Diversos estudos em monitoramento das redes sociais comprovaram que perfis falsos são usados para dar volume a um determinado ponto de vista, sendo grandes aliados da difusão de informações falsas na internet. Além disso, podem ajudar a promover determinadas personalidades, inflando os números de curtidas, visualizações, comentários, compartilhamentos, retuítes e seguidores. Aproximadamente 15% das contas no Facebook e no Twitter são falsas. No Facebook, isso representa 270 milhões de contas falsas e duplicadas, no Twitter são 48 milhões de bots. Uma vez que essa é uma prática altamente lucrativa para os produtores de perfis falsos, nem sempre eles irão servir a um único lado de um debate.
Parte fundamental dessa discussão é entender como perfis falsos se dividem entre contas automatizadas, os bots, e contas gerenciadas por pessoas. Os bots, que são apelidados carinhosamente do termo em inglês robots (robôs), são um tipo de perfil automatizado, que funciona com uma programação dada e que podem se manifestar como chatbots, bots de programação independente, ou bots criados em massa, que normalmente servem a um determinado interesse político. Existem ainda os ciborgues, que são contas parcialmente automatizadas que também são geridas manualmente por pessoas, publicando novos conteúdos fora da sua programação. E ainda, há os perfis falsos que são inteiramente geridos manualmente, esses mais comuns ao Facebook, que criam identidades falsas para construir redes de amigos e marcar presença em grupos e páginas na rede social, como revelou uma reportagem da BBC Brasil em dezembro do último ano. Algumas empresas fraudulentas criam uma grande quantidade desses perfis para administrar “fazendas de likes”, em que vendem pacotes que prometem entregar likes para um cliente em suas publicações na rede.
Entretanto, nem todos os perfis que não correspondem à identidade verdadeira de um usuário têm necessariamente objetivos prejudiciais. O anonimato, e a adoção de um pseudônimo, ainda é uma saída muito recorrente para pessoas de minorias políticas que não queiram se identificar na internet, temendo represália e perseguição. Num cenário dúbio como esse, como podemos combater bots e perfis falsos que buscam manipular o debate público?
A denúncia ainda é uma prática muito importante para combater perfis falsos com discurso de ódio e preconceito, no entanto, ela não impede a substituição pela criação de novas contas.
O Facebook e o twitter, poderá recadastrar seus usuários de forma a permitir saber quem estaria utilizando para espalhar notícias falsas ou criminosas. A confidencialidade é importante, mas diante de crimes praticados comprovadamente e requerida judicialmente, ficaria fácil identificar os autores e contribuiria para moralizar essa pratica delituosa. Também valorizaria o sistema como meio de comunicação .
Olá, Francisco! Sua reflexão é importante para esse debate. Gostaríamos de sugerir nosso texto ‘Como identificar perfis falsos’.