Como ensinar informática para deficientes visuais

20 de fevereiro de 2023

A educação digital de deficientes visuais vem ganhando força nos últimos anos, por isso, o ensino básico está cada vez mais diverso. A presença de alunos com limitações de visão é cada vez maior nas escolas regulares, ambientes que, muitas vezes, não contam com a estrutura necessária para recebê-los.

Nas palavras de especialistas, essa inclusão é absolutamente positiva para o ensino porque coloca crianças e adolescentes sem necessidades especiais frente a frente com colegas “diferentes”, promovendo espaços mais empáticos, múltiplos e humanos, capazes de acelerar o aprendizado de quem leva mais tempo para aprender, justamente por conta do convívio diverso.

Nesse cenário, muitos educadores dispensam o teclado em braille para garantir a acessibilidade de deficientes visuais na informática. Até porque o uso da ferramenta pode, muitas vezes, torná-los reféns do recurso, e o ideal é prepará-los para manusear qualquer computador, onde quer que seja.

Abaixo, vamos falar das opções em braille para esse público, mas também queremos te apresentar outros caminhos. Confira!

O braille no ensino da informática para deficientes visuais

#PraTodosVerem: fotografia colorida das mãos de um jovem, deficiênte visual, aprendendo digitação em um teclado roxo de um computador adaptado às suas necessidades, com sistema braille embutido nas teclas pretas. As células possuem seis pontos brancos, que podem ser preenchidas (ou não) de várias formas.

Os displays braille existem desde os anos 1980 nos Estados Unidos, mas no Brasil ainda são vendidos a preços impopulares. Encontramos valores que vão de R$ 15 mil a R$ 25 mil e muitos modelos indisponíveis para venda no mercado. O aprendizado da ferramenta requer um treinamento especial, o que dificulta ainda mais seu acesso.

O equipamento converte textos em tempo real para o braille e pode ser usado em computadores de mesa, notebooks, tablets e celulares. Funciona com o auxílio de softwares leitores de telas instalados no computador.

As informações da tela normalmente são levadas para um teclado em braille, onde os pontinhos vão se formando no dispositivo, permitindo a leitura.

Outro recurso para aumentar as possibilidades desse público no universo da informática são as impressoras braile, dispositivos que usam o sistema para gerar material impresso que permite a leitura por meio do toque dos dedos.

A ferramenta faz parte das tecnologias assistivas, mas seus valores também são salgados para o cidadão comum: é possível encontrá-las entre R$ 24 mil e R$ 39 mil.

Outros caminhos para a acessibilidade na informática para o deficiente visual

Saindo do terreno dos altos valores, agora a gente traz os meios gratuitos mais recomendados por especialistas para promover a inclusão na informática dos deficientes visuais.

  • Já ouviu falar do sistema Dosvox?

O programa, desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), usa linguagem amigável com síntese de voz que permite o uso do computador com maior independência para escrever, enviar e ler e-mails, livros, jogar, fazer cálculos, pesquisas…

Ao baixar a plataforma, de fácil instalação, você vai ver que o sistema será iniciado e o seu computador será ligado normalmente.

Os sons característicos da entrada do Windows são importantes para que o deficiente visual saiba quando é possível começar a executar o Dosvox. O acionamento é feito apertando as teclas “ctrl + alt + d”, sendo então sintetizada a frase “Dosvox – O que você deseja?”, que será ouvida sempre que o sistema necessitar de uma nova informação.

Ao pressionar F1, o “menu principal” será apresentado ao mesmo tempo que sonorizado. Na tela inicial aparecerão também informações sobre como adquirir ou obter ajuda do Dosvox.

O teste de teclado é importante, principalmente para o usuário iniciante em computadores. Seu objetivo é proporcionar o reconhecimento da posição das teclas alfanuméricas e com funções especiais, facilitando o aprendizado quanto aos demais aplicativos do sistema.

Ao pressionar a tecla ESC o teste terminará, e novamente será ouvida a pergunta ” Dosvox – O que você deseja”? Vale ressaltar que o pleno domínio do teclado é imprescindível para o deficiente visual, uma vez que a manipulação do mouse está descartada.

Para manipular arquivos é necessário pressionar a letra ‘A’ após a pergunta ” Dosvox – O que você deseja”? A partir daí, o sistema informa o número de arquivos dos diretórios e ajuda o usuário a escolher os que quer.

  • Programa NVDA

NVDA (sigla para Non Visual Desktop Access, ou desktop de acesso não visual) é uma plataforma para a leitura de tela, um programa em código aberto que vai “ler” o Windows para facilitar a inclusão digital de deficientes visuais. 

Baixe em seu computador e aguarde ouvir um som ascendente, que sinaliza que o NVDA está rodando. O processo terá sido concluído ao ouvir a frase “NVDA started” ou NVDA iniciou.

Se você não escutar nada disso, ou escutar um som de erro do Windows, isto significa que o NVDA tem um erro, e você terá provavelmente que reportá-lo aos desenvolvedores.

Do contrário, quando o programa iniciar pela primeira vez, você será recebido com uma caixa de diálogo contendo algumas informações básicas sobre as teclas modificadoras e o menu.

A maneira mais comum de navegar pelo Windows com o NVDA é usar comandos normais do teclado, como o Tab e o Shift Tab para se mover para frente e para trás entre controles; pressionando Alt para ir para a barra de menu; e o Alt+Tab para manusear aplicativos. Conforme você usa os comandos, o NVDA anuncia o que está em foco.

O recurso conta com a utilização do mouse e o programa reporta o texto que está diretamente abaixo do ponteiro do mouse quando você o move.

A plataforma pode ser configurada para anunciar o tipo de controle ou objeto que está abaixo do mouse quando este se move (lista, botão etc.). Esta opção pode ser útil para pessoas com deficiência visual total, já que, algumas vezes, o texto pode não ser suficiente.

O NVDA proporciona uma maneira de os usuários entenderem onde o mouse está em função das dimensões da tela, mostrando as coordenadas através de bips. Quanto mais alto o mouse estiver na tela, mais alto será o tom do bip. Quanto mais à esquerda ou à direita estiver, o som parecerá sair mais da esquerda ou da direita, respectivamente – o recurso fica disponível para usuários conectados com caixas de som.

#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma criança, deficiente visual, sentada de frente para um notebook, concentrada. Ela usa óculos e veste uma camiseta lilás.

O braille inegavelmente tem colaborações expressivas na vida dos deficientes visuais, mas acaba sendo um caminho complexo nos ambientes escolares e corporativos, especialmente para anotações.

Por isso, o NVDA e o Dosvox são boas alternativas. É mais fácil e acessível instalá-los onde a pessoa usuária estiver do que ter que comprar um teclado braille e transportá-lo sempre que necessário.

Porque conforto é o que queremos, e as inovações tecnológicas já são capazes de proporcionar espaços mais inclusivos para todas e todos, sem grandes esforços!

Conhece outra ferramenta gratuita também poderosa para a autonomia de quem tem limitações visuais?

Conte para a gente nos comentários!

Fonte: Dialogando - Como ensinar informática para deficientes visuais Dialogando

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