A pesquisa Games Brasil 2018 mostrou que 75,5% dos brasileiros são usuários de algum tipo de jogo eletrônico, seja por meio do celular (84%), console (46%) ou computador (45%).
Em complemento, o estudo TIC Kids Online Brasil estima que oito em cada 10 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos são usuários de internet, correspondendo a 24,3 milhões de pessoas, sendo que 20% dos entrevistados indicaram não ter conseguido passar menos tempo na rede.
É notória a popularidade da diversão on-line conectada entre todas as faixas etárias, mas recentemente a inclusão do vício em vídeo games na Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS (Organização Mundial da Saúde) acendeu um alerta: como saber onde acaba o uso saudável e começa um problema mental, passível de tratamento médico?
De acordo com o diretor de educação da ONG SaferNet, Rodrigo Nejm, é preciso, antes de tudo, muita cautela ao classificar um usuário como potencial viciado em games, avaliando apenas a quantidade de horas passadas em frente às telas animadas.
“Um potencial entusiasmo com os jogos não significa necessariamente um problema, se isso não compromete as outras atividades de trabalho, lazer e interação social”, destaca.
“Antes do advento da internet, por exemplo, não era incomum passarmos dias brincando com as bolinhas de gude ou com a boneca nova que ganhamos no Natal, é um interesse natural por algo que nos traz diversão, relaxamento e, com as novas tecnologias, surgiram outras distrações”, aponta.
“Não é porque é uma plataforma online que é necessariamente prejudicial, e classificar alguém como dependente baseado apenas no tempo dedicado a essa atividade é um equívoco”.
Nejm explica que a identificação do vício em games, conforme registrado pelo CID, exige um diagnóstico feito por profissionais. “O uso excessivo pode estar relacionado a uma ou mais causas e os sintomas precisam ser observados de forma regular por pelo menos 12 meses, como recomendam os especialistas”, conta o diretor.
“Se o usuário gosta de jogos e usa seu tempo livre nisso, mas mantém outros interesses, trabalha e estuda normalmente, convive com os amigos e a família, não é um comportamento que necessariamente indique um distúrbio”, diz.
“Quando há um problema mental, o portador não consegue controlar o impulso de jogar, ele sofre de verdade quando não está jogando, e isso passa a comprometer todas as outras áreas de sua vida. É um problema sério e precisa ser tratado como tal”.
Para os pais, a dica de Nejm é trabalhar desde cedo a questão do equilíbrio entre as diversas atividades para prevenir um eventual uso excessivo dos games eletrônicos.
“A ideia é criar momentos de lazer desconectados, em que todos possam interagir de maneira divertida, ao ar livre, com outros tipos de entretenimento que não envolvam o meio digital, ampliando o escopo de interesse das crianças, colaborando para seu desenvolvimento cognitivo e, em última instância, estreitando o convívio familiar”, completa.
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