O filme “Estrelas Além do Tempo”, que conta a história de três mulheres negras cientistas da Nasa está cumprindo um papel importante: o de questionar o porquê de haver tão poucas mulheres hoje em dia no mercado da tecnologia da informação, ou simplesmente TI.
Em um mundo onde quase tudo está ligado ao que chamamos de tecnologia, algo só pode estar errado se as mulheres não estiverem fazendo parte desse processo, um momento tão histórico quanto a viagem à Lua nos anos 1960.
A conclusão mais óbvia, por esse raciocínio, é enxergar preconceito e sexismo como raízes dessa discrepância estatística. As pesquisas, no entanto, dizem o contrário.
Dados sobre mulheres e profissões
Nos Estados Unidos, 57% dos empregos são ocupados por mulheres. Na área de informática, essa porcentagem despenca para apenas 25% e é assustadora quando o levantamento é por raça.
As mulheres negras são apenas 3% desse bolo e as hispânicas mal passam de 1%. As patentes de invenções aprovadas entre 1980 e 2010 têm 88% de equipes compostas apenas por homens. Grupos só de mulheres são somente 2%. Times mistos ficam com os 10% restantes.
Por quê? As meninas boas em provas de cálculo, como no filme, são 46% na população americana. No entanto, 80% delas não continuam os estudos nessa área e optam por cursar outra área.
Martha Heller, uma headhunter americana que se dedica a recrutar apenas diretores e presidentes de empresas, diz que frequentemente pedem a ela uma mulher para cargos de altíssimo nível. Mas ela tem dificuldades de encontrar candidatas na área de tecnologia.
Para ela, as mulheres simplesmente não estão interessadas em carreiras em tecnologia, por mais talento que tenham para isso. Uma pesquisa aponta que apenas 13% das adolescentes colocam a área de matemática, engenharia e tecnologia como primeira opção para estudos universitários.
Dessas, três em cada quatro dizem considerar a área por causa dos “benefícios econômicos” e do “impacto que podem causar no mundo”. Na Grã-Bretanha, apenas 5% das vagas anunciadas nessa área têm candidatas do sexo feminino.
As maiores empresas do setor se preocupam com a falta de mulheres, e não o contrário, porque acham essencial o ponto de vista feminino no desenvolvimento de produtos. Isso é ruim para os negócios, segundo elas.
Na Microsoft, apenas 16,6% dos funcionários são mulheres. No Twitter, 10%. No Google, 17%. “Eu diria que é algo inconsciente. É como a água, sempre procurando o seu nível ideal” diz Virginia Clarke, recrutadora da empresa de recursos humanos Knightsbridge, para quem a explicação deve estar na natureza humana.