Muitos artistas que bombam nos teatros, nas rádios e na internet, com milhões de reproduções de uma nova música, por exemplo, venceram uma série de barreiras para alcançar os caminhos do sucesso.
Por trás de suas produções, contam com um time inteiro lhes dando suporte: de assessores de imprensa a produtores, figurinistas e marqueteiros.
Esses artistas são absolutamente necessários. Movimentam o mercado do showbiz e fazem a roda da economia cultural girar, aquecendo todo o mercado de eventos que, em sua cadeia produtiva, emprega trabalhadores do setor da hospedagem, infraestrutura, operação turística, gastronomia, limpeza e segurança.
Mas quando a pauta são os artistas independentes, o buraco é mais embaixo. O termo contempla profissionais que contam apenas com os próprios recursos para botar suas artes “na rua”. Caso dos músicos sem vínculo com nenhum selo ou gravadora musical, que muitas vezes investem em composições menos popularescas que aquelas consumidas pelo grande público.
O problema é que essa independência pode ser sinônimo de uma carreira pautada pela insegurança e muitos momentos de perrengue. Por isso, esse grupo depende muito das leis de incentivo à cultura.
Perceba os números de um levantamento recente promovido pela Fundação Getúlio Vargas para o Estado de São Paulo, que mediu o impacto econômico dos programas de fomento à cultura e à economia criativa federal e estaduais.
No biênio 2020/2021, a Lei Aldir Blanc (federal), o ProAC (estadual) e o Juntos Pela Cultura (estadual) movimentaram 688,8 milhões de reais. Desse montante, 413,6 milhões de reais foram gerados de forma direta e 275,2 milhões, de forma indireta. O período gerou mais de 9 mil postos de trabalho e 110,8 milhões de reais em tributos federais, estaduais e municipais.
Mas você sabe como conseguir um pedaço da fatia das leis de incentivo à cultura e quais os maiores entraves e gargalos na formatação de projetos?
Para responder a essa e outras perguntas, o #TemConversaPraTudo convidou Mariana França, Produtora audiovisual e Gerente de Incentivo à Criação Artística da Prefeitura de Santo André. A entusiasta da cultura produziu recentemente o Bonita,
um dos documentários mais sensíveis a que assistimos nos últimos tempos sobre as mulheres pretas. Assista ao trailer e acompanhe a jornada de exibições nacionais e internacionais do Bonita na página do Facebook.
Sobre a convidada
Tudo começou há quase 20 anos, nas artes cênicas e no circo. Quando ela nem imaginava que um dia dirigiria Clausura, documentário vencedor do XVII Encontros de Cinema de Viana do Castelo, em Portugal, em duas categorias: Prêmio PrimeirOlhar e PrimeirOlhar Cineclubes.
Mas o mundo dos festivais ela conhece bem. Suas produções passaram por outros tantos, dentro e fora do país.
Hoje, aos 34 anos, além de gestora cultural do setor público, pesquisa as possibilidades do teatro digital com a Cia. Os Satyros e, em paralelo com o Bonita, vem somando esforços para produzir Sãobercirco, documentário que conta a história do movimento circense de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Mas Mariana não abre mão de atuar de jeito nenhum. No ano passado compôs o elenco de A arte de encarar o medo, peça que já teve duas adaptações internacionais. Em 2021, esteve em cartaz com o espetáculo digital As Mariposas e em Toshanisha – The new normals, uma parceria entre a Cia. Os Satyros e o The Bold Theatre, do Quênia.
Então, apenas dê o play e entenda com quem manja de leis no setor cultural de verdade!