“Pastor, minha vizinha era crente
Mas tá muito diferente de um certo tempo pra cá
Ela ia na igreja todo dia
Irmã era muito crente, gostava de congregar
Agora ela abandonou a bíblia
Só lê no Facebook e não larga o celular
Já me disseram que é um tal de WhatsApp
Que ela fica futucando todo tempo sem parar
Ela não lê a bíblia e não fala mais com ninguém
Não ora mais, é todo tempo no WhatsApp
Não conversa com a gente eu não sei o que ela tem
Pastor, o WhatsApp é um perigo
Quando o negócio apita, da vontade de parar
Às vezes o crente pode tá orando
O bicho fica assoviando, dá vontade de olhar
Eu também fui ficando curioso
Fui mexendo sigiloso pra ninguém me revelar
Agora hoje eu também tô viciado
Pastor, faça logo uma oração pra Jesus me libertar”
No forró do artista gospel Lourival Freitas, até cristão vem trocando Deus pelas notificações, mas será que é tudo culpa do “zap” mesmo?
Convenhamos! A música sucumbiu à tecnologia muito antes da chegada das redes sociais. E os anos 90 que o digam! Tudo seria diferente após o “liga pra mim, não, não liga pra ele!” de Leandro e Leonardo, até porque o telefone era a tecnologia do momento.
Mas e você? Já tem a própria playlist de músicas sobre tecnologia pra curtir a sofrência do amor não correspondido ou só se divertir mesmo?
Confira nossa seleção de canções e ouça tecnologia!
Músicas sobre tecnologia: do sertanejo ao rock
1. Vou te excluir do meu Orkut – Ewerton Assunção (2006): a extinta rede social, que dá aquela nostalgia danada na geração Y, ganhou versões de Aviões do Forró e Frank Aguiar na época em que o MSN era o chat queridinho do Brasil. Revoltado com as falsas juras de amor da namorada, o cantor ameaça excluí-la das redes sociais e pede para que ela não apareça nem por e-mail. Tudo isso após descobrir um encontro com o ex.
Deu pra entender que mexer com “cachorro morto” pode trazer consequências sérias, não é mesmo?
2. Ligação urbana – Bruno & Marrone (2003): em uma era menos digital, a dupla Bruno & Marrone emplacou o hit que faz parte das músicas sobre tecnologia mais tocadas dos anos 2000. Na época, era preciso driblar algumas adversidades para se conectar com um grande amor.
E quem dependia de orelhão, olhaaaa…
3. São Gonça (Pretinha) – Seu Jorge (1998): outro que passava perrengue com orelhão era o Seu Jorge. O tema original é, na verdade, da banda Farofa Carioca, grupo que contava com o artista no vocal nos anos 90. Na canção, ele explica para a amada que até tentou ligar pra ela, mas o cartão telefônico estava com o saldo “zerado” e o orelhão, todo “escangalhado”.
Que dureza, hein, Seu Jorge?
4. Declaração não digitada – Júlia & Rafaela (2018): essa é da série de músicas sobre tecnologia que alerta para aquele mal moderno que até já comentamos por aqui: o phubbing. Popularizada nas vozes de Bruno & Barretto, a canção pede para que o amado abandone um pouco os apps de conversa para partir “pro olho no olho”.
E que chamada na chincha necessária, viu!
5. Admirável chip novo – Pitty (2003): o single responsável por lançar a cantora baiana para o Brasil faz uma clara referência à obra literária de Aldous Huxley: Admirável Mundo Novo, publicado em 1932. Na época, o escritor já previa uma suposta dominação das máquinas e, nessa mesma esteira, Pitty critica o sistema e culpabiliza a mídia e os governos por “transformarem as pessoas em robôs”.
Profundo.
6. Mamãe no Face – Zeca Baleiro (2012): imagina a emoção de um artista ao lançar um álbum que é sucesso geral de críticas e que só falta bombar no YouTube e nas revistas do segmento musical? Pois é. Aqui, a música sobre tecnologia deixa o amor de lado e faz um apelo para os próprios entes queridos: “Mamãe, eu fiz um disco foda, faz um download e ouve aí!”.
Depois desse download, na certa vai bombar, Zeca!
7. Jenifer – Gabriel Diniz (2018): nada como uma boa rede social para, de repente, encontrar um grande amor, diz aí! A plataforma cupido deu uma ajudinha para Gabriel Diniz (e que ajudinha!). O artista, antes desconhecido, ganhou popularidade enorme depois do tema virar o hit do verão de 2019. Detalhe: antes disso, a letra tinha sido rejeitada por Gustavo Lima e seus oito compositores.
Obrigada, Diniz, pela insistência!
8. É fake – Henrique & Juliano (2014): a dupla sertaneja se revoltou ao descobrir que a bela moça cheia de seguidores no Instagram é mais bonita por lá do que ao vivo, na balada. Se é tudo culpa da maquiagem, eles não souberam dizer, mas não deixaram barato, não: “denuncia que esse perfil dela é fake, é enganação. Paga de gatinha, mas né isso não”.
Desilusão, hein?
9. Pela internet 2 – Gilberto Gil (2018): a versão 1, de 1997, não foi o suficiente para um dos maiores compositores de MPB do país. Mais de 20 anos depois, Gil trouxe novamente a tecnologia para embalar nossos aparelhos de som. Sempre genial, dessa vez ele diz que “o pensamento é nuvem, o movimento é drone” e que “o monge no convento aguarda o advento de Deus pelo iphone”.
Um ícone é um ícone. Viva o gênio Gil!
10. Dá1like – Banda Uó (2015): se 9 em cada 10 pessoas postam fotos nas redes sociais em busca dos famigerados likes, com a Banda Uó não seria diferente. O grupo contou com a participação da polêmica Karol Conká pra contar que depois de um dia de salão de beleza o que a gente quer mesmo é ter curtidas na foto que mostra o novo visual, não é mesmo?
Porque quem não é visto não é lembrado, oras!
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