Transgêneros: representatividade online

23 de março de 2017

Das inúmeras mudanças e dos incontáveis avanços que a internet não para de acrescentar ao mundo, uma das mais poderosas é a capacidade de amplificar a voz de pessoas e grupos antes silenciados.

Antes da era digital, para qualquer minoria ser ouvida era preciso sair às ruas e torcer para que o eco de sua voz fosse reproduzido por um grande meio de comunicação, como a televisão ou um jornal.

A internet mudou tudo, e de um quartinho nos fundos de uma casa, com um notebook no colo, uma ideia pode viajar longe, disseminando-se silenciosamente sem limites de tempo e de espaço – e mudar a História.

Um dos exemplos mais bem-acabados desse poder está acontecendo com a comunidade LGBTQIA+ e as pessoas transgêneras – palavra que se refere a pessoas que não se identificam com o gênero designado no nascimento.

Especialistas acreditam que a internet é a principal responsável por uma grande mudança na vida dos transgêneros. Um deles é a psicóloga americana Kathy Lowry, que há treze anos atende crianças e jovens transgêneros na Flórida. “Eles estão se conectando e encontrando outras pessoas que estão no mesmo barco”, diz Lowry.

Eles já não se sentem tão só, e solidão é algo que eles sentiram a vida inteira. Além disso, eles estão sendo capazes de obter respostas para perguntas que antes não tinham a quem fazer”, acrescenta.

Segundo a psicóloga, ainda não há estudos ou estatísticas que confirmem isso, mas sua experiência profissional é o de um aumento consistente de pessoas que assumem sua transexualidade e que vão lidar com ela em grupos ou no consultório.

A internet têm sido não só fonte de informação, mas também um canal de propagação de ideias e de empoderamento para a comunidade LGBTQIA+.

Vários canais no YouTube, por exemplo, mostram isso. Um deles é o Põe na Roda, espaço de humor, que trata de questões importantes para a comunidade LGBTQIA+ e que dificilmente teria algum espaço na mídia tradicional. “Quando me assumi, ao dizer que sou gay, sempre me senti rotulado”, disse ao site huffpostbrasil Pedro HMC, um dos idealizadores e criadores do Põe na Roda.

Outro canal bem-sucedido no combate à LGBTFOBIA e preconceito é o Canal das Bee. Sua criadora, Jessica Tauane, conta que ela mesma já pensou em suicídio por causa da sua sexualidade e que foi justamente com a internet que sua vida mudou.

“Entrei no YouTube e havia um canal chamado Dedilhadas, feito por duas lésbicas”, disse ela em entrevista à Folha de S.Paulo.

Eu, com todo aquele grilo, vi duas meninas lidando naturalmente com o motivo dos meus grilos e daí comecei a pesquisar, a ler e assistir a coisas sobre o assunto e fiquei com esperança”, recorda.

“Eu as via e me perguntava: será que algum dia vou conseguir ser tão feliz assim?”. E foi a ideia de fazer o mesmo por outras pessoas que ela criou em 2012 o Canal das Bee.

Pedro HMC e Jessica Tauane são referência para milhares de pessoas por causa do YouTube, mas a internet também opera de outras formas contra o preconceito.

É o caso da cantora Pabllo Vittar – diva da comunidade trans e uma celebridade nas redes sociais. “Nunca desisti, apesar de ser agredido todos os dias”, disse ela, ao jornal carioca Extra. E graças a ela – que se tornou conhecida com clipes no YouTube – muita gente não desiste também.

Você já parou para pensar como a representatividade é importante para que outras pessoas se sintam seguras e acolhidas no ambiente digital? Diga nos comentários o que você acha sobre isso!

Fonte: Dialogando - Transgêneros: representatividade online Dialogando

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