Estratégias para garantir a segurança online de estudantes

20 de fevereiro de 2024

Foi dada a largada para uma nova polêmica no universo educacional – as escolas do Rio e de São Paulo fecharam o cerco e proibiram o uso de smartphones no começo deste mês. A iniciativa não diz respeito à segurança online de estudantes, e vem contrariando um movimento iniciado no pós-pandemia, quando, depois das aulas virtuais, as escolas entenderam que deveriam incorporar o celular considerando também as dificuldades de sociabilização dos alunos detectadas após o isolamento.

As restrições já vêm sendo recomendadas pela ONU após a divulgação de um relatório contundente de um levantamento que mostra uma “associação negativa entre o uso das tecnologias e o desempenho dos estudantes”.

Outro estudo recente da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também constatou que o uso de aparelhos eletrônicos tem efeitos no aprendizado dos alunos.

No final, o celular, que tinha ganhado um status de ferramenta pedagógica e passou, inclusive, a ter o uso requisitado em sala de aula, acabou atrapalhando a concentração, mesmo quando guardado na mochila.

O banimento do aparelho nos ambientes escolares vem ganhando força em outros países – Espanha, Portugal, Holanda, Finlândia, Suíça e México já aderiram. Canadá e Estados Unidos ensaiam entrar para o grupo.

A medida restritiva, claro, não exclui o acesso necessário para a utilização da tecnologia via notebooks e tablets nas práticas pedagógicas, que, aliás, estão determinadas na Nova Base Nacional Comum Curricular, a BNCC. Por isso o uso de inovações deve permanecer – e de preferência, aumentar – ao menos nas instituições que já contam com recursos.

Entenda o que a BNCC espera das escolas nesse eixo, ouça o podcast que traz dicas para a aplicação da tecnologia no ensino e entenda por que é importante promover ambientes digitais seguros nas escolas para proteger crianças e jovens nas linhas abaixo!

Segurança online para estudantes: por que é necessário falar sobre isso?

#PraTodosVerem: fotografia colorida de uma professora ajudando um jovem aluno com a lição que manipula um notebook apoiado sobre a mesa.

Desenvolver as habilidades socioemocionais para o alcance da chamada Educação 5.0 só será uma realidade no ensino de nosso país quando o uso das inovações em sala de aula for capaz de cercar nossos alunos com o cadeado da segurança!

Gestores e docentes visionários já sabem que a internet traz uma série de benefícios no processo de aprendizagem, mas nem todos entenderam ainda que ela pode apresentar alguns aspectos negativos, principalmente no que se refere à proteção dos dados e à segurança das crianças ao utilizar ferramentas digitais.

Entre os principais problemas, podemos mencionar:

Falta de segurança e privacidade durante a navegação

Seu uso favorece a coleta de dados sobre as crianças que utilizam as plataformas. Nesse cenário, os riscos são similares aos que expõem qualquer adulto, já que esses dados podem ser desviados e utilizados de forma maliciosa por criminosos.

Um aplicativo que pareça superinocente e despretensioso pode ser um verdadeiro perigo quando o assunto é segurança digital. A confidencialidade das informações é uma grande preocupação do mundo moderno, não à toa nosso país aderiu à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), regulamentação essencial para garantir a proteção das informações no meio digital.

Compartilhamento de dados

Quando a pauta é criança e adolescente, essa preocupação toma dimensões maiores. 

As plataformas educacionais, embora práticas e benéficas, quase sempre contam com desenvolvedores terceirizados que nem sempre dão garantias de que as informações coletadas estão protegidas de acordo com a LGPD. E é aí onde mora o perigo! Nome completo, data de nascimento, endereço residencial, fotos e outras informações correm o risco de cair na mão de terceiros. A partir daí, não se sabe mais qual será a intenção de quem receber.

Contato direto com cibercriminosos

Dependendo da política da instituição de ensino, os estudantes podem ter acesso a sites diversos, plataformas de jogos e páginas de entretenimento em que conseguem manter contato com colegas e parceiros de jogo, sem que haja nenhum tipo de monitoramento.

A gamificação do ensino, por exemplo, torna o dia a dia muito mais engajador para a turma, mas o maior problema de alguns contatos entre usuários é que na outra ponta pode haver alguém com intenções criminosas. Daí para que as crianças fiquem mais expostas e possam até fornecer dados extremamente sensíveis, como fotos, endereço residencial, rotina familiar, entre outros, é um pulo!

Exposição dos alunos nas redes sociais

É importante haver um consentimento entre as escolas e os responsáveis pelos alunos sobre como as imagens dos estudantes podem ser utilizadas com segurança.

Fotos e vídeos podem parecer inofensivos, mas são informações capazes de mostrar a rotina, localização e horários das crianças, facilitando a ação de sequestradores.

Violências psicológicas

Outro exemplo bastante perigoso é o assédio online. Nesse eixo entra, por exemplo, o cyberbullying e o assédio digital.

Por conta do crescimento na utilização de recursos tecnológicos no ambiente escolar, os casos de cyberbullying aumentaram drasticamente nos últimos anos, causando riscos impensáveis para as crianças.

