Qual é o papel da tecnologia, se não promover avanços positivos na vida das pessoas? Um exemplo está na acessibilidade. Segundo o Censo do IBGE de 2010, o Brasil tem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil, sendo 506 mil cegas e cerca de 6 milhões com baixa visão. Entre as pessoas cegas, 110 mil tem 15 anos ou mais e não são alfabetizadas.
Sabe o que isso significa? Que de 1 em cada 4 pessoas (25%) com alguma deficiência visual era considerada não alfabetizada. Estamos falando de menos oportunidades de comunicação, sociabilização e inserção no mercado de trabalho para pessoas que não podem ler e escrever.
Se já não basta a luta contra o capacitismo – a discriminação de pessoas com deficiência baseada na construção social de um corpo padrão, considerado “normal” pela sociedade, é preciso também deixar de lado a ideia de que pessoas com algum tipo de deficiência não são capazes de executar as mesmas atividades que outras.
Pois são, sim! E podem fazer de tudo, até muito melhor. É aí que entra o papel da tecnologia para ajudá-las a atingir esse estado de plenitude e permitir que cada um desenvolva suas habilidades e sua identidade da melhor forma.
Compartilhar histórias de superação no combate ao preconceito é uma das bandeiras da Dialogando e de toda a Vivo. Agora, nós queremos apontar como a bandeira que levantamos desde sempre, a da tecnologia para mudar para melhor a vida das pessoas, pode – e deve – ajudar portadores de deficiência visual a levar uma vida muito mais plena.
Vem com a gente!
Braile: um exemplo de tecnologia bem-sucedida
Qual é a primeira coisa que vem na sua mente quando você pensa em tecnologia para deficientes visuais? Pois o Sistema Braile é considerado a primeira tecnologia disruptiva ao facilitar a leitura, compreensão e comunicação de pessoas que não possuem visão, ou têm visão apenas parcial.
O Braile é um código tátil formado por sinais em relevo, que pode ser entendido com as mãos, pelo toque. Ele foi inventado por Louis Braille, que ficou cego totalmente aos 3 anos, como uma alternativa aos grandes códigos-relevo que existiam em sua época. Seu método se baseada numa célula de apenas três pontos de altura por dois de largura, e depois melhorou o próprio sistema, incluindo notação musical, números e muito mais.
Tudo isso com apenas 15 anos! Exceto algumas pequenas melhorias, o sistema permanece basicamente o mesmo até hoje.
Desde então, o sistema desempenha um papel fundamental na vida das pessoas que nasceram cegas, representando um método de leitura, de compreensão escrita, de comunicação. Muito mais: uma emancipação que abre as portas para a autonomia na leitura e na escrita!
As novas tecnologias que estão mudando o panorama da acessibilidade
Da invenção do Braile aos dias de hoje, muita coisa mudou. E pata melhor! Novas tecnologias para deficientes visuais revolucionaram a acessibilidade, promoveram independência e inclusão e permitem que pessoas possam realizar suas atividades de forma completa.
Temos muitos exemplos de pessoas que superaram a barreira do preconceito: Stevie Wonder e Ray Charles se tornam músicos famosos e de destaque em suas áreas nos Estados Unidos, e Andrea Bocelli segue lotando estádios mundo afora. Marla Runyan competiu nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Georgina Harwood saltou de paraquedas aos 94 anos.
A tecnologia faz nossa vida não ter limites!
Hoje, contamos com softwares de leitura de tela que são fundamentais. Eles transformam texto em áudio, permitindo que pessoas com deficiência visual acessem conteúdo online, e-mails, documentos e páginas da web com facilidade, assim como acompanhar eventos ao vivo com uma espécie de tradução simultânea. Tudo isso por meio de som, ou com uso de Braille eletrônico.
Temos também o GPS Adaptado. Ele oferece orientação por voz, permitindo que pessoas com deficiência visual naveguem com segurança, facilitando deslocamentos mais complexos. Muitas pessoas com deficiência possuem bengala-guia ou até um cão-guia, mas o GPS eletrônico permite muito mais: ele confere uma precisão que outras tecnologias não conseguem dar.
Uma tecnologia que veio para ficar é a do Reconhecimento Facial. Ele facilita a identificação de pessoas e expressões, promovendo interações sociais mais inclusivas. Também permite uma segurança maior no acesso a dispositivos eletrônicos, permitindo que pessoas com deficiência possam se sentir mais seguras ao acessar aplicativos bancários e outros.
Por fim, uma tecnologia muito animadora e que cada vez mais ganha corpo é a de reconhecimento de voz.
São aplicativos e programas de transcrevem textos, permitem a entrada de voz e transformam essa entrada em informação. O reconhecimento de voz deu vazão aos Assistentes Virtuais, como a Siri (Apple) e a Amazon Alexa (Amazon), que ajudam pessoas com deficiência a realizar várias tarefas, como fazer chamadas, enviar mensagens, definir lembretes, reproduzir música, controlar dispositivos domésticos inteligentes e muito mais, tudo pelo uso da voz.
Acreditamos que todas essas mudanças vieram para tornar o mundo um lugar melhor, mais justo, mais acessível e igual. Mas ainda há um longo caminho para combater de vez o capacitismo e promover uma experiência com dignidade e igualdade para portadores de deficiência.
Por trás de todos os mitos e preconceitos, é na tecnologia e no poder de mobilização das pessoas que podemos promover a acessibilidade. São os avanços contínuos como os que você leu acima, e soluções cada vez mais acessíveis que estão transformando positivamente a experiência daqueles com necessidades visuais especiais.
E não para por aí, não. O caminho é ir muito mais além e permitir mais igualdade e dignidade para todos.