Machismo e sociedade: como a masculinidade tóxica afeta todas as pessoas

7 de agosto de 2024

A cultura machista tem como princípio a ideia de superioridade do homem cisgênero, branco e heterossexual. E quem foge desse padrão — principalmente mulheres negras e pessoas LGBTQIAPN+ — tende a ser combatido e violentado, por meio de falta de promoções, de silenciamento e descrédito.  

Mas o que muitos homens não reconhecem é que, apesar de possuírem privilégios dentro dessa estrutura social, eles também são impactados negativamente quando pressionados a seguirem normas de masculinidade, muitas vezes, tóxicas.   

Acompanhe o texto e saiba mais sobre:

  • Quais são os elementos da cultura machista.
  • Como a masculinidade tóxica afeta os homens.
  • Quais iniciativas tecnológicas podem auxiliar as pessoas na luta contra o machismo. 

Boa leitura! 

O que são elementos da cultura machista?  

A cultura machista é um conjunto de normas e comportamentos que têm como base a crença de que o homem é superior a todo corpo que foge a um padrão pré-estabelecido para gênero, cor e sexualidade.

Tal cultura está enraizada em diferentes sociedades e é responsável pela perpetuação das violências de gênero, raça e sexualidade no Brasil e no mundo. A seguir, conheça alguns elementos da cultura machista presente no dia a dia.

Mão de homem cerrada em punho no primeiro plano está fechada para agredir vítima feminina que se encolhe ao fundo. Essa foto em preto e branco simboliza o machismo e a violência contra a mulher

Desigualdade de gênero institucionalizado 

A desigualdade de gênero institucionalizado refere-se à discriminação sofrida pelas mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ nas esferas política, econômica e social. E isso se reflete em salários desiguais, falta de representação feminina e LGBTQIAPN+ em cargos de liderança, dificuldade de acesso à saúde e educação por essas pessoas (em especial a população LGBT), entre outros.  

Estereótipos de gênero 

Os estereótipos de gêneros são construídos a partir de conceitos biológicos, que não levam em consideração a influência de fatores biológicos, psicológicos e sociais na formação das pessoas. Desse modo, de forma estereotipada, mulheres são categorizadas como naturalmente emocionais, frágeis e sensíveis, enquanto homens são lidos como pessoas racionais, fortes e viris. 

Violência contra as mulheres 

A violência contra as mulheres é uma forma extrema do machismo e que está construída na ideia de que os homens têm o direito de controlar e dominá-las a todo o custo. Quando essa ideia é levada ao extremo, essa ideia pode levar até a morte delas.   

De acordo com os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a violência contra mulher cresceu 17% de 2022 para 2023. Com base nessa pesquisa, 7 em cada 10 vítimas de feminicídio em 2022 foram mortas dentro de casa por seus parceiros — ao todo, 1.437 mulheres morreram no ano por causa de feminicídio.  

LGBTfobia

A cultura machista associa a masculinidade à cisgeneridade e à heterossexualidade, marginalizando as pessoas que fogem desse padrão. Nesse sentido, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e pansexuais são diariamente atacadas e violentadas por serem do jeito que são. 

Segundo o dossiê do Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil, ocorreram 230 mortes em 2023, sendo que, dessas, 184 foram assassinatos, 18 suicídios e 28 de outras causas, contra pessoas LGBTQIAPN+. 

Objetificação sexual  

A prática de objetificar mulheres, principalmente mulheres negras e transexuais, é comum na cultura machista, que desconsidera a individualidade e o valor humano delas. Tal objetificação sexual, que reduz as mulheres a corpos que devem servir apenas aos prazeres dos homens, é muito difundida na mídia e na publicidade de forma naturalizada. 

Cultura do estupro  

A cultura do estupro normaliza a violência sexual, em que a culpa é sempre atribuída à vítima ao invés do agressor. Dessa maneira, é reforçado que o corpo feminino e o corpo dissidente (como mulheres trans) devem estar disponíveis sempre ao prazer masculino e que, se ocorreu o estupro, a responsabilidade é de quem sofreu — seja por usar roupas mais curtas ou andar sozinha em uma rua escura.  

Conforme os dados do 18° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2023, houve um total de 83.988 casos de violência sexual contra mulheres registrados no ano passado. Isso equivale a um estupro a cada 6 minutos no Brasil.  

Paternidade autoritária ou ausente  

A paternidade autoritária está firmada na ideia de que o papel dos homens é ser chefes de família e impor ordem e autoridade nos seus lares. Enquanto isso, o papel da mulher é oferecer cuidado emocional e doméstico ao homem e aos filhos.  

Na outra ponta, tem se dado ao homem o direito de decidir se vai exercer ou não essa paternidade – grande parte deles, infelizmente, não assume a responsabilidade com o filho. Já à mulher, é obrigatório o cuidado.

Masculinidade tóxica: por que ela pode ser perigosa para os homens? 

Homem chora na imagem, símbolo de uma luta contra o machismo tóxico que prega que homens não podem demonstrar sentimentos

A masculinidade tóxica é o resultado da cultura machista, que promove comportamentos violentos, e que atinge não só as mulheres, mas também os homens. O reflexo disso é: 

  • Dificuldade em expressar suas emoções – já que eles aprenderam desde pequenos que não podem se mostrar tristes, vulneráveis ou com medo.  
  • Agressividade sexual.  
  • Tendência à violência física. 
  • Competitividade intensificada.
  • Isolamento social. 
  • Baixa empatia. 
  • Pressão exacerbada por sucesso material, uma vez que o valor de um homem está associado ao sucesso material, a masculinidade tóxica promove uma pressão e esgotamento em decorrência a essa expectativa.
  • Dificuldade de construir relacionamentos saudáveis. 
  • Necessidade de dominar ou controlar pessoas e situações o tempo todo. 

Como a tecnologia ajuda a lidar contra o machismo?  

Graças a diversos materiais educativos, cursos, blogs, podcasts e vídeos disponíveis na internet, as pessoas podem entrar em contato com conteúdos que ampliam o debate sobre gênero, raça e sexualidade. Desse modo, a tecnologia se apresenta como uma ótima ferramenta para aprender a lidar contra o machismo.  

Para te ajudar, listamos aqui algumas sugestões de materiais que contribuem para o diálogo sobre igualdade de gênero, desconstrução do machismo e promoção de uma masculinidade saudável. Confira: 

Podcast 

Filmes e documentários 

Grupo de apoio online 

Páginas Instagram e materiais educativos 

A cultura do machismo, bem como a masculinidade tóxica são um conjunto de normas, comportamentos e crenças que perpetuam as violências de gênero, raça e sexualidade no Brasil e no mundo. Para mudar esse cenário, é preciso que as pessoas se conscientizem, se informem com o apoio das tecnologias e lutem para construir uma sociedade mais igualitária e que abrace, de fato, todas as diferenças. Vamos juntos? 

Até a próxima!

Fonte: Dialogando - Machismo e sociedade: como a masculinidade tóxica afeta todas as pessoas Dialogando

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