O maior benefício da internet – e o que a torna uma das ferramentas mais acessíveis atualmente – é justamente um dos pontos de maior atenção em relação a crianças e adolescentes: a liberdade. A web proporciona a todos a liberdade de criar, compartilhar e acessar todo e qualquer tipo de conteúdo, e nem todos serão adequados para menores de idade. É aí que entra a mediação parental.
A mediação parental propõe que pais estejam sempre cientes do consumo digital de seus filhos, impondo limites saudáveis, esclarecendo dúvidas pertinentes e se responsabilizando pelo controle de informações pessoais e sensíveis, como senhas, e-mails e fotos.
Em 2016, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) produziu o primeiro documento sobre Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital, com recomendações para pediatras, pais e educadores. A premissa inicial era apontar os benefícios e malefícios do uso da tecnologia atual enfatizando o bom senso e a necessidade de informações adequadas.
Desde então, diversas novas tecnologias, hábitos e inovações foram criadas, porém, as recomendações para uma mediação parental eficaz ainda podem – e devem – ser aplicadas:
- Limitar o tempo de uso diário de tecnologia digital, que deve ser proporcional às idades e às etapas do desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes;
- Conversar sobre as regras de uso da internet, configurações para segurança, privacidade e sobre e nunca compartilhar senhas, fotos ou informações pessoais;
- Conversar sobre exposição pela utilização da webcam com pessoas desconhecidas ou fotos íntimas (nudes), mesmo entre pessoas conhecidas, nas redes sociais;
- Monitorar os sites, programas, aplicativos, filmes e vídeos que crianças e adolescentes estão acessando, sobretudo em redes sociais;
- Manter os computadores e os dispositivos móveis em locais seguros e ao alcance das responsabilidades dos pais (na sala de estar, por exemplo);
- Usar antivírus, antispam, antimalware e softwares atualizados ou programas que servem de filtros de segurança e monitoramento para palavras ou categorias ou sites. Alguns programas podem restringir o tempo de uso de jogos on-line e o uso de aplicativos e redes sociais por faixa etária, conforme configuração;
- Ensinar a bloquear mensagens ofensivas ou inapropriadas, redes de ódio, violência ou intolerância, ou vídeos com conteúdos sexuais.
Embora algumas dicas de mediação parental envolvam limitar o uso de telas e o tempo de consumo das tecnologias, a proibição total nunca é recomendada. Estabelecer limitações que sejam conversadas e aprovadas, tanto pelos pais quanto pelas crianças, é a melhor recomendação. O diálogo franco sobre os perigos da exposição on-line será suficiente para o entendimento da importância dos cuidados com a segurança.
As recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria também envolvem atividades e lazer off-line, intercalando com momentos de diversão digital, como jogos em família. Brincadeiras ao ar livre, caminhadas e refeições longe dos eletrônicos são elementos importantes para o desenvolvimento infantil e para o ambiente familiar.