Saiba o que é love bombing e fique alerta aos sinais

Ah, o amor! Quem não gosta de receber uma mensagem de “eu te amo” inesperada no “zap” ou um presente fora de época de um crush recente, que se manifeste agora, afinal, carinho nunca é demais. Opa! Será mesmo? Não, mas só se essas práticas não denunciarem um comportamento que, a longo prazo, pode ser bastante nocivo para as suas vítimas: o love bombing.

Já entendeu que essa pauta tem cara de red flag (bandeira vermelha) ou não conhece o termo ainda?

O que caracteriza uma red flag em uma relação varia de casal para casal mas, no todo, há uma compreensão geral quando a pauta é relação amorosa: são sinais que representam os primeiros avisos de traços pouco saudáveis e potencialmente prejudiciais para a pessoa ou as pessoas envolvidas na relação.

No love bombing, quem se dá mal é sempre um lado só da moeda, e quem o pratica ainda pode esconder perfis idênticos ao do “golpista do Tinder” – estelionatário que enganou mulheres ao redor do mundo com suas juras de amor, joias e presentes caros, prometendo compromisso sério.

Já mantenha o radar ligado, porque vamos trazer algumas características de quem tem esse perfil.

Love bombing – atenção aos sinais

Situação 1: o primeiro encontro. O local, um restaurante badalado. Ele chega com um buquê de flores, não olha para o celular uma única vez e, na hora de pagar a conta, diz: “não acredito, acho que finalmente encontrei minha alma gêmea”. Ao te deixar em casa pergunta: “quer namorar comigo?”.

Situação 2: três meses de convívio intenso com aquele cara que te deu um match no aplicativo e falava coisas que ninguém tinha dito. Ele te ligava de manhã para dar bom dia, na hora do almoço só para falar que você era incrível e, claro, no final da noite, porque ninguém deixa de escrever para “a mulher com quem quer ter filhos” antes de dormir.

Você se sentia desconfiada, mas esperava que ele desse um primeiro passo. Quando mergulhou de cabeça, surpresa – ele disse que estava confuso e nunca mais respondeu suas mensagens no WhatApp. Simplesmente, sumiu.

Situação 3: um casamento com ciclos de demonstrações de amor infinito por 10 anos. O parceiro, você conheceu pela internet. Morava na Espanha e te cortejava pelas redes como nenhuma outra pessoa na vida. Claro que você abriu mão de tudo, fez suas malas e foi para perto desse “achado raro” do mundo virtual. Ele te endeusava, mas quando veio a gravidez, te culpou e, incrivelmente, passou a te criticar em tudo (inclusive seus aspectos físicos), sem contar que dava pouca assistência à filha.

Quando você mencionava uma separação, o companheiro retomava as jornadas de romantismo exacerbado, mas por pouco tempo, só enquanto você não falava mais em término.

As situações acima foram mencionadas por mulheres vítimas do love bombing. Perceba que os três relatos entregam características bastante comuns por trás da prática, na verdade, abusiva: falta de empatia, parceria e cumplicidade.

O sumiço desses abusadores é quase sempre certo após conquistarem alguém, daí uma característica comum: curtem negligenciar emocionalmente suas vítimas.

Mas quais os traços comuns das pessoas que o praticam?

Quem é quem por trás do love bombing

A psiquiatria já levantou uma das principais características. A técnica de manipulação é frequentemente usada por pessoas com transtorno de personalidade narcisista – condição em que indivíduos têm um senso inflado de sua própria importância, uma profunda necessidade de atenção e admiração, relacionamentos conturbados e falta de empatia pelos outros.

Quase sempre tentam exercer o controle se esforçando para se tornarem o centro do mundo de suas vítimas. Por isso, exigem toda a sua atenção para, no fim, isolá-las.

Só que por trás dessa máscara de extrema confiança está uma frágil autoestima  vulnerável à menor crítica – sim, eles detestam receber críticas e também não enfrentam fracassos de forma muito saudável.

