Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2014 apontou que 57% dos cidadãos com deficiência no Brasil usam a internet com frequência. Apesar de a demanda gerada por um público que apresenta necessidades específicas e limitações visuais, físicas e auditivas, a maioria dos sites ainda não se encontra totalmente adaptada a essas condições. As dificuldades vão desde o uso de fontes muito pequenas e falta de descritivo de imagens ou vídeos, até a ausência de ferramentas adequadas de zoom nas páginas, menus incompatíveis com programas de leitura de telas e ausência de conteúdo em libras.
A acessibilidade em sites de órgãos públicos e privados é obrigatória desde 2015, quando foi sancionada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146). Recentemente, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou uma resolução defendendo o mesmo ponto, considerado fundamental para possibilitar que os benefícios da inovação tecnológica sejam aproveitados também pelas pessoas com deficiência. Mas dados do W3C Brasil – representação local do consórcio internacional dedicado ao desenvolvimento de padrões para a rede – constataram que menos de 6% dos sites governamentais estão adequados, sendo que entre as empresas este número é ainda menor.
Para tentar mudar este quadro, no ano passado foi lançado o movimento Web para Todos, que reúne organizações da sociedade civil dispostas a trabalhar pela difusão da acessibilidade, com base em uma plataforma de caráter informativo e educacional. Além de disponibilizar ferramentas para a avaliação dos sites e respectiva indicação da busca de melhorias, engloba ainda uma série de materiais de orientação para ajudar instituições e corporações que desejam adaptar suas páginas de forma planejada e eficiente. Há uma cartilha bastante didática, dividida em fascículos I e II. Cases com boas práticas também podem ser compartilhados ali.
Estudos do Web para Todos já revelaram que os desafios se estendem a outros tipos de páginas, não só as institucionais ou educativas. Uma análise dos 15 sites de e-commerce mais acessados no país, segundo o ranking do Alexa, indicou que 76% dos usuários que testaram a navegação com programas de leitura de telas declararam não ter sido possível compreender as imagens de acordo com sua descrição, o que é especialmente prejudicial para as pessoas com deficiência visual, que dependem desta tecnologia. Em 43% dos testes, não foi viável encontrar informações como nome, CNPJ e endereço de maneira fácil e 28% não conseguiram concluir o processo de compra. Entre os que efetivamente tiveram sucesso, 67% não puderam cancelar pedido, sendo que 30% nem localizaram essa opção, fatores que, inclusive, ferem o Código de Defesa do Consumidor.