Nós temos certeza de que você não sai pelas ruas mostrando suas partes íntimas para todo mundo, não é mesmo? Por isso hoje te provocamos a pensar com responsabilidade em uma pauta que a enorme maioria das pessoas ainda negligência bastante: a da segurança e da privacidade na internet.
Mas privacidade na internet é apenas sobre o vazamento de imagens íntimas?
JAMAIS.
Pense que praticamente tudo o que fazemos na rede deixa algum rastro. E esse é o motivo pelo qual você não precisa (nem deve!) sair por aí deixando tudo registrado e publicado.
Aquela foto com a xícara de café postada no Insta, em frente ao computador para anunciar que seu dia começou, por exemplo, pode mostrar muita coisa que você nem percebe se seu notebook já estiver ligado, a depender do arquivo ou da página que estiverem abertas no seu monitor.
Aliás, no começo desse mês, na China, aconteceu uma história inusitada.
Uma mulher, que jantava com amigos em um restaurante, cedeu à irresistível prática de fotografar seu prato e postar nas redes sociais. Só que o registro foi junto com o QR-Code da mesa, por onde eram feitos todos os pedidos de seus acompanhantes. Resultado: estranhos que tiveram acesso à publicação começaram a pedir, na mesma comanda, mesmo após a mulher perceber a situação.
No final, ela apagou o post, mas a conta ficou em US$ 60 mil – quase R$ 300 mil e a decisão da equipe do restaurante foi mudá-la de mesa junto a seus amigos na tentativa de separar os pedidos corretos feito pelo grupo, dos falsos que foram feitos um atrás do outro por estranhos.
Entenda: as novas tecnologias ampliam radicalmente nossas liberdades, mas também podem permitir violações de privacidade como nunca antes imaginado. Essa realidade nos obriga a avaliar os custos e benefícios de nossas publicações e do nosso comportamento digital no todo – porque, na maior parte dos sites “gratuitos”, nós somos a mercadoria e pagamos justamente oferecendo nossos dados.
Venha com a gente entender a importância desse tema na era digital!
Privacidade online: o que são dados pessoais, afinal?
Ainda pensa que dados pessoais são só numéricos e que o maior problema é a descoberta do seu CPF?
Personally Identifiable Informations (PII) ou informações de identificação pessoal, na tradução, é o termo usado em segurança da informação para as informações que podem ser usadas para identificar, contatar ou localizar uma única pessoa.
Embora o conceito seja antigo, o PII tornou-se muito mais importante quando a tecnologia da informação e a internet facilitaram o levantamento de informações pessoalmente identificáveis – levando a um mercado lucrativo para a coleta e a revenda destas informações.
Entenda o que entra na esteira dos dados pessoais claramente identificáveis:
- Nome completo (se não for comum);
- Número da cédula de identidade;
- Endereço comercial e residencial;
- Número do cadastro de pessoa física;
- Número do título eleitoral;
- Endereço IP (em alguns casos);
- Número de placa de identificação de veículos;
- Número da carteira nacional de habilitação;
- Rosto (mesmo foto ou o vídeo da face), impressões digitais ou manuscritos;
- Número do cartão de crédito;
- Informações financeiras como renda, investimentos e bens adquiridos;
- Data de nascimento;
- Local de nascimento;
- Informações genéticas.
Segurança e privacidade online: principais violações
Agora que você já sabe que dado não é só o seu RG, entenda o tamanho dessa problemática.
No ano passado, entre as principais violações reportadas à SaferNet – organização não governamental que atua no mapeamento de denúncias anônimas de crimes e violações contra os direitos humanos na internet – as queixas referentes a dados pessoais apareceram em três momentos:
*SaferNet Brasil/#IndicadoresHelpLine
- Problemas com dados pessoais;
- Exposição de imagens íntimas (se a denúncia tiver exposto a face da vítima);
- Fraude/golpes/e-mails falsos (já que quase sempre esses golpes se dão após a pessoa ceder algum dado pessoal).
Por mais confiável que pareça um aplicativo ou site, agora você pode entender por que já falamos da importância de não aceitar nada nas redes sem ler.
Imagine o que pode acontecer, por exemplo, se você aceita, sem ler, todas as condições descritas no termo de uma nova plataforma recém-lançada de bate-papo por câmera com algum desconhecido, como a OmeTV?
Quem a usa para a troca de nudes poderia estar prestes a dividir imagens íntimas com seus desenvolvedores sem nem ficar sabendo. E não dá para contar com a boa-fé de todo mundo, não é mesmo? Principalmente na internet.
E tem mais! As empresas podem atualizar os termos de uso periodicamente. Ignorar essas atualizações pode fazer com que você continue usando um serviço sob novas condições sem perceber.
