O PIX comemorou três anos de operações em nosso país em novembro passado, e que bom! O sistema instantâneo de pagamentos ganhou a simpatia do brasileiro por sua velocidade e gratuidade, mas a boa nova também fez brilhar os olhos de gente mal-intencionada – daí o aumento significativo de práticas de golpes de pirâmide por PIX.
Para que você entenda em números, segundo o Banco Central, até 31 de outubro de 2023 já havia mais de 155,8 milhões de usuários cadastrados e R$ 29,7 trilhões movimentados nas 66,5 bilhões de transações efetuadas.
A força desse sistema, aliás, recentemente desbancou as operações por DOC (Documento de Ordem de Crédito), tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas – de acordo com um levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as operações via DOC somaram 18,3 milhões de transações no primeiro semestre de 2023, o que representa apenas 0,05% do total de 37 bilhões de transferências e pagamentos realizados no ano passado. Por isso o tradicional meio de pagamento fundado em 1985 será extinto ainda neste mês.
A TEC (Transferência Especial de Crédito) também já está com seus dias contados. Criada exclusivamente para que empresas paguem benefícios a funcionários, logo menos o sistema encerrará suas atividades.
Justo, não é mesmo? Com tantos boletos em nossas vidas, a cobrança de taxas para a movimentação de valores sempre foi antipática.
O problema é que o PIX ainda tem algumas brechas de segurança. A maioria delas pode ser evitada se o usuário mantiver atenção para usufruir de seus benefícios. Por isso, neste post, te ajudaremos a entender como driblar um dos mais recentes golpes do PIX.
Pirâmide do Pix: como funciona o novo golpe?
Muita gente ainda acredita em fórmulas fáceis para levantar uma grana, e grupos criminosos sabem como explorar isso direitinho.
O novo golpe do PIX promete renda extra cada vez que um usuário executa alguma ação on-line – curte um vídeo, segue algum perfil ou faz a avaliação de um estabelecimento no Google, por exemplo. Em troca, ele recebe entre R$ 10 e R$ 20 após cumprir certa quantidade de tarefas solicitadas.
A prática também é chamada de “golpe das pequenas tarefas” ou “golpe dos R$ 20”.
Como começa o golpe de pirâmide do PIX?
Segundo relatos, os golpistas abordam as vítimas pelo WhatsApp e dizem ser de uma empresa que presta o serviço de avaliação e curtidas – infelizmente os criminosos conseguem os contatos em bancos de dados que foram expostos, daí a importância dos cuidados com a nossa privacidade online.
Se a pessoa manifestar interesse em saber mais sobre a proposta, ela é levada a grupos no Telegram com milhares de membros e relatos falsos produzidos por robôs contando experiências bem-sucedidas. É nesses grupos onde são passadas as tarefas, pagas por PIX assim que o usuário as conclui.
Entra dinheiro, sai dinheiro
Tudo parece mágico: uma curtida em um vídeo, um perfil seguido no YouTube ou comentário deixado em alguma rede social e pronto! O valor chega na conta, de fato, mas após um tempo, de repente, a dinâmica muda.
O usuário passa a receber mensagens solicitando um “investimento” para que siga cumprindo os objetivos – valores que variam de R$ 120 a R$ 1.000, com promessas de retorno de 30% a 100% sobre o valor investido, segundo as vítimas.
Só que, a partir do momento em que ela transfere o dinheiro por PIX, perde contato com o grupo e é bloqueada pelos administradores.
Caí no golpe da renda extra por PIX. E agora?
Antes de tudo: colabore para que outras pessoas não caiam nessa armadilha. Reporte à plataforma em que o grupo criminoso está hospedado e denuncie – o golpe da renda extra por PIX se enquadra como estelionato e está previsto no artigo 171 do Código Penal, com possibilidade de um a três anos de reclusão.
Reforce sua denúncia em sites como o Reclame Aqui indicando o nome da suposta empresa. Assim você facilita a identificação dessas quadrilhas para que sejam descobertas nas futuras buscas de outros usuários.
Registre o ocorrido às instituições financeiras: a sua e a do recebedor, já que a Lei 103 de 8 de junho de 2021 diz que a vítima deve fazer Boletim de Ocorrência, além de registrar a reclamação nos bancos envolvidos, explicando os fatos. Não deixe de anotar o protocolo.
O banco deverá acionar o Banco Central (BC) por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED) e o BC terá onze dias para bloquear a conta destino do PIX.
Você também pode usar o MED sem a necessidade de fazer um B.O. Telefone ou entre em contato com o banco pelo chat do aplicativo e relate o ocorrido para que seja feito o pedido de estorno. A partir da análise feita pela instituição, que pode levar até sete dias, o valor será devolvido em até 96 horas após a confirmação de golpe do PIX.
E não se esqueça de denunciar a conta falsa no WhatsApp. Basta selecionar a conversa, clicar nos três pontinhos na parte superior direita, em seguida na opção “Mais” e em “Denunciar”. Fique tranquilo porque o usuário responsável pela conta denunciada não irá receber qualquer notificação sobre o acontecido.
Como não cair nesse golpe?
Desconfiando de toda e qualquer proposta de obtenção de lucro fácil.
Esse tipo de fraude sempre existiu, mas agora se modernizou com a hiperdigitalização do mundo. Nesse cenário, certifique-se de que a empresa mencionada pelo suposto atendente do WhatsApp ou qualquer outra plataforma existe – busque por suas avaliações nas redes, seu CNPJ e, se possível, ligue para os canais de contato fazendo perguntas que possam comprovar sua legalidade.
No todo, jamais se esqueça de que assim como o golpe do emprego, nada justifica o envio de valores para empresas ou qualquer pessoa para que você consiga renda extra ou fixa.
Passou por alguma experiência indigesta de golpe do PIX?
Compartilhe nos comentários. Colabore para que mais pessoas não se tornem vítimas desse tipo de crime e conheça cuidados adicionais no uso do sistema no podcast!
