Inclusão Digital de Refugiados no Brasil

19 de dezembro de 2023

As noções brasileiras sobre raça são desesperadoras. Na avaliação de uma pessoa russa que já visitou nosso país, por exemplo, não há pessoas brancas. A afirmação faz sentido, afinal, falamos de povos nascidos nos eixos mais nórdicos, em locais onde houve pequena ou quase nenhuma miscigenação.

Mas, por aqui, há todos os níveis de distinção e, infelizmente, discriminação. Claro que quem não escapa da mira do ódio são pessoas em estado de extrema vulnerabilidade, caso dos refugiados no Brasil, grupo cada vez mais alvo da vergonhosa prática de xenofobia off e online.

Entenda, mais abaixo, o cenário on, mas, antes, saiba em que pé estamos quando a pauta é a intolerância.

Adiantamos que o que você vai ler daqui para frente é desgastante, mas, antes de tudo, absolutamente vergonhoso para uma nação de características únicas justamente por abrigar tantas cores, ritmos e sabores, diversidade que nos torna um dos povos mais criativos e interessantes do planeta.

Entenda.

Refugiados no Brasil – país nazista?

#PraTodosVerem: fotografia coloria de um voluntário conversando com uma mulher refugiada enquanto usa o laptop em um abrigo para refugiados.

Algumas vezes, a gente pensa que está avançando nas pautas dos Direitos Humanos, mas em muitas outras, o que se vê é um grande retrocesso.

Grupos com ideais inspirados no nazismo vêm aparecendo no país por todas as partes, mas antes de entrar nesse eixo, vamos rever a origem desse movimento frustrante.

O nazismo prega a extinção de todos os povos e indivíduos que possam “contaminar” a tal pureza ariana – conceito de raça surgido no século 19 associado às pessoas com “traços faciais definidos, queixo forte e linhas faciais proeminentes e visíveis”.

Para muita gente, essas classificações poderiam representar qualquer pessoa, mas para os difusores do nazismo, a classificação cabia apenas aos indivíduos de origem étnica caucasiana: cabelo claro, loiro e espectro de olhos azuis a verdes, características comuns aos povos nórdicos.

Essa ideologia foi posta em prática por Adolf Hitler nas décadas de 1930 e 1940, como política de Estado na Alemanha e nos países invadidos pelo ditador, que escolheu suas vítimas – judeus, negros, gays, pessoas com deficiência física ou mental, ciganos, comunistas e testemunhas de Jeová.

No final, foi tão complexo para os próprios nazistas entenderem quem pertencia a essa tal raça ariana, que o conceito foi mudando, já que muitos judeus podiam ser classificados como arianos e muitos alemães não podiam ser classificados como tal devido às características genéticas mencionadas acima.

Por isso, no decorrer do governo nazista, o termo foi substituído por outros, mas na atualidade, grupos de supremacistas brancos ainda adotam essa ideia, convenhamos, estúpida por demais.

No todo, nossa preocupação é que no Brasil, grupos simpáticos a esse discurso vêm se popularizando e, vale lembrar que a apologia ao nazismo, o uso de seus símbolos, emblemas e qualquer propaganda desse regime são crimes previstos por lei.

Segundo dados do levantamento da antropóloga Adriana Dias, que investiga o tema desde 2002, hoje há pelo menos 530 núcleos extremistas de teor neonazista no país, universo que pode chegar a 10 mil membros.

Confira no gráfico como dispararam, desde 2019, as apurações abertas pela Polícia Federal nas investigações de apologia ao nazismo.

Os dados representam um crescimento de 270,6% de janeiro de 2019 a maio de 2021, e o levantamento de Adriana dá conta de que a problemática não tem mais “exclusividade” territorial – os núcleos nazistas se concentravam na região Sul, mas agora já se espalharam para as cinco regiões do país.

Nesse cenário, queremos chamar a atenção para os…

Refugiados no Brasil: a violência online

O Brasil está em sétimo lugar no ranking sobre nazismo na internet e o dado é de uma instituição seríssima, parceira da Vivo: a SaferNet Brasil, organização não governamental que atua no mapeamento de denúncias anônimas de crimes e violações contra os direitos humanos na internet.

A entidade localizou 2.516 páginas (hospedadas em 666 domínios) em 2020, apuração que constatou que as denúncias de xenofobia nas redes cresceram 874% em 2022 em comparação ao ano anterior.