Deu para entender que para a garantia da sua segurança e privacidade online há um agente fundamental: você!
Privacidade online: para além do vazamento de fotos íntimas e prejuízos financeiros
A lista para os problemas que envolvem o descuido com seus dados pessoais não é pequena. Mas trouxemos algumas preocupações relacionadas à negligência na proteção de dados pessoais online:
Roubo de identidade: se informações pessoais, como nome completo, data de nascimento, número de Seguro Social ou detalhes de contas bancárias caírem nas mãos erradas, podem ser usadas para cometer fraudes e roubo de identidade.
Fraudes financeiras: dados de cartões de crédito, informações bancárias e outros dados financeiros podem ser explorados por criminosos para realizar transações fraudulentas, causando prejuízos financeiros com sérias consequências.
Phishing: dados pessoais são frequentemente alvos dos perigosos ataques de phishing – quando invasores tentam enganar as pessoas para que revelem senhas e outros dados confidenciais por meio de e-mails, mensagens falsas e sites fraudulentos. Você não pode cair nessa, por isso preparamos tudo do que precisa saber sobre o phishing neste link!
Assédio online: essas informações podem ser usadas para perseguir, intimidar ou assediar as vítimas, cenário em que é muito comum divulgações não autorizadas de dados pessoais caso a pessoa não ceda às chantagens (e a orientação é que ela procure ajuda policial, mas não ceda jamais!).
Violação de privacidade: para além do vazamento de imagens íntimas, o compartilhamento não autorizado de dados pessoais pode levar a violações significativas de privacidade, especialmente se informações sensíveis, como histórico médico, preferências sexuais ou dados pessoais de crianças, forem expostas.
Perfilamento e publicidade direcionada: muitas empresas coletam essas informações para criar perfis de usuários e direcionar anúncios personalizados. O descuido pode resultar em um perfil muito aproximado do próprio perfil das vítimas e, por consequência, a invasão de privacidade acontece sem nem mesmo ser você por trás do admin.
Ameaças à segurança: há casos em que dados pessoais são usados para comprometer a segurança física ou digital de uma pessoa. Isso pode incluir ameaças, perseguições e até mesmo invasões em domicílios.
Prejuízo à reputação: informações de terceiros usadas de maneira inadequada podem prejudicar a reputação de um indivíduo, tanto pessoal quanto profissionalmente e, em muitos casos, com danos emocionais profundos.
Você no comando! Dicas para manter a segurança e a privacidade online
Sua privacidade, claro, não depende só de você. Há mecanismos regulatórios como o Marco Civil da Internet, que impõe barreiras tanto para empresas quanto para as pessoas físicas no uso das redes, no entanto seu papel a favor de si mesmo é fundamental.
Por isso atenção! Agora é hora de levar essas dicas para toda a vida. Tome nota!
- Jamais compartilhe senhas com terceiros. Ainda que sejam familiares ou amigos, não divida essas informações ou logins de acesso. Quanto mais secreta sua senha, menores os riscos de ela ser usada em situações das quais você não está ciente;
- Mantenha seus softwares atualizados. Computadores, tablets e celulares devem se manter na última versão. O mesmo vale para os aplicativos instalados;
- Use um antivírus adequado. Nunca utilize um antivírus duvidoso ou que ofereça uma proteção abaixo do esperado;
- Prefira a navegação anônima. O modo permite que o usuário navegue pela internet com mais segurança. Ao optar por ele, ficam ocultos os logins, senhas, histórico de sites visitados, cookies e demais dados;
- Aplique termos de compromisso quanto ao sigilo de informações. Essa regra vale para empresas, instituições e demais organizações que mantêm equipes de trabalho ou de voluntariado, por exemplo. Esses termos fortalecem a proteção dos dados e contribuem para que as pessoas envolvidas em situações indevidas quanto ao uso de dados sejam punidas;
- Busque formas mais seguras de identificação. Evite, sempre que possível, acessos com logins e senhas convencionais. Caso seja disponibilizada a biometria facial, priorize este recurso. Uma dica é adotar um gerenciador de senhas – aplicativo capaz de armazenar uma grande quantidade de senhas que também ajuda na criação de senhas fortes. Essas informações são criptografadas e bloqueadas utilizando uma chave única, assim, basta usar apenas uma senha para ter acesso a todas aquelas que estão no banco de dados do gerenciador;
- Cumpra as regras contidas na Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, que se aplica não só às pessoas jurídicas, mas também às físicas. Seguir essas normas da Lei Geral é fundamental para a proteção das informações e segurança no ambiente virtual.
Lembre-se de que ninguém é invulnerável na internet, por isso também é necessário saber onde você clica. Se você não está seguro quanto a seus cliques, tire a prova de seus conhecimentos neste quiz, e vamos juntos construir uma internet mais saudável para todos!
