Vamos combinar que celulares, tablets, TVs, streamings e assistentes de voz fazem cada vez mais parte do ambiente das crianças — e começando mais cedo do que nunca. Mas qual é o impacto dessa interação e como promover o uso equilibrado destes recursos já desde a primeira fase de vida?
Falar sobre tecnologia na infância exige responsabilidade. A primeira infância, período que compreende os primeiros seis anos de vida, por exemplo, é considerada uma das fases mais importantes para o desenvolvimento humano. E este é um momento no qual estamos educando e formando os pequenos para interagir com o mundo, não só com as telas.
Ou seja, é preciso falar de equilíbrio. Por isso, trazemos hoje um guia completo sobre o assunto. Aqui você vai ver hoje:
- Prós e contras do uso da tecnologia;
- Tempo de tela recomendado;
- Equilíbrio é a chave para o uso da tecnologia na infância;
- Papel da família no uso consciente desses recursos.
Boa leitura!
Tecnologia na infância

A discussão sobre os efeitos da tecnologia no cotidiano infantil envolve pontos positivos e desafios que merecem atenção.
Mas uma coisa certa é que o uso da tecnologia e da internet no processo de desenvolvimento infantil não pode ser visto apenas pelo lado dos desafios. Isso porque há potenciais benefícios importantes para a educação e formação dos pequenos. Exploraremos a seguir os principais pontos
Benefícios do uso consciente
Sim, embora os especialistas sempre recomendem que a introdução de dispositivos eletrônicos deva ser feita sempre de forma gradual e compatível com a fase de desenvolvimento da criança, a verdade é que, com mediação e supervisão, a tecnologia pode oferecer recursos valiosos para o desenvolvimento infantil.
Algumas das principais vantagens incluem:
Estímulo cognitivo
Jogos e aplicativos educativos, segundo a pesquisa TIC Kids Online 2023, contribuem para a aprendizagem de lógica, linguagem, matemática básica e criatividade.
Acesso à informação de forma lúdica
Plataformas de vídeos, jogos e leitura digital adaptam conteúdos à linguagem infantil.
Interação com familiares distantes
Chamadas de vídeo são um recurso importante para fortalecer vínculos afetivos. E os meios tecnológicos, querendo ou não, possibilitam que os afetos mais distantes estejam próximos nas rotinas.
Riscos da exposição excessiva
Por outro lado, o uso sem critérios pode impactar negativamente o desenvolvimento de uma série de condições, incluindo a saúde mental das crianças, principalmente por meio do vício nas redes sociais.
Estamos falando de:
Problemas de sono e irritabilidade
A exposição prolongada à luz azul afeta o ritmo circadiano e prejudica a qualidade do sono.
Redução da atividade física
O tempo sedentário em frente às telas pode substituir as brincadeiras motoras e as interações sociais.
Atrasos no desenvolvimento da linguagem
Estudos mostram que crianças com menos interação verbal com adultos tendem a apresentar atraso na fala. A ABORL (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) indica que crianças até 6 anos não usem celular em decorrência deste possível atraso.
Impactos no comportamento emocional
O uso sem mediação pode resultar em dependência digital, dificuldade de lidar com frustrações e maior risco de isolamento.
Tempo ideal de tela em cada idade

A recomendação de tempo de exposição varia conforme a idade da criança. O ideal é que o uso de telas seja sempre supervisionado, especialmente nos primeiros anos de vida.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda os seguintes limites:
Faixa Etária | Tempo de Tela Recomendado |
0 a 2 anos | Evitar totalmente. Priorizar interação humana. |
2 a 5 anos | Até 1 hora por dia, sempre com mediação. |
6 a 10 anos | Até 2 horas por dia, com pausas regulares. |
11 anos ou mais | Até 3 horas por dia, com regras bem definidas |
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria
Equilíbrio é a chave para usar tecnologia com crianças
Mais do que proibir ou liberar sem critério, o objetivo é criar um ambiente que favoreça o uso consciente da tecnologia. Algumas práticas podem ajudar a promover esse equilíbrio:

Crie uma rotina com pausas para atividades offline
Leitura, brincadeiras ao ar livre, passeio com amigos, desenho e conversas em família é um ótimo meio da criança desenvolver vínculos.
Evite telas antes de dormir
Recomenda-se, ao menos, uma hora sem dispositivos antes do horário de descanso. Por isso, na hora de colocar as crianças na cama, vale dar o jantar, banho e um momento de leitura — ou de contação de história — para criar bons vínculos com os filhotes. Também pode ser um momento para refletir sobre o dia, ouvir o que o pequeno tem a dizer.
Participe do que a criança consome
Assista junto, comente, explique e traga contexto. Segundo a Revista Científica de Alto Impacto, a presença ativa dos adultos durante o uso das telas tem tudo para tornar a experiência mais rica, segura e significativa para todos.
Oriente sobre conteúdos apropriados
Evite programas ou jogos com violência, linguagens inadequadas ou excesso de estimulação visual.
Use recursos de controle parental
Aplicativos e plataformas educativas oferecem suporte para filtrar conteúdo e limitar o tempo de uso.
Família também tem responsabilidade sobre a tecnologia
O exemplo vem de casa. Crianças observam e imitam os comportamentos dos adultos à sua volta, inclusive no uso de tecnologia. Por isso, a postura da família é determinante para formar hábitos saudáveis.
Nesse sentido, vale seguir essas orientações:
- Revise seus próprios hábitos digitais: se os adultos passam o tempo todo no celular, a criança entenderá esse padrão como normal.
- Adote combinados familiares: tempo de tela coletivo, espaços da casa livres de eletrônicos e momentos compartilhados sem dispositivos.
- Dialogue sobre o uso da tecnologia: faça perguntas, escute, compreenda os interesses da criança e proponha alternativas equilibradas.
- Crie vínculos longe das telas: atividades simples como cozinhar, montar quebra-cabeças ou passear contribuem para a qualidade da convivência.
Concluindo
Para tornar a Internet e as telas mais benéficas e eficientes no apoio ao desenvolvimento das nossas crianças, uma coisa é fundamental: que a família esteja atenta ao papel que a tecnologia ocupa em sua própria rotina, promovendo o uso consciente — uma ação que se aprende aos poucos e melhora no cotidiano.
Afinal, a tecnologia na infância não é, por si só, uma vilã
Quando usada de forma moderada e de olhos abertos, as telas e redes podem ser fontes valiosas para impulsionar o aprendizado e o entretenimento de toda a família. Só que é essencial estabelecer limites e incentivar uma rotina equilibrada, que inclua atividades offline.
Então, acompanhe de perto o uso dos dispositivos e, sempre que necessário, busque orientação de especialistas para garantir o bem-estar da criança.
Estar presente, orientar e refletir sobre os próprios hábitos é essencial para garantir que as crianças cresçam com autonomia, segurança emocional e relações saudáveis no mundo digital e com o mundo real. E todos podemos ajudar nisso.
Aqui, no Dialogando, nós falamos sobre o uso da internet para a construção de um mundo melhor. Inclusive ao falar sobre a tecnologia na infância, que pode ser aliada dos pais nessa fase.
Até a próxima!
Acredito que todos que têm contato de alguma maneira com crianças devem ajudar a limitar o tempo de tela delas. Que todos juntos encontrem uma maneira benéfica para equilibrar a vida virtual da real. Valeu e até a próxima, Dialogando! \o/