De cada quatro crianças e adolescentes no Brasil, um já sofreu algum tipo de cyberbullying – intimidação ou ofensa realizada por meios digitais.
É o que apontou levantamento de 2017 do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), revelando que um contingente de 5,6 milhões de pessoas entre 9 e 17 anos passaram pelo problema.
A pesquisa global da Ipsos confirma esse panorama, indicando que 29% dos pais brasileiros afirmaram ter conhecimento de que seus filhos já foram alvo agressões nas mídias sociais, o que colocou o Brasil em segundo lugar no ranking mundial de frequência desse tipo de crime, atrás apenas da Índia.
Canais de denúncia, legislação que abrange o delito e maior conscientização de famílias e escolas sobre o tema são avanços registrados nos últimos anos. Contudo, para os especialistas, para de fato reverter esse quadro, é preciso adotar uma abordagem mais educativa, e não apenas punitiva.
É o que acredita Rodrigo Nejm , diretor de educação da SaferNet, organização sem fins lucrativos que reúne cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis em direito, todos com a missão de defender e promover os direitos humanos na internet.
Entre as ações da entidade para combater o cyberbullying e outros tipos de crimes na rede, estão campanhas informativas, materiais didáticos com orientações para pais e professores, além de uma linha aberta para denúncias que pode ser acessada aqui e que já registra, desde 2006, mais de 3,9 milhões de ocorrências.
“Não há dúvida que é fundamental a denúncia e a devida responsabilização, inclusive a partir dos 12 anos o agressor pode responder criminalmente, mas na nossa visão, é preciso antes de tudo educar para o respeito na rede, para a diversidade que tem seu reflexo ali”, diz.
Nejm ressalta que uma postura dos pais e educadores focada em esclarecer e formar valores pode ter um efeito mais positivo. “O ciberbullying muitas vezes é subestimado pelos adultos, apontado como uma brincadeira de criança, mas é aqui que o exemplo é essencial, mostrando que não existe brincadeira quando um se diverte e o outro sofre, e que esse tipo de comportamento pode trazer graves consequências”, indica o diretor.
“É uma atitude de educação socioemocional mesmo, onde entram conversas e orientações sobre liberdade de expressão, mediação de conflitos, a manifestação dos estados emocionais e seu controle, a cultura do respeito e o uso responsável das mídias sociais”, sugere.
“São medidas que podem ajudar a enfrentar o problema de forma pacífica, no momento em que a personalidade e a moral das crianças estão em formação, muito antes de ter que chegar a uma denúncia”, conclui.
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