O STEM é uma sigla em inglês utilizada para referenciar as disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Embora sejam áreas de extrema importância para o desenvolvimento econômico, científico e social de qualquer país, elas ainda são predominantemente ocupadas por homens brancos.
Para celebrar o dia do empoderamento feminino, comemorado no dia 10 de novembro, e pensar sobre cenários mais inclusivos e diversos, destacamos, neste artigo, mulheres que desafiaram e continuam desafiando essa realidade.
Afinal, mesmo enfrentando uma série de obstáculos, essas pioneiras em STEM vêm quebrando barreiras, superando preconceitos e abrindo caminhos para futuras gerações de meninas e mulheres. Então acompanhe o texto e saiba:
- Os benefícios de potencializar a representatividade feminina;
- Desafios enfrentados por elas;
- Mulheres pioneiras e inspiradoras no setor
Boa leitura!
A subrepresentação feminina em STEM
As mulheres têm alcançado grandes conquistas nas últimas décadas, apesar disso, a subrepresentação feminina em STEM ainda é uma realidade, principalmente quando falamos de mulheres negras nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
De acordo com os dados apresentados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), nos últimos cinco anos (2015 a 2022), houve um aumento de 60% da participação feminina no setor de tecnologia.
No entanto, 83,3% do mercado continua a ser composto por homens, enquanto as mulheres ocupam apenas 12,3% dos cargos de tecnologia. É o que aponta a pesquisa realizada pela Revelo, a qual revela também que em carreiras como full-stack, infraestrutura e back-end, a proporção é de 10 homens para cada 1 mulher em um desses cargos.
Quando utilizados os marcadores de gênero e raça, a realidade se mostra ainda mais crítica. Uma pesquisa de 2022 da Pretalab aponta que apenas 11% das mulheres negras ocupam cargos de tecnologia. Em um estudo produzido pela #QuemCodaBR, 32,7% dos profissionais de tech no Brasil afirmaram que não têm pessoas negras em suas equipes de trabalho.
Desafios enfrentados pelas mulheres em STEM
Desde cedo, muitas meninas são desencorajadas a seguir carreiras em STEM devido a estereótipos de gênero. Há uma visão cultural enraizada de que as áreas de ciência e engenharia são “masculinas” e, por isso, muitas vezes meninas acabam sendo influenciadas a escolher outras trajetórias.
Porém, mesmo quando superam essa barreira inicial, as mulheres em STEM enfrentam desafios como a disparidade salarial – até 2022, a diferença salarial entre homens e mulheres era de 22%, registra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em São Paulo, entre o segundo e o terceiro trimestre, o rendimento das mulheres não negras por hora custava cerca de R$ R$ 24,55; enquanto os homens não-negros recebiam R$ 29,50. Já no caso das mulheres negras, a disparidade salarial é ainda maior: elas recebiam cerca de R$ 14,90 e os homens negros angariavam por hora, R$ 17,14
Além da diferença salarial, as mulheres enfrentam outras barreiras, como a falta de suporte institucional, falta de políticas que promovam a equidade racial e de gênero, e a discriminação em seus ambientes de trabalho. Mas, graças à força coletiva feminina, mulheres de todo o mundo conseguiram superar essas dificuldades e se destacaram na STEM, tornando-se referências e modelos para outras mulheres.
Mulheres Inspiradoras em STEM
A história de mulheres pioneiras em STEM é marcada por perseverança, genialidade e paixão pela ciência. Elas abriram espaço para futuras gerações e provaram que a ciência, a tecnologia, a engenharia e a matemática não têm gênero.
A seguir, conheça algumas das mulheres que se destacaram nessas áreas e que continuam a inspirar meninas e mulheres a entrarem e permanecerem em STEM.
Katherine Johnson
Katherine Johnson foi uma matemática e física da NASA, onde desempenhou um papel essencial no sucesso das missões espaciais tripuladas dos Estados Unidos. Responsável pelos cálculos que levaram à primeira missão tripulada à Lua, o seu trabalho teve amplo destaque em filmes, como Estrelas Além do Tempo.
Em um ambiente onde poucas mulheres, especialmente mulheres negras, tinham voz, Katherine provou seu valor com sua habilidade matemática excepcional. Seu legado não apenas quebrou barreiras raciais e de gênero, mas também destacou a importância da diversidade nas ciências.
Ada Lovelace
Reconhecida como a primeira programadora de computador do mundo, Ada Lovelace foi uma matemática e escritora inglesa do século XIX. Ela criou o primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina, visionando o potencial dos computadores muito antes de eles se tornarem uma realidade.
Heloísa Pires Lima
No Brasil, a cientista social Heloísa Pires Lima se destaca pela sua luta em prol da visibilidade das mulheres negras na ciência e engenharia. Além de ser uma pesquisadora dedicada, é uma das principais figuras na promoção da diversidade na ciência brasileira.
Ela trabalha para desconstruir estereótipos e mostrar que a ciência deve ser inclusiva e representativa. Seu trabalho é fundamental para abrir portas para jovens negras que, muitas vezes, não encontram referências nas áreas de ciência e tecnologia.
Jaqueline Goes de Jesus
Líder da equipe responsável por sequenciar o genoma do coronavírus no Brasil em tempo recorde, Jaqueline Goes de Jesus ganhou destaque internacional em 2020. Esse feito foi realizado apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no país. A média no resto do mundo para esse mapeamento era de 15 dias.
A sua competência e agilidade foram essenciais para a pesquisa e o combate ao vírus no Brasil. Jaqueline se tornou um símbolo da excelência feminina na ciência e mostrou ao mundo a importância de investir na educação e na ciência como meio de salvar vidas.
Nina da Hora
A cientista da computação e ativista brasileira Nina da Hora é uma referência em iniciativas de inclusão digital e educação tecnológica. Ela trabalha para democratizar o acesso à tecnologia, ensinando programação e ciência da computação de forma acessível, especialmente para meninas e minorias.
As histórias dessas mulheres são inspiradoras e ressaltam o quanto é possível avançar em uma área historicamente dominada por homens. Desde Katherine Johnson, que calculou os passos da missão à Lua, até Nina da Hora, que promove a inclusão digital no Brasil, essas pioneiras são a prova de que a ciência, a tecnologia, a engenharia e a matemática são áreas onde mulheres pertencem e prosperam.
No entanto, para que mais mulheres possam se sentir motivadas a seguir esse caminho, é necessário mudanças. Que empresas, instituições de ensino e governos promovam políticas de inclusão, combate ao preconceito e incentivo à formação feminina nessa área. Afinal, o mundo só tem a ganhar com mais mulheres em STEM!
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Até a próxima!