Moda e tecnologia: por acervos mais sustentáveis

28 de março de 2022

O mundo da moda sempre foi alvo de muitas críticas.

Ativistas pela aceitação dos corpos põem na conta do setor as frustrações carregadas por muitas mulheres por não terem o “corpo perfeito”. Justo. Afinal, as relações do universo fashion sempre ditaram padrões estéticos muito aquém da realidade desenhada na genética da maioria dos habitantes do planeta.

Mas o estágio coletivo de consciência vem mudando. De poucos anos para cá, fashionistas passaram a incluir nas passarelas e revistas – ainda que de forma tímida – mulheres com ou sem as dobrinhas que muita gente ainda luta para perder nas academias.

O estímulo às compras, que nem sempre precisamos quando já temos mais de 5, 6 ou 10 pares de calçados, também jogou luz a novos debates acerca da sustentabilidade. E que bom! Porque os números impressionam. 

Moda e tecnologia em missão pela sustentabilidade

#PraTodosVerem: um retrato colorido, que mostra, de costas, uma designer têxtil, vestindo uma camisa social listrada nas cores azul e branco, uma fita métrica amarela está sobre seus ombros, com seu cabelo preso em formato de coque. Ela está escolhendo tecidos a partir de pilha de rolos que estão posicionados em uma prateleira.

Estima-se que a indústria da moda seja a segunda maior consumidora de água, segundo a Global Fashion Agenda (1,5 trilhão de litros por ano). E isso porque para produzir as peças em ritmo tão acelerado, as empresas consomem muito mais recursos naturais e insumos químicos para a fabricação de roupas.

Essa dinâmica, que prevalece no ramo, é conhecida por fast fashion, e se baseia na oferta constante de produtos de tendência a preços muito baixos.

Números atualizados da Fundação Ellen McArthur – organização estabelecida em 2010 com a missão de acelerar a transição rumo à economia regenerativa e restaurativa – dão conta de que a produção de roupas dobrou nos últimos 15 anos.

73% dos resíduos têxteis do setor são queimados ou têm seu fim nos aterros sanitários. Apenas 12% são reciclados, quase sempre triturados para o enchimento de colchões. Neste cenário, menos de 1% dos resíduos são utilizados para a fabricação de novas roupas. 

No entanto, consumidores cobram a adoção de novas culturas, reivindicação que já vem surtindo alguns efeitos.

Nova consciência

#PraTodosVerem: um homem vestindo uma camisa social lisa na cor branca, que possui um bolso no lado esquerdo do peito, ele está usando uma gravata que, na verdade, é uma planta com folhagens verdes, uma mão está no colarinho e a outra na parte da ponta de gravata.

Os danos irreversíveis à natureza alavancados pelo modelo fast fashion, dentre outros promovidos pelo setor – tais como a degradação social em regiões distintas do planeta e o desrespeito às condições dignas de trabalho – estão na mira dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU (Organização das Nações Unidas).

Dentre as 17 metas estabelecidas no documento, o ODS 12 tem relação direta com essa pauta, pois define que os padrões de produção e de consumo sustentável com redução de produtos químicos e de resíduos devem ser assegurados até 2030. E um dos caminhos para alcançar este objetivo é unir moda e tecnologia em busca da aceleração desse processo.

Fashion desafios

#PraTodosVerem: uma imagem com o fundo preto, mostra uma mulher estendendo a mão direita para tocar um monitor de computador sensível ao toque futurista, exibindo dados. Sua mão esquerda está sobre o quadril. A mulher está usando uma regata de paetês brilhantes, seu cabelo curto possui uma franja e sua pele brilha com o reflexo da tela.

Um dos maiores desafios da moda e da indústria têxtil da atualidade vem sendo a busca por inovações que consigam transformar a cadeia e o processo de produção menos cruel com o meio ambiente.

Neste sentido, a pandemia acelerou este processo e, se a tecnologia não foi ainda a solução definitiva para a sustentabilidade, ela já colaborou para a mudança de cenário do setor.

Confira as boas novas promovidas pelas inovações tecnológicas no indesejado período pandêmico que, no final, acabou protagonizando o avanço de toda a sociedade rumo a um mundo mais sustentável.

Compras on-line

#PraTodosVerem: fotografia exibe a imagem colorida de uma mulher de cabelo curto e sorridente que acaba de abrir uma encomenda na sala de sua casa. A caixa está sobre a mesa que também apoia a tesoura utilizada para abrir a caixa e uma xícara branca. Ela está segurando sobre si um suéter laranja com a etiqueta da loja. No plano de fundo há uma estante de livros e na parede, dois quadros, um pendurado e o segundo, apoiado sobre um piano preto.

