Tecnologia para pessoas com deficiência: o metaverso à frente dessa causa

21 de setembro de 2023

Toda inovação que projeta melhorias na dinâmica de vida das pessoas com deficiência deve ser comemorada. Desde as bengalas, que colaboram para a mobilidade de pessoas com deficiência visual e motora, até invenções mais complexas, como aquelas com aplicação robótica que já prometem reestabelecer os movimentos de pacientes que sofreram algum tipo de trauma.

Nessa seara, pesquisadores, empresas e startups estão unidos em uma grande força-tarefa para melhorar a vida de quem merece ir e vir, mas quase sempre não está incluído nas tarefas cotidianas por falta de alternativas (muitas vezes atreladas ao descaso dos poderes público e privado).

Na entrevista com Dani Falcão, CEO da Redesign For All, entendemos como as tecnologias sociais incluem a pessoa com deficiência. Mas, de lá para cá, esse universo recebeu novas doses de esperança, inclusive com o metaverso.

Hoje, 21 de setembro, marca o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A data, além de reforçar essa pauta, objetiva alertar sobre a necessidade de políticas públicas que promovam igualdade e inclusão. 

No Brasil, um estudo recente do IBGE para demonstrar a representatividade desse público, apontou que 17,3 milhões de pessoas com dois anos ou mais (8,4% da população), possuem algum tipo de deficiência.

Aqui já falamos sobre alguns mitos sobre esse grupo, o mais comum é associar deficiência com incapacidade, especialmente porque nem toda deficiência provoca limitação de capacidade e problemas de desempenho.

Um deficiente visual, por exemplo, não está impedido de ter uma vida independente, trabalhar e viver como qualquer outra pessoa, já que sua compreensão e vontade permanecem inalteradas. Por isso, não é porque uma pessoa tem uma deficiência que deve ser rotulada de incapaz, pelo contrário! Existem casos em que é justamente essa limitação que acaba desenvolvendo competências muito acima da média das demais.

Vale lembrar que existem casos de mobilidade reduzida que não são caracterizados como deficiência – ainda que a pessoa tenha dificuldade com coordenação motora, percepção e flexibilidade, essa dificuldade pode ser permanente ou temporária.

Confira!

Metaverso: a tecnologia aliada ao tratamento da pessoa com deficiência

#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma paciente com óculos de realidade virtual sendo atendida por dois profissionais da área médica em um quarto de hospital.

Quando a gente fala que o metaverso e a realidade virtual (VR) deverão virar a chave do mundo, é porque o potencial dessas inovações vai muito além do entretenimento gamer mesmo!

No ano passado, um grupo de pesquisadores do Laboratório de Neuroengenharia e Neurocognição da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em parceria com o Instituto Lucy Montoro, propôs um novo sistema e protocolo de reabilitação para pessoas com amputação transfemoral – pacientes que precisaram retirar parte do membro inferior entre a articulação do joelho e a do quadril.

O artigo científico, publicado na revista Human Neuroscience, baseou-se no controle de uma prótese virtual dentro de um ambiente de VR.

Segundo Jean Faber, professor adjunto na Unifesp, a taxa de rejeição de uso das próteses de membros inferior e superior era muito alta por motivos diversos – preços altos, fatores ergonômicos, questões estéticas, neurocognitivas, entre outros.

Nesse cenário, o grupo convocou sete voluntários com cirurgias de amputação recentes, sem experiência com próteses, e introduziu um tratamento com eletrodos que registraram as atividades da parte remanescente dos membros após a amputação cirúrgica.

Na prática, os voluntários entraram em um ambiente de realidade virtual em que se viam sentados em um local similar a uma clínica, utilizando uma prótese, enquanto os eletrodos captavam suas atividades musculares.

Com os sinais emitidos, os pesquisadores conseguiram controlar em tempo real a prótese virtual, situação que deu aos pacientes uma sensação de apropriação.

“Construímos uma veste que se adaptava a diferentes corpos e que continha minimotores nas costas, em pontos específicos. A função é gerar padrões vibratórios em sincronia com a prótese, percebendo também o movimento a partir daí e gerando um reforço positivo e fisiológico, por ter o papel de substituição de sensores da pele que perderam com o membro amputado”, explica Faber.

Muito mais que um game

A experiência proporcionou aos pacientes se adaptarem com a prótese virtual dentro de um ambiente gamificado, com resultados impressionantes.

“Criamos desafios de controle do equipamento, que foram muito bem sucedidos. Outra forma de avaliar a reação dos voluntários foi por meio do experimento da ‘ilusão da mão de borracha’, método em que a pessoa associa o objeto como se fosse sua mão e sente angústia quando ele é ameaçado”, conta.

Ao simular o comportamento dos pacientes no metaverso, os pesquisadores mediram suas respostas por meio da sudorese.

“No início da pesquisa, as respostas já indicavam ansiedade e medo da ameaça à prótese. No final, houve um aumento dessa sensação, uma clara indicação de que houve, de fato, a apropriação da prótese virtual. E isso para todos os voluntários”, comemora.

O metaverso na apropriação neurocognitiva da pessoa com deficiência

A apropriação neurocognitiva de uma prótese é um ponto-chave no processo de reabilitação e adaptação do uso de próteses.

Para entender melhor, pense que a neurociência cognitiva busca compreender como os processos cognitivos são elaborados funcionalmente pelo cérebro humano, possibilitando o desenvolvimento da aprendizagem, da linguagem e do comportamento.

Nesse cenário, o metaverso aponta como um grande aliado das pessoas com deficiência porque o que se aprende no mundo virtual pode se transferir para o mundo físico com mais facilidade.

No caso da adaptação do uso de membros protéticos, os benefícios são diversos – melhor controle da prótese, aceitação psicológica, apropriação e melhora no tratamento de questões dramáticas, como a chamada “dor fantasma”, que parece estar ocorrendo no membro amputado, mas que, na realidade, ocorre no local do membro amputado. A sensação pode levar meses ou anos para desparecer.

#PraTodosVerem: fotografia colorida de dois amigos usando óculos de realidade virtual em um parque. O rapaz de pé, à esquerda, usa uma prótese na perna esquerda. O da direita, é cadeirante.

O sistema desenvolvido pelos pesquisadores foi patenteado e agora está na fase de implementação da prótese física no processo.

Se essa boa nova encheu o seu coração de esperanças, passe este post para frente e comemore a chegada de inovações como o metaverso para as pessoas com deficiência!

Fonte: Dialogando - Tecnologia para pessoas com deficiência: o metaverso à frente dessa causa Dialogando

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