O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras – Parte 2

11 de julho de 2023

Trabalhar de dia e estudar à noite, só estudar ou só trabalhar? Quem entra em cada um desses pacotes em um país de complexidades sociais do tamanho de sua própria dimensão territorial?

Responder a essas perguntas parece mais simples após a entrega da parte 1 de O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras, levantamento que uniu a Fundação Telefônica Vivo, o Itaú Educação e Trabalho, as fundações Roberto Marinho, Arymax e a GOYN SP para entender como mover o Brasil de hoje para assegurar mais qualidade de vida para as juventudes de amanhã.

O levantamento, executado pelo Instituto Cíclica em parceria com o Instituto Veredas, traz as tendências globais de transformação do trabalho e os consequentes impactos que afetam as oportunidades de atuação de nossos jovens em diferentes carreiras nos próximos anos.

Hoje, vamos entender quais mercados deverão fornecer mais oportunidades e o que a digitalização tem a ver com tudo isso. Confira!

O lugar das juventudes no mercado de trabalho do futuro

Dados do estudo dão conta de que alguns setores se destacarão em um futuro bastante próximo em termos de crescimento econômico e oferta de postos de trabalho:

  • 37% das vagas estarão relacionadas às funções de cuidado;
  • 17% às áreas de marketing e conteúdo digital;
  • 16% à análise de dados e inteligência artificial;
  • 12% às habilidades de engenharia de computação;
  • 8% aos ramos de pessoas e cultura.

No todo, essas oportunidades fazem parte de cinco tipos de economia:

a) Economia verde: busca reduzir os riscos ambientais e a escassez ecológica.

Compreende as carreiras de produção, transformação e gestão de recursos naturais, soluções sustentáveis para infraestrutura urbana, além das profissões relacionadas à agropecuária sustentável.

b) Economia do cuidado: atividades econômicas relacionadas a alojamento, alimentação, saúde, educação, assistência social, serviços pessoais e serviços domésticos.

Compreende as carreiras de atenção e atendimento à saúde, bem-estar e de suporte doméstico familiar.

c) Economia prateada: segmento que envolve todos os produtos e serviços adquiridos por pessoas 50+.

A maior parte dos serviços está alocada nos setores da saúde, mas há oportunidades relevantes relacionadas à digitalização, à gestão financeira e à socialização para pessoas idosas.

d) Economia criativa/laranja: contempla tudo o que é desenvolvido por meio da criatividade e inspiração das pessoas e que, por fim, torna-se um bem ou serviço.

Compreende as carreiras de produção audiovisual e mídias sociais, dentre profissões da área da inovação.

e) Economia digital: atividades econômicas que usam tecnologias de computação ou produtos e serviços baseados no ambiente digital.

Compreende as carreiras de engenharia eletrônica, processamento de dados, inteligência artificial, programação e cibersegurança.

Atualmente, todas são chamadas de “economias emergentes”, pois apresentam maior potencial de crescimento nos próximos anos, em diferentes setores e com diversas possibilidades de desenvolvimento das “carreiras do futuro” – consideradas aquelas que tendem a apresentar melhores oportunidades de inclusão no mercado de trabalho.

O fantasma da automação

#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma plantação de alface com tecnologia agrícola de automação que mostra robôs fazendo a colheita.

O estudo mostra que, embora menos de 5% de todas as ocupações do mundo possam ser inteiramente automatizadas, cerca de 60% delas possuem ao menos 30% de suas atividades essenciais substituíveis por tecnologias.

Ocupações com maior probabilidade de automação são aquelas que não necessitam de muita precisão, discernimento ou subjetividade humana para serem realizadas e que quase sempre trazem níveis maiores de repetição e menor complexidade.

Trazendo para a realidade brasileira, o cenário pode se tornar bastante vulnerável: 60% dos trabalhadores se encontram em ocupações com probabilidade de automação maior que 70%.

Nesse cenário, atividades como operador de telemarketing, condutores de automóveis, vendedores de lojas físicas e agentes de seguros, dentre outras que geralmente são a porta de entrada de jovens no mundo do trabalho, poderão ter seus dias contados.

Daí a necessidade de levar formação em tecnologia para as salas de aula, já que as estimativas para os postos de trabalho que podem ser substituídos por máquinas no Brasil somam cerca de 58,1% dos empregos que podem desaparecer em um período de 10 ou 20 anos – o equivalente a 52,1 milhões de postos de trabalho.

As juventudes no contexto digital

#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma jovem adolescente concentrada na construção de um pequeno protótipo de robô com duas rodas.

