Tão logo foram anunciados os resultados do primeiro turno das eleições, as redes sociais foram tomadas de manifestações, tanto dos que tiveram seus candidatos eleitos, como daqueles que ficaram insatisfeitos. A polarização se acirrou e a exposição de opiniões, também. Uma boa parte dessas publicações ultrapassou os limites da liberdade de expressão, replicando discursos de ódio e incorrendo em crimes envolvendo xenofobia, racismo, homofobia, violência contra mulheres e até neonazismo. A boa notícia é que se expandiu também a conscientização e disposição dos brasileiros em delatar as práticas ilícitas no mundo virtual. Entre 16 de agosto e 8 de outubro, o canal on-line de denúncias da ONG SaferNet recebeu 18.243 registros de ocorrências contra 8.875 no mesmo período de 2017, um aumento de 105,5%.
Embora praticamente todos os tipos de crimes tenham apontado aumento de denúncias, o mais significativo foi o de xenofobia, com um crescimento de 4000%, saindo de 130 em 2017 para 5.444 em 2018. No cerne dessa expansão estão os ataques aos nordestinos, que passaram a ser hostilizados por comporem a maioria dos votos atribuídos a um dos candidatos. Em segundo lugar ficou outro tipo de agressão debatida durante as campanhas, a violência e discriminação contra mulheres, com uma alta de 1.287%, atingindo 1.568 denúncias contra 113 no ano passado. Denúncias de racismo aumentaram 14,7%, homofobia, 52,3%, neonazismo, 33,4% e intolerância religiosa, 29,7%.
As denúncias no canal da SaferNet são anônimas e o autor recebe um número de protocolo para acompanhar as providências. Os registros procedentes são encaminhados ao Ministério Público Federal, responsável pelas investigações e responsabilizações, mas a ONG, focada na defesa dos direitos humanos na internet, atua em parceria com órgãos do governo, iniciativa privada, autoridades policiais e judiciais. Em ocorrência recente envolvendo o ataque cibernético a um grupo do Facebook, criado para reunir eleitoras contra um dos candidatos, auxiliou o contato com os responsáveis da rede social para apuração dos autores e reestabelecimento do grupo e dos perfis de algumas usuárias, que também foram invadidos.
Outra forma de reportar os crimes cibernéticos é procurar as delegacias especializadas, existentes em alguns estados do Brasil, mas qualquer delegacia mais próxima do denunciante também pode receber a queixa. É importante guardar prints, mensagens, endereços de sites e perfis nas redes sociais, tudo o que ajude a comprovar a agressão. Os crimes na internetsão qualificados pelas mesmas leis que regem os delitos fora das redes, com as respectivas punições. Saiba mais clicando aqui.