Denúncias de crimes cibernéticos disparam depois do primeiro turno

24 de outubro de 2018

Tão logo foram anunciados os resultados do primeiro turno das eleições, as redes sociais foram tomadas de manifestações, tanto dos que tiveram seus candidatos eleitos, como daqueles que ficaram insatisfeitos. A polarização se acirrou e a exposição de opiniões, também. Uma boa parte dessas publicações ultrapassou os limites da liberdade de expressão, replicando discursos de ódio e incorrendo em crimes envolvendo xenofobia, racismo, homofobia, violência contra mulheres e até neonazismo. A boa notícia é que se expandiu também a conscientização e disposição dos brasileiros em delatar as práticas ilícitas no mundo virtual. Entre 16 de agosto e 8 de outubro, o canal on-line de denúncias da ONG SaferNet recebeu 18.243 registros de ocorrências contra 8.875 no mesmo período de 2017, um aumento de 105,5%.

Embora praticamente todos os tipos de crimes tenham apontado aumento de denúncias, o mais significativo foi o de xenofobia, com um crescimento de 4000%, saindo de 130 em 2017 para 5.444 em 2018. No cerne dessa expansão estão os ataques aos nordestinos, que passaram a ser hostilizados por comporem a maioria dos votos atribuídos a um dos candidatos. Em segundo lugar ficou outro tipo de agressão debatida durante as campanhas, a violência e discriminação contra mulheres, com uma alta de 1.287%, atingindo 1.568 denúncias contra 113 no ano passado. Denúncias de racismo aumentaram 14,7%, homofobia, 52,3%, neonazismo, 33,4% e intolerância religiosa, 29,7%.

As denúncias no canal da SaferNet são anônimas e o autor recebe um número de protocolo para acompanhar as providências. Os registros procedentes são encaminhados ao Ministério Público Federal, responsável pelas investigações e responsabilizações, mas a ONG, focada na defesa dos direitos humanos na internet, atua em parceria com órgãos do governo, iniciativa privada, autoridades policiais e judiciais. Em ocorrência recente envolvendo o ataque cibernético a um grupo do Facebook, criado para reunir eleitoras contra um dos candidatos, auxiliou o contato com os responsáveis da rede social para apuração dos autores e reestabelecimento do grupo e dos perfis de algumas usuárias, que também foram invadidos.

Outra forma de reportar os crimes cibernéticos é procurar as delegacias especializadas, existentes em alguns estados do Brasil, mas qualquer delegacia mais próxima do denunciante também pode receber a queixa. É importante guardar prints, mensagens, endereços de sites e perfis nas redes sociais, tudo o que ajude a comprovar a agressão. Os crimes na internetsão qualificados pelas mesmas leis que regem os delitos fora das redes, com as respectivas punições. Saiba mais clicando aqui.

Fonte: Dialogando - Denúncias de crimes cibernéticos disparam depois do primeiro turno Dialogando

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