Dados do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU indicam que 925 milhões de pessoas ainda passam fome em todo o mundo – ou um em cada sete habitantes deste planeta. Como consequência, a falta de alimentação adequada causa mais mortes do que a AIDS, a malária e a tuberculose juntas. E o que é mais chocante: custa R$ 1,80 fornecer a uma criança faminta uma porção de comida que supra toda a nutrição que ela necessita em um dia. A boa notícia é que ajudar está mais fácil do que nunca, basta escolher um aplicativo e baixar no celular.
O próprio PMA dá o caminho para quem quiser doar aquele R$ 1,80 por refeição com o ShareTheMeal, disponível para IOS e Android. O aplicativo já atingiu 850 mil usuários que doaram 21 milhões de refeições para 16 milhões de crianças. A entidade inclusive faz uma conta que mostra que, se todo mundo se engajar, a situação muda radicalmente, destacando que a proporção atual é de 20 smartphones sendo usados para cada criança passando fome.
O Charity Miles, para Android e IOS, estimula não só a caridade mas também a vida saudável: o aplicativo rastreia a distância que o usuário caminha ou corre e doa 25 centavos de dólar por milha – equivalente a 1,6 km – para as causas que escolher, entre elas o combate à fome. Quem prefere pedalar, doa 10 centavos de dólar a cada milha.
O Brasil também tem projetos pioneiros como o Comida Invisível, para IOS e Android. O aplicativo foi criado pela advogada Daniela Leite depois de constatar quanto o desperdício de alimentosainda bons para consumo e descartados como lixo no Ceagesp – 100 toneladas por mês! Apenas porque as frutas estão maduras demais ou os legumes não tão bonitos para os compradores, ficando sem valor comercial. Por meio da geolocalização, a plataforma une doadores como bares, supermercados e outros estabelecimentos e interessados em receber a doação que estejam nas imediações.
Na mesma linha segue a solução idealizada pelo estudante de mestrado em Geografia da Universidade Federal de Roraima, Felipe Pereira de Souza, ainda em fase de desenvolvimento, com o apoio do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Primeiro brasileiro da região Norte do país a ter um projeto aceito em um programa do renomado centro de estudos e pesquisas norte-americano, Souza planeja utilizar o Big Data e a Inteligência Artificial para prever as tendências de vendas dos alimentos nos países onde a fome ainda é um grave problema social. Dessa forma, o excedente não comercializado pode ser rapidamente identificado e doado antes do vencimento, beneficiando milhares de pessoas. Agregando uma visão sustentável à iniciativa, as famílias terão algumas obrigações sociais para participar da distribuição, como manter os filhos na escola.