De acordo com análises de especialistas, o love bombing ocorre em qualquer formato afetivo, entre casais héteros e gays. É menos comum em mulheres, mas qualquer pessoa da relação que busque ser dominante no relacionamento tem potencial para praticar o abuso, que ainda pode ser premeditado. Lembra de quando falamos do “golpista do Tinder”?

O famoso caso que repercutiu no mundo inteiro é ainda pior porque carrega outras más intenções: Simon Leviev roubava mulheres que conheceu pelo app, mas ates de aplicar os golpes bancários, era o típico sonho de consumo de quem acredita em contos de fadas.

Quais as principais vítimas e seus prejuízos?

Na mira dos abusadores estão pessoas de perfis mais vulneráveis no campo do amor, quase sempre aquelas que amam mais a seus parceiros que a si mesmas.

Em alguns casos, o alvo mais fácil é quem cresceu sem a presença paterna e teve a infância e adolescência marcada por problemas de baixa autoestima.

De acordo com relatos de psicoterapeutas, essas relações podem deixar um rastro de destruição emocional, mas, ainda assim, as vítimas, quando abandonadas, continuam sentindo falta dos mimos e excessos de demonstrações de carinho. Quando o abusador passa a dar menos atenção a elas, a tendência é que se culpem e sintam-se inferiores.

Como me precaver do love bombing?

Não existe bem uma regra para o amor e cada relacionamento tem sua individualidade, mas às vezes a gente se coloca em umas emboscadas pré-anunciadas, que estavam com um sinal de alerta bem grandão na nossa frente. E as chamadas red flags são exatamente sobre isso.

Nesse cenário, aí vão algumas dicas:

1. Se parece bom demais para ser verdade, já fica o alerta, especialmente no começo do relacionamento: desconfie de mensagens e ligações incessantes, juras de amor desproporcionais ao curto período em que vocês se conhecem e muitos presentes.

2. Busque entender se você está diante de uma pessoa com transtorno narcisista: elas costumam ter uma necessidade excessiva de chamar atenção e um senso de importância infladíssimo. Também costumam pecar pela falta de empatia pelos outros.

3. Liste características de relacionamento saudáveis e faça a comparação: um bom relacionamento tem muitos ingredientes em uma só balança. Além da atenção estão a empatia, o respeito, o carinho e a escuta, valores que dificilmente contemplam pessoas narcisistas.

4. Seja realista: as características de quem pratica o love bombing podem até não ser a de quem divide uma vida amorosa com você hoje, mas, no todo, olhe para o quadro geral do relacionamento e entenda se ele está te fazendo bem ou mal. No segundo caso, claro, não perca tempo para se desfazer dessa relação e coloque a fila para andar o mais rápido possível, antes que você possa ter maiores prejuízos emocionais!

5. Descobri que sou uma vítima, e agora? Antes de tudo, acalme-se e lembre-se que tentar reabilitar seu parceiro poderá ser frustrante. Incentivá-lo a buscar ajuda profissional deverá surtir zero efeito, afinal, como dissemos mais acima, quem pratica o love bombing tem bastante dificuldade de aceitar fracassos e críticas. Portanto, prefira vocês mesmo buscar auxílio profissional, alguém com quem possa conversar.

Vale lembrar que o afeto na relação é construído aos poucos: começa com um bate-papo, a descoberta de algo em comum que mantém as pessoas mais tempo juntas, o respeito e o companheirismo mesmo em situações difíceis, além claro, da química natural entre o casal.

Tudo isso é oposto ao love bombing, capaz de promover um turbilhão de emoções bacanas no início de uma história que será boa só no começo, porque a tendência, já no curto prazo, é azedar toda a sua relação.

Conhece alguém que nem sabe, mas pode estar se relacionando com algum abusador com essas características?

Se sim, não perca tempo. Mande correndo para ela este post!