Por aqui, sempre dizemos que a construção das democracias de hoje passa, invariavelmente, pelo enfrentamento não só das desigualdades sociais mas agora também das desigualdades digitais.

Considerando que o processo de digitalização está diretamente relacionado à economia digital, as relações entre digitalização e as juventudes trazem novos desafios.

No Brasil, é observada a tendência da divisão dos trabalhadores entre incluídos e excluídos digitais. Claro que aqui há um recorte claro entre as classes mais favorecidas da sociedade, que tendem a ter mais tempo de estudo, condições para se qualificar e ocupar cargos de trabalho que exigem uma qualificação maior.

Na contramão do grupo, as classes menos abastadas muitas vezes sequer têm acesso a conectividade de qualidade – 33,9 milhões de brasileiros estão desconectados e 41,8 milhões estão subconectados. Desse montante, a maioria são homens, negros, com baixa escolaridade e das classes C, D e E.

Se órgãos públicos e privados não se unirem para a aceleração do processo digital, as desigualdades entre as juventudes tendem a se aprofundar com impactos diretos no mundo do trabalho já que as populações jovens carentes enfrentarão um cenário que não lhes permitirá competir em pé de igualdade.

Recomendações

Ainda que os números trazidos no decorrer da leitura tragam dados assustadores, vale lembrar que falamos de projeções que podem virar realidade se não houver uma mudança profunda na agenda educacional de nosso país.

Por isso, o estudo, disponível aqui, na íntegra, traz recomendações em três eixos. Confira as principais:

Antecipação de demandas

  • Disseminar e consolidar o Quadro Brasileiro de Qualificações (QBQ) como instrumento balizador das políticas e ações na área da profissionalização e EPT (Educação Profissional e Tecnológica).
  • Estimular as relações entre os ambientes escolares da EPT e os espaços de trabalho, considerando empresas, órgãos públicos, organizações da sociedade civil e iniciativas juvenis como possibilidades de aprendizagem para desenvolver novas competências e habilidades.
  • Desenvolver políticas claras e estruturadas de apoio às escolas e às instituições formadoras da aprendizagem profissional para uma atualização constante dos currículos e dos ambientes de aprendizagem, sintonizando-as com as transformações do mundo do trabalho.
  • Estabelecer mecanismos de cooperação entre os parques tecnológicos e centros de inovação existentes e o ecossistema da profissionalização.

Formação docente

  • Criar um programa de incentivo e valorização da profissão docente, incluindo melhoria nas carreiras e nas condições de trabalho.
  • Impulsionar a formação inicial de docentes para a EPT em torno do fomento das licenciaturas específicas para educação profissional.
  • Fortalecer programas como o Professores para o Futuro, pelos quais os docentes da EPT desenvolvem vivências em escolas técnicas de outros países, em instituições que tenham identidade com a vocação regional das escolas nas quais lecionam no Brasil. Com esse caráter, podem ser promovidas vivências em empresas e setores produtivos a fim de formar para as novas dinâmicas do mundo do trabalho.

Desenvolvimento de habilidades estratégicas

  • Fomentar o desenvolvimento de habilidades conectadas às demandas das economias emergentes, como economia verde, criativa, do cuidado, prateada e digital com especial atenção às habilidades transversais, como as digitais e socioemocionais.
  • Disseminar para as instituições escolares e docentes dados sobre habilidades emergentes, conectadas aos estudos de demandas, às mudanças do mundo do trabalho e às dinâmicas dos arranjos produtivos locais.
#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma sala de aula. À frente em destaque, uma mulher, que parece ser a professora, segura um tablet e sorri para o flase. Ao fundo, uma turma de estudantes em frente a um laptop, trocam ideias.

Quando os desafios parecem maiores do que nossas capacidades, é hora de empresas se somarem ao processo de digitalização do país como nós, da Vivo: no fomento de programas sociais de acesso ao ensino de programação e outras áreas da tecnologia para quem mais precisa!

E por aqui, a gente não tem deixado essa peteca cair. Confira os compromissos assumidos pela Fundação Telefônica Vivo em 2022 que contribuíram (e muito!) para a educação tecnológica dos estudantes das escolas públicas do nosso país.

Se a sua região ainda não é contemplada por nossos programas educacionais gratuitos, confira neste post cursos gratuitos que podem ajudar nossos jovens a vencerem obstáculos e ganharem destaque no mundo tech.

Fonte: Dialogando - O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras – Parte 2 Dialogando

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