Entenda essa triste evolução e as principais plataformas onde aconteceram esses crimes.

*Fonte: SaferNet / Ministério Público Federal / Polícia Federal / Senado Federal / INHOPE.

Passamos pelo contexto da ascensão de grupos neonazistas e trouxemos o centro da nossa pauta para cá para que você entenda a complexidade desse tema.

Todo mundo que não gosta de estrangeiros é nazista?

Não necessariamente. Mas uma coisa é certa: invariavelmente essas pessoas já estão agindo com simpatia ao nazismo.

A importância da inclusão digital de refugiados no Brasil e no mundo

#PraTodosVerem: fotografia de uma jovem com características do povos da Bolívia usando um celular ao ar livre.

Na esteira dos crimes cometidos contra refugiados no Brasil, queremos reforçar os motivos pelos quais essa pauta não pode ser encarada como um fator opcional, mas humanitário.

Por aqui, foi aprovada, no ano passado, a PEC 47/2021, que acrescenta a inclusão digital entre os direitos e garantias fundamentais a brasileiros e estrangeiros residentes no país.

A matéria, apresentada pela então senadora Simone Tebet (MDB-MS) e relatada pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), ainda reforça a necessidade de expansão da infraestrutura de comunicação, além dos incentivos econômicos para a redução do preço do serviço e de dispositivos de acesso, como computadores e celulares.

Tudo isso porque, como sempre falamos por aqui: incluir digitalmente significa capacitar as pessoas para a análise dos conteúdos disponíveis na rede, contribuindo para que formem opiniões consistentes, de maneira crítica, o que é essencial para o exercício da cidadania.

Mas por trás dessa pauta há muitos outros pontos em defesa de quem abandona o próprio país e encara uma nova vida em nações muitas vezes absolutamente distintas de seus lugares de origem:

Acesso à informação: a inclusão digital proporciona aos refugiados acesso a informações essenciais, como notícias locais, serviços governamentais, oportunidades de emprego, cuidados de saúde e educação. Isso é vital para tomar decisões informadas e melhorar a qualidade de vida.Comunicação e conexão:

facilitam a comunicação entre refugiados, suas famílias e amigos que podem estar dispersos pelo mundo. Isso ajuda a manter laços sociais e emocionais, reduzindo o isolamento e proporcionando um senso de pertencimento.

Educação e desenvolvimento de habilidades: a democratização dos acessos virtuais oferece oportunidades para que as pessoas refugiadas adquiram habilidades educacionais e profissionais – cursos online, treinamentos e recursos que ajudam na capacitação para o emprego e na promoção do desenvolvimento pessoal.Oportunidades de emprego:

a familiaridade com ferramentas digitais é muitas vezes uma habilidade fundamental no mercado de trabalho atual. Ao fornecer essas habilidades aos refugiados, cria-se a possibilidade de participação ativa na economia local, promovendo a autonomia financeira e a independência.

Empoderamento econômico: pode facilitar o empreendedorismo, permitindo que iniciem negócios, promovam produtos e serviços online e acessem mercados globais, gerando fontes de renda sustentáveis.Integração social e cultural:

pode ajudá-los a se integrarem às populações locais, colaborando para que compreendam e participem de eventos culturais, atividades comunitárias e interações sociais on e offline.

Acesso a serviços básicos: pode simplificar o acesso a serviços essenciais, como bancários, de saúde e governamentais, tornando a dinâmica de suas vidas mais descomplicada e confortável.Advocacia e conscientização:

a inclusão digital de refugiados também possibilita que possam compartilhar suas histórias, desafios e necessidades por meio das plataformas. Isso pode elevar os níveis de conscientização sobre questões relacionadas ao grupo, promovendo, consequentemente, a compreensão e a empatia de toda a sociedade.

#PraTodosVerem: fotografia de um homem africano falando ao celular em frente a um comércio.

A Vivo acredita que a revolução tecnológica deve ser parte da vida de todas e todos, não um privilégio de poucos. Queremos que as oportunidades que o mundo digital oferece sejam universais, contribuindo como uma força positiva para a transformação individual das empresas e da sociedade.

Porque assegurar a efetiva participação de toda e qualquer pessoa em nossa sociedade é estender o pleno princípio da dignidade humana.

Mas e você? Que importância dá para esse tema, hein?

Conte nos comentários!

Fonte: Dialogando - Inclusão Digital de Refugiados no Brasil Dialogando

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