Se você está de olho no futuro, deve estar por dentro do Relatório Tech Trends 2023, apresentado em março no SXSW (South by Southwest, em Nova Iorque) pelo Future Today Institute – organização que tem como missão inspirar pessoas a pensar criticamente sobre o futuro para tomar melhores decisões hoje.
Perdeu essa? Sem problemas! Nós estivemos por lá e retornamos com os principais insights do estudo em um eixo tático aqui na Vivo: a sustentabilidade.
Mas a gente confessa que não foi fácil fazer essa seleção, afinal, a 16ª edição do relatório rastreou mais de 700 tendências tecnológicas que deverão impactar todos os setores em frentes diversas. Um documento valiosíssimo para instituições públicas, privadas, do terceiro setor e gente como você, que já entendeu que previsões com base científica fazem toda a diferença para a construção de um mundo mais saudável para todas e todos.
Preparado?
Por que falar em sustentabilidade agora é mais urgente que nunca?
Se não bastassem as preocupações para além da pandemia, a invasão russa na Ucrânia trouxe um cenário de emergência energética global.
A 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27), inclusive, já vinha pedindo atenção redobrada no enfrentamento das mudanças climáticas agora, com a guerra que exige muito mais comprometimento dos setores públicos e privados nessa pauta.
De cara, a população mundial atingiu 8 bilhões de pessoas em novembro do ano passado.
Tudo isso, aliado ao cenário de recessão econômica e às tensões geopolíticas que ameaçam todas as nações, nos impõem desafios que se sobrepõem às medidas para lidar com as mudanças climáticas.
A boa notícia é que nunca tivemos tantas ferramentas e soluções à disposição para cuidar do meio ambiente a fim de reparar os danos causados pela atuação negligente do homem no planeta.
Então, vem com a gente conhecer as principais tendências tecnológicas mapeadas pelo Tech Trends Report 2023 para a sustentabilidade.
Parques eólicos
. Turbinas eólicas flutuantes offshore: baseadas em estruturas flutuantes em vez de fixas, deverão chegar forte no eixo sustentável.
Elas oferecem novas oportunidades e alternativas, abrindo portas para a geração de energia em locais mais afastados das costas marítimas, além da instalação de aerogeradores em áreas marinhas maiores e mais profundas, com maior potencial eólico.
. Turbinas eólicas verticais: terão aplicações no mar e na terra, à medida que novos designs já vêm aumentando sua eficiência, historicamente menor que as de lâmina horizontal.
As novas turbinas geram potência de um espectro mais amplo de velocidade do vento e requerem menos manutenção do que as tradicionais.
. Turbinas sem lâminas: de tecnologia relativamente nova, as turbinas eólicas sem pás consistem em uma torre com ímãs conectados para a parte superior, onde o vento que passa cria um vórtice responsável por acionar um gerador elétrico.
São mais silenciosas que as horizontais e, por isso, não perturbam a vida selvagem. Ainda prometem ser de manutenção mais barata e de eficiência superior às tradicionais.
. Energia eólica aérea: aerotransportadas, ficam posicionadas a meia milha no céu, permitindo a captação dos ventos de grande altitude.
A tecnologia é composta por uma pipa e uma pequena estação-base em que a eletricidade é gerada a partir da conexão que liga a pipa à estação terrestre.
. IA em parques eólicos: a captação de energia eólica sofre o revés do chamado efeito esteira, que reduz a velocidade e turbulência adicional do vento após atingir uma turbina (entre -10% e -20%).
Nesse cenário, um novo algoritmo foi desenvolvido para ajustar a orientação das turbinas e coordená-las para que suas produções totais aumentem. Tudo com o auxílio de IA, que prevê a produção com 36 horas de antecedência, tornando uma fonte de energia inconsistente mais previsível.
Combustíveis limpos
. Hidrogênio: deverá se revelar como uma importante oportunidade de exportação para países de baixa e média renda que, muitas vezes, têm sol, vento e infraestrutura em abundância que podem ser usados para dimensionar o hidrogênio.
