Não é novidade que a internet mudou a forma como vivemos. Mas, talvez, o que ainda não esteja tão claro é o quanto essa tecnologia pode impactar na qualidade de vida de todos nós. Na tentativa de refletir sobre isso, em 2024, o termo brain rot ganhou destaque ao expor os resultados negativos do consumo digital excessivo para a saúde da população.
Traduzido literalmente como “cérebro apodrecido”, a expressão refere-se à exaustão mental causada pelo excesso de conteúdo superficial consumido nas redes sociais e em outras plataformas.
Acompanhe o texto e saiba mais:
- O que é esse termo?
- Por que da escolha como a palavra do ano?
- O que as pessoas podem fazer para combater os efeitos nocivos do consumo exagerado de conteúdos na internet?
Boa leitura!
O que é o “brain rot”?
O termo inglês “brain rot”, traduzido literalmente como “cérebro podre”, faz referência à exaustão sofrida pelas pessoas que passam muito tempo em frente às telas, seja de computador ou celular, consumindo conteúdos de baixa qualidade, como vídeos curtos e memes, principalmente nas redes sociais.
Esse fenômeno é um reflexo do esgotamento do sistema cognitivo, que tenta, a todo custo, processar uma grande quantidade de informações rasas. Assim, em vez de absorver informações relevantes, o cérebro fica preso em distrações, gerando um desgaste e, consequentemente, uma sensação de cansaço, dificuldade de concentração e vazio mental.

Como esse termo surgiu?
Embora o “brain rot” tenha ficado conhecido atualmente, o termo foi usado pela primeira vez em 1854 pelo filósofo estadunidense Henry David Thoreau, em seu livro Walden, de acordo com o Dicionário Oxford. Na obra, Thoreau utiliza a expressão para criticar a falta de valorização de ideias complexas na sociedade da sua época.
Na internet, por sua vez, o termo surgiu em 2007 como uma brincadeira, mas se popularizou somente em 2024, quando a expressão foi bastante compartilhada em conteúdos digitais em plataformas, especialmente no TikTok.
Por que “brain rot” foi eleita a palavra do ano pelo Dicionário Oxford?
O “brain rot” foi eleita a palavra do ano pelo Dicionário Oxford após 37.000 pessoas escolherem o termo em uma lista com seis palavras — demure (do inglês, algo como “recatado”), dynamic pricing (preços dinâmicos), lore (tradição), romantasy (um gênero que mistura romance com fantasia) e slop (desleixo) — que foram levantadas pelos especialistas em idioma para expressar os humores e as conversas que contribuíram para moldar 2024.
Segundo o Dicionário Oxford, a escolha demonstra a crescente preocupação da sociedade em relação aos impactos negativos do consumo excessivo de conteúdos onlines de baixa qualidade, principalmente nas redes sociais. Em 2024, foram contabilizadas 130 mil buscas no Google pelo termo e um aumento do seu uso de 230% entre 2023 e 2024.
Como as redes sociais podem incentivar o “brain rot”?
As redes sociais foram criadas, sobretudo, para entreter e capturar a atenção das pessoas através de informações curtas e rápidas, provocando aos usuários uma necessidade viciante de busca por novidades.
Para isso, constantemente são projetados algoritmos que priorizam conteúdos que geram engajamento – como vídeos curtos e memes –, os quais, na maioria das vezes, são superficiais ou de pouca profundidade.
Dessa maneira, as redes sociais, como TikTok e X (antigo Twitter), têm incentivado cada vez mais o “brain rot”, já que funcionam em um formato no qual se valorizam a criação e o compartilhamento de informações, que, em grande parte, não fomentam uma reflexão mais aprofundada sobre os temas expostos. E os estímulos nesses mecanismos fortalecem o vício nas redes sociais.
Impactos do “brain rot” na saúde mental
Estudos recentes demonstram que o uso contínuo de telas e o consumo excessivo de conteúdos rápidos e superficiais geram uma exaustão no sistema cognitivo, causando uma série de impactos à saúde mental, tais como:

Aumento da ansiedade
Com a necessidade constante de busca pela novidade, estimulada, principalmente, pelas redes sociais, as pessoas têm se sentido cada vez mais ansiosas para consumir tudo (mesmo que esse tudo seja um acúmulo de informações de pouca profundidade).
Diminuição do foco
A internet é um lugar onde se acham muitas informações, sobre os mais variados temas. O que é muito bom, pois é possível encontrar uma diversidade de conteúdos. Mas igualmente difícil, uma vez que o excesso de possibilidades dificulta as pessoas a manterem o foco em tarefas importantes — somado aos estímulos proporcionados.
Esgotamento emocional
O excesso de informações pode desencadear também um esgotamento emocional. Um dos principais sintomas é o estresse, que reflete como o cérebro, em estado de alerta constante, não consegue relaxar.
Problemas no desenvolvimento de habilidades
O “brain rot” vem impactando negativamente também no desenvolvimento de habilidades humanas essenciais, como: pensar criticamente, criar soluções inovadoras, ter clareza e tomar decisões importantes, como muitos estudos relatam.
Estratégias para combater o brain rot
O cenário pode parecer desanimador, mas a boa notícia é que existem maneiras de evitar o “brain rot” e manter a sua saúde mental. Veja abaixo algumas estratégias para você aplicar no seu dia a dia:

1. Defina limites de tempo de uso das redes
Que tal usar a tecnologia a seu favor? Uma boa opção é utilizar aplicativos que monitoram o tempo de uso, a fim de estabelecer limites diários para evitar o consumo excessivo das telas.
2. Priorize conteúdos de qualidade
Escolha perfis para seguir de pessoas ou instituições que compartilham conteúdo de qualidade e fomentem reflexão e pensamento crítico.
3. Tenha momentos de desconexão
Crie o hábito de tirar momentos para se desconectar completamente das redes sociais. Para isso, você pode direcionar esse tempo para ler, meditar, praticar um hobby, descansar ou não fazer simplesmente nada.
4. Estabeleça um “detox digital”
Uma outra dica é estabelecer um “detox digital” em um final de semana por mês. Vai ser revigorante, acredite!
5. Busque ajuda profissional
Se você sente que o “brain rot” está impactando gravemente sua saúde mental, com o desenvolvimento de problemas como ansiedade e depressão, não hesite em buscar a orientação de um psicólogo ou terapeuta.
O termo “brain rot” não é apenas uma tendência de 2024: é, principalmente, o reflexo de uma realidade global que muitos enfrentam na era digital. Mas, agora, você já conhece o termo e sabe como reverter os efeitos dessa tendência, além de adotar estratégias para manter a saúde mental em dia. E com o Dialogando, você aprende a fazer o melhor uso da internet para uma sociedade melhor!
Até a próxima!