Até quem tinha receio de transacionar valores pela internet cedeu ao e-commerce com a chegada do “novo mundo”.

Dezembro de 2020 registrou alta de 53,83% nas compras virtuais em relação ao mesmo período de 2019. O primeiro trimestre de 2021 acompanhou a curva positiva, com alta de 57,4% em comparação ao mesmo período de 2020. Os dados são do índice MCC-ENET.

Neste movimento, a preferência pela moda sustentável também cresceu, como mostram os dados do Google de busca pelas sessões eco friendly das plataformas digitais, além das pesquisas or termos como “moda sustentável” e correlatos.

Eventos híbridos

#PraTodosVerem: fotografia de um desfile, tirada de baixo para cima, com modelos em movimento, desfilando na passarela. Os modelos estão usando roupas na cor preta, branca e estampadas, calçando tênis como o All Star e salto alto.

As capitais consideradas “da moda” no mundo viram o número de visitantes de seus desfiles crescer exponencialmente ao adotarem as exibições híbridas de desfiles.

O famoso Helsinki Fashion Week da Finlândia, por exemplo, já estava na vanguarda quando lançou, em 2018, o projeto Eco Village e, na pandemia, lançou um cyberspace que deu acesso a filmes em 3D de moda, com transmissões ao vivo para o público do mundo inteiro.

Como resultado, em comparação com os desfiles físicos de sua estreia, que contou com cerca de 8.000 visitantes, o evento viu esse número crescer para 719.000 pessoas.

Diversidade

#PraTodosVerem: fotografia de uma modelo negra, plus size, maquiada com batom escuro e sombra azul, usando um penteado de dois coques, está sentada no chão com o olhar confiante, posicionada com o tronco de frente para a câmera, uma perna debaixo da outra que está dobrada formando um triângulo, seu braço direito está apoiado sobre o joelho, o esquerdo apoiado no chão. Usando uma calcinha preta e um top preto, ambas as peças são lisas sem detalhes, dando destaque às curvas do corpo feminino. O fundo da fotografia é branco e iluminado.

Moda e tecnologia também podem representar inclusão. A plataforma Digi-gxl, rede global em defesa das mulheres, trans, intersex e não binárias, manteve seu protagonismo em função das pautas por inclusão e diversidade que entram no eixo da sustentabilidade social.

A organização, especializada em design e animação 3D, ofereceu suporte gratuito, no auge da pandemia, para as comunidades citadas acima, projeto que, meses depois, valeu a entrega de uma passarela totalmente digital para a London Fashion Week, com modelos de todas as raças e gêneros.

O trabalho não parou por aí. Agora, com a criação do Instituto de Moda Digital, a Digi-gxl continua em missão pelo apoio de jovens criativos no design, a fim de fomentar a indústria sustentável por meio de novas tecnologias, com orientação e mentoria gratuitas.

Conectividade

#PraTodosVerem: retrato fotográfico que mostra em destaque uma jovem mulher ao ar livre de cabelo colorido azul e rosa, enviando uma mensagem de texto no telefone com capinha rosa e unhas pintadas de vermelho. Ela está usando um óculos de sol, batom vermelho, com touca preta e uma jaqueta preta por cima de um cropped. O fundo da fotografia é iluminado com luz natural do ambiente aberto, na lateral esquerda da imagem vemos uma casa com chaminé e, na direita, fumaça saindo de algumas torres de uma fábrica.

Um novo movimento foi iniciado a partir da junção entre moda e tecnologia que, ao longo desse período, foi definitivo para unir pessoas e colaborar para que essa indústria crie experiências mais inclusivas e sustentáveis.

Há muito a ser feito? Sem dúvida. Mas a pandemia pode ter sido um passo importante para que o setor e toda a sociedade entendam que passou da hora de olharmos para o futuro da mesma forma como nos paqueramos em frente ao espelho depois de fazer a escolha pelo look “bafônico” que nos levará para aquele evento ou festa tão esperada: com respeito.

#ParaCegoVer: o fundo da fotografia mostra uma floresta com árvores altas e folhagem verde. No centro, um pai de meia idade carregando alegremente a filha nos ombros, segurando seus pés na altura do peito, ambos estão olhando para cima. O pai está usando óculos de grau, uma camisa jeans azul por cima de uma camiseta na mesma cor e um relógio digital cinza no pulso esquerdo. A garotinha está agasalhada com um suéter roxo, com calça preta e tênis lilás.

Que não nos falte respeito e admiração pelo planeta, que nos proporciona absolutamente tudo o que precisamos sem que precisemos cometer excessos na aquisição de roupas e calçados.

Fonte: Dialogando - Moda e tecnologia: por acervos mais sustentáveis Dialogando

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