No todo, os fatores elencados acima exigem de gestores, professores e responsáveis que tomem medidas específicas para cercar nossos jovens de proteção, sem deixar de lado o ensino escolar e doméstico para prepará-los para navegar com responsabilidade e segurança desde cedo.

Promovendo a segurança online de estudantes nas escolas

Há recursos e estratégias aplicáveis com o intuito de aumentar a segurança online no ambiente escolar. Tome nota de algumas dicas!

Capacitação dos educadores

Gestores devem preparar professores para lidar de forma transparente com as questões relativas à proteção cibernética, especialmente porque as novas gerações cresceram expostas a um grande volume de informações e recursos, cenário em que é importante saber esclarecer dúvidas e guiar a turma para a utilização consciente e segura da internet.

Busque junto às secretarias de ensino do seu município treinamentos que possam colaborar para que todo docente se sinta pronto para isso.

Fale sobre exposição de dados

Com o uso excessivo das redes sociais, é importante não só que entendam os riscos que essas plataformas podem apresentar, uma vez que muitos adultos também os desconhecem.

Menores de idade estão, infelizmente, na mira de milhares de cibercriminosos que buscam nas crianças e jovens brechas para coletar informações.

Alguns utilizam golpes de engenharia social como o phishing para atraí-los em plataformas de jogos ou para oferecer esquemas e estratégias para garantir benefícios nos games mais populares. Na verdade, esse tipo de conteúdo tem o intuito de coletar dados confidenciais e facilitar outras práticas que podem comprometê-los.

Fale sobre cyberbullying

A nova geração cresceu cercada pelas tecnologias, de forma que a sua comunicação acontece em grande parte pela internet.

Embora a troca de informações facilitada pelas redes sociais seja positiva, a comunicação digital também pode ser uma arma quando utilizada de maneira inadequada, favorecendo o cyberbullying.

A internet não é uma terra sem lei e deve ser utilizada conforme regras de boa convivência, baseada em comportamentos adequados que jamais agridam as pessoas. Por isso faça rodas de conversa e discuta o tema com os estudantes com frequência.

Utilize métodos de pesquisa seguros

Como vimos anteriormente, a internet está cheia de armadilhas que podem ser plantadas nos ambientes mais inesperados. Dessa forma, é importante que os alunos e os profissionais entendam a importância de se utilizar métodos de pesquisa seguros e confiáveis.

Muitos sites falsos estão por aí aguardando o clique da próxima vítima — muitas vezes, como réplicas quase perfeitas dos originais. Por isso é necessário encontrar ferramentas seguras que ajudem a driblar essas ameaças. 

Tanto os profissionais quanto os alunos devem contar com as ferramentas corretas, que ajudem a evitar cair em armadilhas.

Um resumo das políticas de utilização segura da internet nas escolas (válida para gestores e responsáveis!)

#PraTodosVerem: fotografia de um pequeno menino mexendo ao celular, sendo ajudado por uma pessoa que tem apenas a mão à mostra na foto, também segurando o aparelho.

A implementação de uma política abrangente de segurança online para estudantes deve seguir algumas diretrizes para que seja, de fato, eficaz:

Educação e conscientização: ofereça programas educacionais para alunos, pais e professores sobre segurança online, incluindo identificação de ameaças, práticas seguras de navegação e o impacto das interações online;

Filtragem de conteúdo: utilize ferramentas de filtragem para bloquear sites inadequados e controlar o acesso a conteúdo impróprio;

Controle de acesso: implemente medidas para moderar quem pode acessar redes e recursos digitais na escola e em casa, como logins individuais e senhas;

Monitoramento: monitore o uso da internet e das ferramentas digitais para identificar atividades suspeitas ou comportamentos de risco das crianças e adolescentes;

Política de privacidade e proteção de dados: estabeleça diretrizes claras sobre como os dados dos alunos são coletados, armazenados e compartilhados, em conformidade com as leis vigentes;

Parceria escola, pais e responsáveis: se você é uma escola, envolva os pais e responsáveis na elaboração e implementação da política de segurança online, fornecendo recursos e orientações sobre como proteger seus filhos em casa;

Atualização e revisão regular: gestores devem manter a política de segurança online atualizada com as mudanças na tecnologia e novos desafios relacionados às ameaças cibernéticas, revisando regularmente e fazendo ajustes conforme necessário;

Parcerias com especialistas: ninguém faz nada sozinho, então essa dica é para você, diretor ou coordenador que não sabe por onde começar. Busque o auxílio de especialistas em segurança cibernética e organizações governamentais ou sem fins lucrativos como a Safernet para obter orientação e recursos adicionais.

#PraTodosVerem: fotografia colorida de um menino e uma menina abraçados no corredor de uma escola. Eles estão sorrindo para fazer o retrato.

Ao adotar uma abordagem holística e proativa para a segurança online de estudantes, as escolas podem ajudar a garantir um ambiente digital seguro e protegido para seus alunos, promovendo, ao mesmo tempo, o uso responsável e educacional da tecnologia.

Para que o ensino seja gostoso, engajador, sem que a gente precise voltar à era analógica no setor, juntos podemos ficar com o melhor da internet!

Você é gestor e está enfrentando algum desafio relativo à tecnologia na sua escola?

Conte para a gente nos comentários!

Fonte: Dialogando - Estratégias para garantir a segurança online de estudantes Dialogando

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