. Redução do custo da produção do hidrogênio: o custo da produção do hidrogênio considerado verde (que usa energias renováveis) deverá passar por processo de barateamento com avanços significativos agora, com o desenvolvimento de uma solução que consegue até 50% de economia de energia alterando o processo com vapor em vez de água e materiais não cerâmicos que trabalham em temperaturas mais baixas.
. Novos materiais de base para o hidrogênio: descobertas recentes trarão o elemento químico a partir de gás de esgoto, também conhecido como sulfeto de hidrogênio. O gás com cheiro de ovo podre pode ser encontrado em esgotos, aterros sanitários e em subprodutos de refinarias de petróleo e plantas petroquímicas.
Outra boa nova é a produção de hidrogênio com água do mar, em vez de água doce. Com 95% da superfície da Terra composta por água salgada, a alternativa expande muito a disponibilidade do recurso.
. Biocombustível de cânhamo: considerado uma das mais viáveis condições de biocombustíveis por sua eficiência – produz mais por hectare do que qualquer outra cultura cultivada em terra – pode ser processado mais rápido porque não precisa ser seco como o milho ou o açúcar.
Lembrando que o cânhamo ainda pode ser transformado em etanol, metanol, biodiesel e combustível sólido.
Soluções nucleares
. Pequenos reatores modulares: equipamentos menores progressivos tornarão a energia mais acessível e limpa por meiode reatores que ajudarão a atender a crescente necessidade de energia com mais segurança e flexibilidade.
Podem ser montados na fábrica e transportados com facilidade para seus destinos e ainda são mais eficientes que as convencionais usinas nucleares – é possível agrupá-los e acoplá-los a outras unidades e fontes de energia.
Novas formas de produção de energia
. Energia do ar raro: novas descobertas já contam com a captação de eletricidade movida a umidade, caminho que usa tecido, sal marinho, tinta de carbono e absorção de água.
À medida que a água é absorvida, os íons do sal marinho se separam. Negativamente nanopartículas de carbono carregadas absorvem os íons livres com carcas positivas. Quando a superfície do tecido muda, ela gera eletricidade – que fica armazenada no próprio tecido.
A tecnologia poderá ser usada para alimentar monitores de saúde, sensores de pele e dispositivos de armazenamento de informações.
. Turbinas de maré: a solução traz turbinas eólicas subaquáticas que aproveitam o movimento da água, normalmente pela maré. Nos primeiros seis meses de testes no East River, em Nova Iorque, os equipamentos geraram 200 megawatts-hora de energia, o que poderia abastecer 250 residências por mês.
. Energia produzida por suor: a tecnologia desenvolvida por meio de um biofilme aderido à pele pode aproveitar o suor para gerar eletricidade. Atualmente, o biofilme é capaz de alimentar pequenos dispositivos eletrônicos, mas pesquisadores esperam usá-lo em breve para alimentar dispositivos maiores.
Alternativas aos minerais
Tetrataenita 2.0: o ímã de alto desempenho usado em veículos elétricos e turbinas eólicas leva milhões de anos para ganhar a forma de meteorito, mas novas descobertas já são capazes de fazer o chamado “ímã cósmico” em segundos, adicionando fósforo.
Ainda é cedo para dizer se esse ímã artificial terá desempenho tão bom quanto o real, mas se novos estudos provarem que sim, será uma forma rápida, prática e econômica para o desenvolvimento em escala.
Nova cadeia de fornecimento doméstico: é cada vez mais importante encontrar uma fonte doméstica confiável e econômica para os metais que ajudam a executar nossos smartphones, veículos elétricos, turbinas e fones de ouvido.
Nesse cenário, novas descobertas trazem métodos para extrair metais valiosos como o neodímio – existente na composição desses itens – usando água e solventes recicláveis para capturar partículas de metais oxidados.
Metais de terras raras são coletados após a adição de solução de sal difundido, calor e eletricidade para os óxidos – processo que não usa nenhum solvente perigoso, apenas energia limpa.
O relatório Tech Trends 2023 traz mais tendências no eixo da sustentabilidade para o armazenamento e transporte de energia e muito mais!
Confira, na íntegra, e deixe um comentário contando para a gente quais dessas novas soluções te inspiram a visualizar um mundo mais saudável para nós e as próximas gerações!