A revolução na palma da mão

3 de maio de 2017

Você se lembra da primeira ligação feita no seu primeiro celular?

Dependendo da sua idade, deve ser inesquecível – mesmo porque era muito caro cada minuto de conversa e era preciso pensar bem antes de discar. Além disso, era, de fato, impressionante poder levar um telefone no bolso ou na bolsa e não precisar de fio para discar para alguém. Impressionante.

Mas a próxima pergunta é mais difícil.

Você se lembra da última ligação feita no seu telefone celular?

Parece que faz mais tempo que a primeira, não é?

Mas tudo bem que você não se lembre. Afinal, telefonar é algo absolutamente desnecessário. Há tantas outras formas de se comunicar hoje em dia que dá até para afirmar que o telefone está em extinção.

Os primeiros celulares traziam alguns mimos, como despertador, joguinhos e rádio. Hoje, eles são tudo menos telefone. São computadores de bolso que trazem como mimos uma coisa que se usa menos que o rádio de antigamente, a função de chamada. E essa capacidade de continuar pequeno e conter cada vez mais recursos e ferramentas está mudando o mundo. Não o seu. Esse ele já mudou. Está mudando o mundo mesmo, especialmente em lugares onde o celular não é uma alternativa, mas o único canal de comunicação com o mundo.

“Está ocorrendo um grande efeito democratizante”, afirma John Githongo, um dos principais líderes contra a corrupção no Quênia. “O crescimento no acesso a smartphones leva à criação de redes que são mais amplas, profundas e duráveis do que nunca vimos antes”, acrescenta ele, referindo-se à mobilização de cidadãos com as mesmas necessidades, mas geograficamente distantes, criando manifestações e pressões sobre o governo, numa rede que seria impossível sem o celular em lugares onde nenhuma outra forma de comunicação existe. “Já estamos testemunhando uma transformação na forma como as pessoas se relacionam com seus governos”, acrescenta Githongo – graças à tecnologia, que está aumentando a transparência e dando voz aos cidadãos.

Os celulares – assim como a criatividade e a necessidade – também estão salvando vidas. No ano passado, o Ministério da Saúde e Bem-Estar Familiar da Índia lançou um programa nacional para promover comportamentos de saúde que salvam vidas. O Mobile Kilkari faz telefonemas para mães e gestantes com informações fundamentais, de acordo com o estágio da gravidez ou a idade do filho. Logo de início, 2 milhões de mães se inscreveram. Outro programa, o Mobile Kunji, ajuda as famílias com orientações dos mais diversos tipos. Os trabalhadores da área da saúde entregam às pessoas cartas semelhantes à de um baralho, mas com um código que o celular lê e baixa mensagens de áudio de acordo com as necessidades de cada pessoa ou família.

A necessidade sempre foi a mãe de todas as invenções. Agora, elas cabem na palma da mão.

Fonte: Dialogando - A revolução na palma da mão Dialogando

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