Mercado de trabalho LGBTQIAPQN+ : desafios e oportunidades

26 de junho de 2024

Você já parou para observar quantas pessoas trans atuam no seu setor? E quantos gays, lésbicas, bissexuais, queers, não binárias, intersexos e agêneros estão presentes no seu ambiente de trabalho? Ou como é o mercado de trabalho lgbtqiapqn+?

Isso porque, fruto de muito preconceito, discriminação e outras barreiras sociais, a comunidade LGBTQIAPN+ enfrenta uma série de desafios quando o assunto é construir e consolidar uma carreira profissional.  

Acompanhe o texto e saiba mais sobre as dificuldades enfrentadas por essas pessoas, as iniciativas de apoio à comunidade e a importância de promover um ambiente de diversidade e respeito dentro da sua empresa. 

Boa leitura!

Desafios do mercado de trabalho para a comunidade LGBTQIAPN+ 

A comunidade LGBTQIAPN+ — sigla que abrange pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexo, assexuais, pansexuais, não binárias e mais — faz parte de uma considerável parcela da população que sofre diariamente violências de todos os tipos. No mercado de trabalho, a realidade não é diferente. 

A maioria dessas pessoas ainda têm dificuldade em construir uma carreira profissional e, muitas vezes, quando conseguem adentrar ao mundo do trabalho formal, precisam esconder a sua identidade de gênero ou sexualidade para não sofrer represálias. 

Por isso, no mês do orgulho, ressaltamos os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho para que possamos combatê-los como sociedade. 

Mulher conta a sua experiência em um mercado de trabalho lgbtqiapn+ e fala como empresas são mais lucrativas e melhores de se trabalhar quando são assim

Discriminação e preconceito 

A pesquisa Orgulho no Trabalho, feita pelo LinkedIn em 2022, mostra que 4 a cada 10 pessoas LGBTQIAPN+ já sofreram discriminação nos ambientes de trabalho e apontam isso como uma barreira para o crescimento profissional. 

E o estudo Demitindo Preconceitos 2.0 da Santo Caos revela que, a depender de qual seja a identidade de gênero ou orientação sexual do profissional, as dificuldades tendem a ser maiores. Isso porque, dos entrevistados, 65% de colaboradores LGBTQIAPN+ disseram já terem sofrido discriminação no ambiente de trabalho. Esse número sobe para 72%, no caso de pessoas bissexuais, e 86%, quando essas são transgêneros. 

Barreiras na contratação  

Muitas vezes, os desafios são impostos para essas pessoas ainda na etapa da seleção, uma vez que muitos dos candidatos sofrem com o preconceito já no processo seletivo. 

Essa percepção é corroborada pelo fato de que muitas empresas ainda não estabeleceram metas de recrutamento ou trabalhos de capacitação para processos seletivos respeitosos e inclusivos. 

Invisibilização e desigualdade 

Um dos reflexos da LGBTfobia é a invisibilização e, sem dúvidas, a desigualdade dentro do ambiente de trabalho. É o que mostra o mapeamento do ecossistema brasileiro de Startups, de 2023, realizado pela Abstartups, a Associação Brasileira de Startups, em parceria com a empresa de consultoria Deloitte.  

O estudo aponta que 92% dos fundadores de startups se declaram heterossexuais, enquanto apenas 2,5% são homossexuais, 1,8% bissexuais e 3,8% sinalizados na categoria “outros”. Isso demonstra uma desigualdade não só da quantidade de pessoas LGBTQIAPN+ gerindo uma empresa, mas também da discrepância entre os cargos ocupados e os salários oferecidos a esses colaboradores. 

Falta de políticas inclusivas 

O mapeamento do ecossistema brasileiro de Startups também revelou outro desafio que as pessoas LGBTQIAPN+ enfrentam no contexto do mercado de trabalho: a falta de políticas inclusivas. Das empresas entrevistadas, 58,2% disseram não realizar ações nem processos seletivos voltados à promoção da diversidade

Por outro lado, algumas instituições e organizações têm se mostrado dispostas a implementar políticas de inclusão no ambiente corporativo. Apesar disso, enquanto não houver movimentos das empresas, e sem políticas de inclusão e oportunidades dignas para acessar empregos formais, a comunidade fica, muitas vezes, à mercê de condições precárias de trabalho.

Esse é o caso da população trans, uma das mais afetadas cotidianamente com a LGBTfobia. De acordo com o levantamento Diversidade, Representatividade e Percepção – Censo Multissetorial da Gestão Kairós, a participação de profissionais transexuais não chega a 1%. Esse estudo foi feito com mais de 26 mil pessoas entre 2021 e 2022.  

Oportunidades e iniciativas de apoio à comunidade  

Apesar de os desafios ainda serem muitos, existe um crescente movimento das empresas e organizações comprometidas com as pautas LGBTQIAPN+. Veja, a seguir, exemplos de marcas que têm criado oportunidades e iniciativas de apoio à comunidade: 

Vivo

No setor de telecomunicações, a Vivo foi a primeira empresa a integrar o Fórum de Empresas e Direitos LGBT+ e a aderir aos Padrões de Conduta para Empresas, enfrentando discriminação contra qualquer pessoa lgbtqiapqn+. Essas iniciativas fazem parte do movimento Livres & Iguais, da ONU. 

