Tem quem ame estar diante do volante de um carro. Dizem que virar a chave de ignição e dar a partida é uma das melhores sensações antes de pegar a estrada.
Na contramão dessa turma, há pessoas que guardam certos traumas e que, por isso, trocam o conforto do banco de trás dos veículos pelos trens, metrôs e ônibus. Pertence a esse grupo quase sempre quem sofre das chamadas sequelas invisíveis dos acidentes de trânsito: transtornos de estresse pós-traumático, que impedem muita gente de tentar aprender a dirigir. Mais um motivo que só reforça a importância do Maio Amarelo na agenda das campanhas globais, todos os anos.
Segundo estudos da USP (Universidade de São Paulo), essa realidade atinge principalmente adultos em faixa etária produtiva de vida e constitui um grave problema social e de saúde pública em todo o mundo.
Além da perda de vidas, essas ocorrências podem comprometer não só a mobilidade de quem sofreu um acidente, mas também podem prejudicar as relações sociais e a saúde física e mental, dentre outras implicações diversas para as vítimas e seus familiares.
Talvez a tecnologia não seja capaz ainda de amenizar todos esses entraves, mas ela já vem colaborando bastante para desbloquear o medo de dirigir adquirido por essas pessoas, com efeitos muito positivos também para a educação dos pequenos no trânsito, desde cedo.
Hoje, o uso da realidade aumentada está presente em muitas autoescolas do país, inovação que já vem sendo usada para conscientizar crianças e adolescentes para que se possa desenhar um futuro de ruas e estradas mais positivas para motoristas e pedestres.
Entenda!
Tecnologias imersivas em missão antitraumas
Se você acha que os óculos mostrados na imagem acima, são de uso exclusivo para promover experiências imersivas em jogos e outras situações de entretenimento, é hora de rever os seus conceitos.
Esses equipamentos, com fones de ouvido e sensores, representam uma transformação global sobre a forma como interagimos com milhões de pessoas em áreas diversas, como nos setores do varejo, educação, saúde, engenharia, militar e muitos outros.
Para que a realidade virtual se materialize, dando vida às chamadas experiências imersivas no trânsito, é preciso usar um headset especial, que combine softwares e hardwares que aumentem a sensação real de conduzir veículos.
As tecnologias imersivas unem elementos fundamentais para que futuros motoristas possam adquirir o conhecimento da direção com estímulos visuais, sonoros e táteis que simulam uma situação real, porém em ambiente seguro e controlado.
“Essa experiência prévia dá maior segurança ao condutor quando o cenário de direção for o físico, porque o universo virtual já deu preparo para que ele pudesse interpretar e reagir em situações cotidianas ou de perigo”, explica Rodrigo Nejme, Diretor de Educação da SaferNet Brasil.
Nesse cenário, as tecnologias imersivas são uma superoportunidade para que as pessoas que sofrem de diferentes tipos de fobias possam aplicar as instruções em ambientes virtuais gradativamente, na prática, antes de encararem as ruas das cidades.
“A simulação, com profundidade e sensação do olhar 360 graus dentro de um carro, permite experimentar os recursos dos automóveis e aplicar técnicas de frenagem, dentre tantas outras, lidando com o mesmo barulho e as situações adversas ao redor”, diz.
Se interessou pela boa nova? Então saia à caça das autoescolas que já oferecem a inovação e perca seus traumas, aos poucos, respeitando seu próprio tempo!
O executivo ainda considera que a inovação será divisora de águas, especialmente no eixo que é sua grande paixão: o da educação.
Consciência desde o “berço”
Rodrigo defende que a educação no trânsito deve ser um compromisso das escolas desde o ensino básico, que corresponde aos primeiros anos do ensino formal. Por isso, reforça que o uso da realidade aumentada pode ser poderoso nesse processo.
“A imersão vai para além do aprendizado sobre as placas ou as antigas campanhas polêmicas com a exibição de cenas muito violentas no trânsito, que chocavam e traumatizavam as crianças”.
A realidade virtual pode colocar jovens dentro de jogos para que pratiquem as melhores condutas mesmo enquanto pedestres, aprendendo, desde cedo, as normas em respeito às leis de trânsito.
“É possível simular um acidente, fazer e refazer várias vezes a mesma história e mostrar, por exemplo, os impactos promovidos em milésimos de segundos ao responder uma mensagem ao celular em movimento. Seja por meio de uma brincadeira com uma criança ou uma simulação de acidente com adultos, é uma espécie de campanha de conscientização capaz de marcar a memória afetiva das pessoas, de forma muito mais positiva”.
Na mira da popularização
Os óculos de realidade virtual vêm gerando maior curiosidade das instituições públicas e privadas com a alta das buscas nas plataformas pelo metaverso, mundo tridimensional que o Dialogando já trouxe por aqui. Confira no post.
A popularização da tecnologia ainda esbarra nos valores praticados no mercado para a aquisição dos headsets, no país, encontrados por valores entre R$ 3.200,00 e R$ 12.000,00.
Rodrigo imagina que haverá um processo gradativo, mas rápido!
“As expectativas são de popularização um pouco mais rápida do que a dos celulares, que demoraram quase uma década para se popularizar no Brasil. Há indícios de que a Realidade Aumentada e outros recursos de filtros ganhem força mesmo antes da entrada maciça desses equipamentos, a valores diferenciados no país”, afirma.
Nós já estamos loucos pela inovação e, se você que chegou até aqui dirige, te desafiamos a testar o seu nível de consciência no trânsito no Quiz Maio Amarelo! Preparado?
E aguarde porque, em breve, mostraremos como a tecnologia da realidade aumentada (RA) vêm apontando novos caminhos para a usabilidade e a inclusão.