A cultura machista tem como princípio a ideia de superioridade do homem cisgênero, branco e heterossexual. E quem foge desse padrão — principalmente mulheres negras e pessoas LGBTQIAPN+ — tende a ser combatido e violentado, por meio de falta de promoções, de silenciamento e descrédito.
Mas o que muitos homens não reconhecem é que, apesar de possuírem privilégios dentro dessa estrutura social, eles também são impactados negativamente quando pressionados a seguirem normas de masculinidade, muitas vezes, tóxicas.
Acompanhe o texto e saiba mais sobre:
- Quais são os elementos da cultura machista.
- Como a masculinidade tóxica afeta os homens.
- Quais iniciativas tecnológicas podem auxiliar as pessoas na luta contra o machismo.
Boa leitura!
O que são elementos da cultura machista?
A cultura machista é um conjunto de normas e comportamentos que têm como base a crença de que o homem é superior a todo corpo que foge a um padrão pré-estabelecido para gênero, cor e sexualidade.
Tal cultura está enraizada em diferentes sociedades e é responsável pela perpetuação das violências de gênero, raça e sexualidade no Brasil e no mundo. A seguir, conheça alguns elementos da cultura machista presente no dia a dia.
Desigualdade de gênero institucionalizado
A desigualdade de gênero institucionalizado refere-se à discriminação sofrida pelas mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ nas esferas política, econômica e social. E isso se reflete em salários desiguais, falta de representação feminina e LGBTQIAPN+ em cargos de liderança, dificuldade de acesso à saúde e educação por essas pessoas (em especial a população LGBT), entre outros.
Estereótipos de gênero
Os estereótipos de gêneros são construídos a partir de conceitos biológicos, que não levam em consideração a influência de fatores biológicos, psicológicos e sociais na formação das pessoas. Desse modo, de forma estereotipada, mulheres são categorizadas como naturalmente emocionais, frágeis e sensíveis, enquanto homens são lidos como pessoas racionais, fortes e viris.
Violência contra as mulheres
A violência contra as mulheres é uma forma extrema do machismo e que está construída na ideia de que os homens têm o direito de controlar e dominá-las a todo o custo. Quando essa ideia é levada ao extremo, essa ideia pode levar até a morte delas.
De acordo com os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a violência contra mulher cresceu 17% de 2022 para 2023. Com base nessa pesquisa, 7 em cada 10 vítimas de feminicídio em 2022 foram mortas dentro de casa por seus parceiros — ao todo, 1.437 mulheres morreram no ano por causa de feminicídio.
LGBTfobia
A cultura machista associa a masculinidade à cisgeneridade e à heterossexualidade, marginalizando as pessoas que fogem desse padrão. Nesse sentido, gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e pansexuais são diariamente atacadas e violentadas por serem do jeito que são.
Segundo o dossiê do Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil, ocorreram 230 mortes em 2023, sendo que, dessas, 184 foram assassinatos, 18 suicídios e 28 de outras causas, contra pessoas LGBTQIAPN+.
Objetificação sexual
A prática de objetificar mulheres, principalmente mulheres negras e transexuais, é comum na cultura machista, que desconsidera a individualidade e o valor humano delas. Tal objetificação sexual, que reduz as mulheres a corpos que devem servir apenas aos prazeres dos homens, é muito difundida na mídia e na publicidade de forma naturalizada.
Cultura do estupro
A cultura do estupro normaliza a violência sexual, em que a culpa é sempre atribuída à vítima ao invés do agressor. Dessa maneira, é reforçado que o corpo feminino e o corpo dissidente (como mulheres trans) devem estar disponíveis sempre ao prazer masculino e que, se ocorreu o estupro, a responsabilidade é de quem sofreu — seja por usar roupas mais curtas ou andar sozinha em uma rua escura.
Conforme os dados do 18° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2023, houve um total de 83.988 casos de violência sexual contra mulheres registrados no ano passado. Isso equivale a um estupro a cada 6 minutos no Brasil.
Paternidade autoritária ou ausente
A paternidade autoritária está firmada na ideia de que o papel dos homens é ser chefes de família e impor ordem e autoridade nos seus lares. Enquanto isso, o papel da mulher é oferecer cuidado emocional e doméstico ao homem e aos filhos.
Na outra ponta, tem se dado ao homem o direito de decidir se vai exercer ou não essa paternidade – grande parte deles, infelizmente, não assume a responsabilidade com o filho. Já à mulher, é obrigatório o cuidado.
Masculinidade tóxica: por que ela pode ser perigosa para os homens?
A masculinidade tóxica é o resultado da cultura machista, que promove comportamentos violentos, e que atinge não só as mulheres, mas também os homens. O reflexo disso é:
- Dificuldade em expressar suas emoções – já que eles aprenderam desde pequenos que não podem se mostrar tristes, vulneráveis ou com medo.
- Agressividade sexual.
- Tendência à violência física.
- Competitividade intensificada.
- Isolamento social.
- Baixa empatia.
- Pressão exacerbada por sucesso material, uma vez que o valor de um homem está associado ao sucesso material, a masculinidade tóxica promove uma pressão e esgotamento em decorrência a essa expectativa.
- Dificuldade de construir relacionamentos saudáveis.
- Necessidade de dominar ou controlar pessoas e situações o tempo todo.
Como a tecnologia ajuda a lidar contra o machismo?
Graças a diversos materiais educativos, cursos, blogs, podcasts e vídeos disponíveis na internet, as pessoas podem entrar em contato com conteúdos que ampliam o debate sobre gênero, raça e sexualidade. Desse modo, a tecnologia se apresenta como uma ótima ferramenta para aprender a lidar contra o machismo.
Para te ajudar, listamos aqui algumas sugestões de materiais que contribuem para o diálogo sobre igualdade de gênero, desconstrução do machismo e promoção de uma masculinidade saudável. Confira:
Podcast
Filmes e documentários
- Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gêneros
- Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta
- Mulheres do Século 20
- As Sufragistas
- Colette
- Absorvendo o Tabu
- O Sonho de Wadjda
- O silêncio dos homens
Grupo de apoio online
- Comunidades no Reddit
- Chats no Discord
- MEMOH
- Grupo psicoterapêutico para homens negros: manos e masculinidades
- Grupo refletindo masculinidades
Páginas Instagram e materiais educativos
- Percorrendo masculinidades
- O papel do homem na desconstrução do machismo
- Equidade e Paternagem
- Papo de Homem
A cultura do machismo, bem como a masculinidade tóxica são um conjunto de normas, comportamentos e crenças que perpetuam as violências de gênero, raça e sexualidade no Brasil e no mundo. Para mudar esse cenário, é preciso que as pessoas se conscientizem, se informem com o apoio das tecnologias e lutem para construir uma sociedade mais igualitária e que abrace, de fato, todas as diferenças. Vamos juntos?
Até a próxima!