Além disso, a empresa também já patrocinou a Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo, e apoia peças e iniciativas culturais com artistas ligados à causa, como a peça “Cartografias Visuais para uma escrita LGBTI+” ou “A Herança”, que foram encenadas no Teatro Vivo.  

Carambola Tech 

Startup responsável pelo desenvolvimento de tecnologias de gestão e inclusão de diversidade que valorizam e promovem as diferenças e individualidades. Criadora da plataforma D.I.C.A., a Carambola Tech é a primeira plataforma PaaS de gestão da Inclusão de Diversidade na América Latina.  

Com o seu trabalho, a empresa já treinou e incluiu mais de 220 pessoas no mercado de trabalho.   

Natura 

Há 15 anos, a marca Natura oferece benefícios de saúde aos casais LGBTQIAPN+.

Além disso, inclui a orientação e a identidade de gênero em seu levantamento IDH de profissionais, garante o respeito ao nome social, promove cursos profissionalizantes em parceria com a Casa 1, para pessoas trans. Também possui um código de conduta que prevê a diversidade, realiza ações de recrutamento de pessoas LGBTQIAPN+ e promove diversas campanhas publicitárias sobre o tema. 

Lanceiros Tech 

A empresa foi fundada pelos brasileiros Fausto Vanin e Onilia Araújo (que também fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+). Ela é voltada à prototipação de negócios digitais e desenvolvimento de software e tem como objetivo garantir a inclusão de minorias, como os LGBTQIAPN+ e as pessoas pretas, no mercado de trabalho. 

Itaú Unibanco 

A empresa possui profissionais de RH capacitados para atender às demandas dos colaboradores LGBTQIAPN+, fomenta treinamentos e políticas inclusivas, valoriza projetos voltados para a temática da diversidade sexual e de gênero – em parceria com a consultoria Mais Diversidade. 

Grupo Pão de Açúcar 

O grupo firmou parceria com o Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIAPN+ para mobilizar ações de inclusão e diversidade no ambiente corporativo. Além disso, realiza capacitações profissionais com pessoas trans, gere o grupo Orgulho LGBT, promove eventos para discutir a temática e possui parceria com a Transempregos. 

Somado a isso, em parceria com a Bicha da Justiça, a empresa auxiliou na retificação de nomes de funcionários que transicionaram.  

Ambev 

A Ambev também faz parte do Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIAPN+. A empresa apoia cinco normas de conduta da ONU para garantir os direitos das pessoas LGBTQIAPN+, criou o grupo Larger, a fim de discutir práticas de inclusão à comunidade no ambiente de trabalho, e patrocina a Parada do Orgulho de São Paulo (por meio da sua marca Skol). 

Importância de ter diversidade no time  

Dentro do mercado de trabalho, abraçar as pessoas lgbtqiapn+ faz com que os lugares sejam mais acolhedores e respeitosos com todas as diferenças

A garantia de diversidade em um ambiente de trabalho, com a presença de pessoas LGBTQIAPN+ nas empresas, traz uma série de benefícios para as organizações, como é visto em empresas que adotam essas políticas, como: 

  • Espaço mais inovador.
  • Ambiente mais produtivo. 
  • Maior comprometimento dos funcionários.
  • Mais representatividade na empresa.
  • Maior adesão do público à marca – já que os consumidores estão cada vez mais atentos às empresas que atuam com o compromisso com a responsabilidade social. 
  • Promoção de novas visões e referências dentro da organização.
  • Compartilhamento de diferentes perspectivas entre os profissionais. 
  • Aumento do lucro da empresa – estima-se que companhias que adotam políticas de diversidade e inclusão sejam mais lucrativas. 

Gostou do nosso conteúdo? Continue com a gente e veja quais são os Youtubers que apoiam a causa LGBTQIAPN+! E também: que a maior lição após essa discussão sobre o mercado de trabalho lgbtqiapqn+ tenha mostrado que você também é uma peça fundamental para fazer do mundo — e o ambiente de trabalho — um lugar melhor. 

Até a próxima! 

https://youtu.be/QOwX30ZNV0c
Com o convidado Gustavo Glasser: CEO da Carambola
Fonte: Dialogando - Mercado de trabalho LGBTQIAPQN+ : desafios e oportunidades Dialogando

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Comentário(s)

  • É animador saber o que grandes empresas têm feito em prol da Diversidade e, tudo indica, que o resultado disso é benéfico para todos. Para quem tem interesse no tema diversidade como eu vai amar de ler ou ouvir, meu caso pelo aplicativo Ubook Plus, o livro “Diversidade O poder da inclusão” da Sheree Atcheson, vice-presidente do Grupo de Diversidade e Inclusão da Valtech. Desejo igualdade e prosperidade para todos nós \o/ S2

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