Os procedimentos que envolvem a transição de gênero evoluíram conforme a medicina foi avançando em tecnologia. Hoje, existem diversos procedimentos que podem ser feitos e que permitem que as pessoas trans possam ter uma vida cada vez mais plena e segura.
Seja por meio da hormonização, das diversas possibilidades de cirurgias ou até engravidando. Esses avanços representam duas demandas importantes da comunidade: inclusão social e pertencimento.
Veja o que já é possível nos procedimentos de transição de gênero!
Tipos de cirurgia
O corpo é algo importante na vivência de uma pessoa trans. Olhar-se no espelho e não se enxergar da forma como se sente é uma questão que mexe com a autoestima e a saúde emocional dessa população. Afinal, estar de acordo com o seu gênero é afirmar sua identidade e sua autoaceitação, além de garantir a visibilidade na sociedade.
Fora isso, um corpo trans pode enfrentar diversos problemas e constrangimentos em uma sociedade que tem a aparência física como um grande marcador de gênero. Se João nasceu com um corpo feminino, é provável que outras pessoas não respeitem sua identidade e o chamem de Joana. Esse tipo de situação afasta as pessoas trans de diversos ambientes e dificulta sua vida social.
Por isso as cirurgias são uma forma de garantir que João possa se sentir bem com o próprio corpo e garantir que seja tratado no masculino. Isso vale para todos os corpos que não se alinham com o gênero do nascimento. Dessa forma, existem ao todo 7 tipos de cirurgia que podem ser feitos de acordo com a necessidade da pessoa:
Redesignação sexual
Essa cirurgia tem como objetivo a construção de uma vagina a partir da remoção dos testículos e redesenho do canal vaginal.
Mastectomia masculinizadora
Essa não é uma mastectomia como ocorre no caso de mulheres cis. O procedimento aqui visa não só a remoção do seio feminino como a readequação da posição da auréola, que nos corpos masculinos não ficam centralizadas.
Mamoplastia de aumento
Essa é a cirurgia que tem como objetivo redesenhar o seio masculino com auxílio de silicone para que fique como um seio feminino.
Histerectomia
Essa é a remoção do útero e dos ovários, algo importante para homens trans que não planejam engravidar.
Tireoplastia
Esse procedimento aumenta a tensão das cordas vocais, tornando a voz o indivíduo mais aguda e fina. Ela pode ser realizada junto da raspagem do pomo de adão, para deixá-lo menos visível.
Faloplastia
Essa cirurgia tem como objetivo a construção de um pênis. Os avanços atuais já permitem que o órgão seja funcional, com ocorrência de ereção.
Cirurgias complementares
Demais procedimentos que possam ajudar a pessoa trans a se identificar com seu corpo.
Adequar os hormônios
O corpo humano passa por uma série de transformações na puberdade: no corpo dos meninos, começam a surgir a barba e o bigode, a voz engrossa e os músculos e os ossos são desenhados pela testosterona; nas meninas, surgem as mamas, começam as menstruações e as curvas são desenhadas pelos hormônios femininos.
Essas transformações podem representar um problema para as pessoas trans. Ver seu corpo ganhar contornos que não se adequam ao modo como se identificam pode afetar essa população negativamente em um período de desenvolvimento emocional. Para resolver isso, hoje em dia existem dois métodos: o bloqueio da puberdade e a hormonização.
O primeiro é recomendado para crianças ou pré-adolescentes trans, sendo realizado com medicamentos que bloqueiam os hormônios de desenvolverem características corporais com as quais a pessoa não se identifica. Já o segundo, é a aplicação de hormônios relacionados ao sexo com o qual a pessoa se identifica.
Gravidez e maternidade trans já são possíveis
A construção de uma família faz parte dos projetos de muitas pessoas — isso pode incluir se casar, morar junto, ter um cachorro ou um gato e ter filhos. Quando pessoas trans planejam isso tudo hoje em dia, já é possível realizar. Com o auxílio adequado, homens trans que não removeram o útero e os ovários podem suspender o tratamento hormonal e engravidar normalmente.
Enquanto isso, mulheres trans que queiram amamentar também podem. Com o tratamento hormonal adequado, os seios podem produzir leite, tornando possível a realização desse sonho.
Transição por conta própria
Devido ao histórico de invisibilização das pautas LGBTQIAP+, a realidade de acesso a informações e aos tratamentos adequados para essa comunidade é marcada pela escassez e pela desigualdade. Uma prova disso são as pessoas trans que buscam por conta própria a hormonização ou outros procedimentos de transição de gênero.
Existem, inclusive, grupos nas redes sociais que compartilham meios de obter hormônios e medicamentos de forma inadequada. Também, nesses grupos, há troca de informações sobre dosagem ou até mesmo sobre o que fazer caso algo dê errado. Tudo sem orientação médica.
Essas práticas expõem os usuários a riscos graves de saúde. Isso porque os procedimentos de transição de gênero afetam diversos órgãos do corpo, além de poderem ter efeitos comportamentais e emocionais ativados pelos hormônios. Isso requer atenção de uma equipe médica multidisciplinar que possa auxiliar em cada âmbito da transição.
Como acessar esses procedimentos?
Todos os procedimentos relacionados à transição de gênero masculina ou feminina estão disponíveis no SUS. A pessoa interessada pode buscar a Unidade de Saúde Básica (UBS) ou o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) mais próximo de sua casa para receber as orientações adequadas e dar início à sua transição.
Para esse processo, o indivíduo conta com uma equipe multidisciplinar que vai cuidar de cada aspecto, seja do corpo ou da mente. Alguns procedimentos, inclusive, só podem ser feitos após 2 anos de acompanhamento psicológico para garantir que a pessoa trans se identifica com aquela mudança, já que cada pessoa tem uma forma de se identificar.
Viu como os avanços na tecnologia voltados para a transição de gênero têm permitido uma vida mais plena para a população trans? Deixe seu comentário sobre o que achou da matéria.
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