para realizar a mineração de criptomoedas através do processo intensivo do Proof-of-Work.
Desse modo, a grande questão gerada a partir desse dilema é: de que forma é possível manter a segurança e descentralização das criptomoedas, sem que isso se torne um problema ambiental insustentável?
Qual é a pegada de carbono da mineração de criptoativos?
Segundo o International Monetary Fund (IMF), uma transação de Bitcoin demanda, aproximadamente, a mesma quantidade de energia elétrica consumida em três anos por uma pessoa que mora em Gana ou no Paquistão. Isso representa, junto aos data centers, 2% da demanda mundial de eletricidade. Esse impacto climático coloca pressão sobre governos e empresas para repensar a forma como as criptos operam.
Onde a mineração acontece e por que isso importa?
A mineração de criptomoedas acontece em fazendas equipadas com computadores de alta performance que são utilizados para realizar esse tipo de operação. Geralmente, essas fazendas estão localizadas em lugares onde o acesso à energia elétrica é barata e o clima é frio, pois isso contribui para manter os custos de operação mais baratos e ajuda a evitar o superaquecimento dos computadores.
O aumento do consumo de energia nestes lugares faz com que a produção aumente, para suprir todos os cidadãos. Por isso que é que a mineração pode fazer com que aumente tanto o consumo de energia, porque a depender disso, é preciso suprir com outras matrizes (nem sempre tão limpas).
Problemas ambientais da mineração de criptomoedas
De forma resumida, alguns problemas podem ser agravados por causa da grande demanda de energia que é necessária para a mineração de Bitcoin. Dentre elas, temos:
Consumo de eletricidade e emissões de gases de efeito estufa
Além da demanda energética, a mineração de criptomoedas, como a bitcoin, contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, agravando o aquecimento global. Em países onde a matriz elétrica é fortemente dependente do carvão ou do gás natural, o problema se intensifica.
A estimativa, de acordo com um estudo realizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), é de que a mineração de criptomoedas venha gerar, até 2027, cerca de 0,7% das emissões globais de dióxido de carbono.
Lixo eletrônico (e-waste)
Outro ponto pouco discutido é o lixo eletrônico gerado pela mineração. Os equipamentos ASICs têm vida útil curta, muitas vezes duram entre 1 a 2 anos, e não são facilmente reaproveitados para outras finalidades. Do mesmo modo, o seu descarte é complicado, já que a queima e a disposição em aterros sanitários podem vir a contaminar o solo, a água e o ar, além de expor pessoas a substâncias nocivas.
Como o blockchain verde impacta as mudanças climáticas?

O blockchain verde surge como uma resposta urgente ao desafio ambiental representado pelo Bitcoin e outras criptomoedas baseadas em Proof-of-Work.
Isso porque, ao adotar fontes de energia renovável e modelos de consenso menos intensivos, o blockchain verde pode reduzir significativamente o impacto climático das criptomoedas. Além disso, algumas redes exploram compensações de carbono, investindo em reflorestamento ou compra de créditos de carbono para neutralizar suas emissões.
Embora a tecnologia blockchain tenha potencial transformador em áreas como finanças, logística e contratos inteligentes, é fundamental repensar o modelo de mineração para que ele seja compatível com os objetivos globais de redução das emissões de carbono.
A migração para protocolos mais eficientes, o uso de energia limpa e o reaproveitamento de equipamentos são passos essenciais para que o setor avance de forma sustentável. O futuro das criptomoedas dependerá não apenas de sua adoção pelo mercado, mas também da capacidade de conciliar inovação e preservação ambiental.
Se a blockchain verde se consolidar, será possível imaginar um cenário em que as criptos mantenham sua relevância econômica sem comprometer o planeta. Assim, transformando a revolução digital também em uma revolução ecológica. E se quiser acompanhar mais dicas de como a tecnologia pode auxiliar com um mundo melhor, então é só acompanhar a gente aqui no Dialogando!
Até a próxima!