Mais de 45 milhões de brasileiros são Pessoas com Deficiência (PCD), ou 24% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Melhorar a vida de quem enfrenta diariamente desafios de toda a ordem e promover sua inclusão na sociedade é o objetivo de pesquisadores em todo o mundo. Os avanços científicos já obtidos e em curso revelam que a tecnologia pode ser grande aliada nesta missão.
Um dos projetos mais significativos, direcionados a pessoas paraplégicas, leva a assinatura de profissionais brasileiros: o desenvolvimento de um exoesqueleto cibernético cujos movimentos são controlados por ondas cerebrais. O pioneiro nesta empreitada foi Miguel Nicolelis, que atua nos Estados Unidos e apresentou seu trabalho ao mundo em 2014, na cerimônia de abertura da Copa do Mundo no Brasil, possibilitando que um homem com paralisia motora desse o chute inicial na bola do torneio com o equipamento. Segundo o cientista, desde então oito pacientes com lesão na medula registraram recuperação parcial no tato e controle voluntário das pernas com o dispositivo, indicando que a interação cérebro-máquina pode ajudar inclusive no tratamento. Na esteira dessas descobertas, a neuroengenheira paranaense Michele de Souza e sua equipe construíram um protótipo de exoesqueleto com usinagem de baixo custo e alta tecnologia, mas a meta aqui é garantir que seja acessível, com valor semelhante ao de uma cadeira de rodas, em torno de R$ 1 mil. O produto já está em fase de testes e a expectativa é que comece a ser comercializado em breve.
Nos Estados Unidos, a empresa Second Sight, que já fabrica um tipo de retina artificial que proporciona visão parcial a quem apresenta determinado tipo de cegueira, iniciou um teste clínico com um implante cerebral denominado Orion. A inovação converte imagens capturadas por uma câmera de vídeo, inserida em óculos especiais, em impulsos elétricos transmitidos sem fio a uma série de eletrodos na superfície do córtex visual no cérebro do usuário. O resultado é a percepção de padrões de luz que contornam a retina e o nervo ótico para restaurar a visão de pacientes com deficiência visual devido a glaucoma, retinopatia diabética, câncer ou traumas.
A Microsoft também está usando todo o seu poder de gigante do setor para colaborar com as empreitadas nessa área. A empresa acaba de lançar a AI for Accessibility, iniciativa que prevê um investimento de mais de US$ 25 milhões nos próximos cinco anos em projetos que contemplem inovações tecnológicas para pessoas com deficiência, com base na Inteligência Artificial. O esforço deve reunir startups, ONGs e pesquisadores acadêmicos e da própria corporação, com foco em ferramentas que assegurem maiores oportunidades de independência e empregabilidade.