Estudo da Symantec revelou que 62,2 milhões de pessoas foram vítimas de algum tipo de crime cibernético no Brasil em 2017, com prejuízos de US$ 22,5 bilhões.
As ocorrências envolveram desde a invasão e contaminação dos dispositivos por vírus e malware, roubo de senhas e sequestro de dados até perfis hackeados em redes sociais e bullying on-line.
E todos os dias acontecem novas tentativas de ataque, com mais de 800 mil incidentes reportados ao CERT.br.
Mas se o advento da sociedade conectada ampliou os riscos, e também possibilitou o desenvolvimento de uma rede de proteção, na qual os próprios recursos digitais podem ser usados para coibir, denunciar e punir essas práticas.
Atualmente, é muito comum o recebimento de SMS pirata, mensagens com conteúdo irrelevante, fraudulento, não solicitado ou autorizado, enviadas por empresas não homologadas pelas operadoras e fora dos horários estipulados pela Anatel.
Para denunciar a prática, basta encaminhar o número completo do celular remetente, com DDD, para 7726, que é o serviço de relatório de spam utilizado por todas as operadoras de telefonia.
Estas empresas podem, de posse dessas informações, isolar o spam de suas redes e diminuir o volume de mensagens indesejadas que chegam aos clientes.
O Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança (CAIS) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) mantém um banco de dados de phishing scams (fraudes eletrônicas) e malwares veiculados por meio de spam.
Com 12.442 cadastros, todo mundo pode reportar esse tipo de golpe. Basta encaminhar o e-mail recebido para artefatos@cais.rnp.br (no caso de links maliciosos) e phishing@cais.rnp.br (para páginas falsas de empresas e instituições).
Uma rápida consulta ao site revela que marcas conhecidas, como Netflix, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, são os alvos frequentes deste tipo de crime.
“Em alguns casos, hackers aproveitam o descuido para invadir os celulares e outros dispositivos na internet justamente para usá-los para cometer outros crimes, são as chamadas ‘máquinas escravas’, explica o diretor de educação da ONG SaferNet, Rodrigo Nejm.
“Elas acabam contaminadas com programas maliciosos quando o usuário inadvertidamente baixa um vídeo, acessa uma foto ou faz o download de um aplicativo comprometido”, completa.
“Mas já temos legislação para isso, tem a Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737/2012), a Lei Geral de Proteção de Dados, há uma proposta de plano de segurança nacional, porém é preciso também educar o cidadão para saber se prevenir e proteger seus equipamentos”, diz.
De acordo com Nejm, é essencial não só tomar as precauções básicas como manter programas atualizados. Instalar antivírus, não abrir arquivos ou mensagens suspeitas, são algumas das medidas.
Denunciar os ataques, tanto sofridos pelo usuário final, como os corporativos, o que cria uma base de dados importante para melhor defesa e prevenção também é essencial.
“Hoje está muito fácil reportar as ocorrências, inclusive on-line, através da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos“.
“É um sistema automatizado, baseado em software livre, que comporta sete diferentes hotlines brasileiros, onde a pessoa pode registrar o crime anonimamente e acompanhar em tempo real as providências tomadas”, acrescenta.
Em 12 anos, já foram processadas quase 4 milhões de denúncias, sendo 1,5 milhão referente à pornografia infantil, mais de 700 mil à apologia e incitação a crimes contra a vida e 567 mil sobre racismo.