Desde 2015, durante todo o mês de setembro, acontece a campanha “Setembro Amarelo”. Ela é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a prevenção do suicídio, reduzir os estigmas associados à saúde mental e incentivar as pessoas a buscarem ajuda.
A iniciativa é fundamental para salvar vidas. Mas, em um mundo cada vez mais conectado, como a tecnologia pode ser usada a favor da saúde mental e do bem-estar emocional? E é sobre isso que vamos falar aqui neste artigo! De forma mais específica, vamos abordar:
- Índices sobre o impacto da saúde mental no mundo;
- Tecnologia como aliada da saúde mental;
- Sinais de que é necessário buscar ajuda;
- Como as redes possibilitam o encontro de apoio;
- Uso consciente das redes neste setembro amarelo.
Boa leitura!
Os índices sobre o impacto da saúde mental ao redor do mundo
Segundo dados da Associação Brasileira de Medicina de Emergência, publicados na Agência Brasil, o país registra 30 internações diárias associadas a tentativas de suicídio. Já no mundo, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio por ano. Isso quer dizer que, a cada 40 segundos alguém atenta contra a própria vida, de acordo com os dados de 2019 da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Desse total da OMS, ao menos 77% das mortes globais ocorrem em países de baixa e média renda. A Organização aponta também que a “violência autodirigida”, como é reconhecida na lista de ameaças à saúde, é a 14ª maior causa de mortes no mundo.
A OMS aponta que uma das maiores dificuldades no que se refere à prevenção e à conscientização sobre o suicídio é identificá-lo como um problema de saúde pública. Nesse sentido, a Organização alerta que tratar o assunto como “tabu” ou não falar sobre isso pode afastar a pessoa da família, dos amigos e até mesmo fazê-la desistir da busca por ajuda profissional.
No entanto, o suicídio pode ser evitado, porque mais de 90% dos casos estão associados às questões de saúde mental e, no diagnóstico de 36% das vítimas, há depressão. Por isso, a busca por ajuda pode mudar a história dessas pessoas.
A tecnologia a favor da saúde mental
A psicóloga psicopedagoga e coordenadora da Pós-graduação em Suicidologia: Prevenção e Posvenção, Processos Autodestrutivos e Luto, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Karina Fukumitsu, afirma que a tecnologia pode ser uma aliada importante no combate à desinformação.
“A agilidade que a tecnologia oferece na hora de prestar socorro é importante, pois a comunicação por meio do ambiente digital pode auxiliar nas situações de crise, já que em poucos minutos podemos realizar o encaminhamento necessário”.
Dessa forma, a tecnologia, quando utilizada de maneira responsável, pode ajudar a identificar problemas precocemente, oferecer apoio emocional e criar um ambiente seguro para discutir questões sensíveis. A seguir, listamos algumas formas que mostram como a tecnologia pode melhorar a saúde mental:
1. Aplicativos e plataformas de terapia on-line
Aplicativos e plataformas de terapia on-line, como Zenklub, Telavita e Psicologia Viva, são ótimos aliados para o bem-estar, uma vez que possibilitam acesso fácil a psicólogos e terapeutas de qualquer localidade.
2. Aplicativos de meditação e mindfulness
Além de ajudar as pessoas a aliviar o estresse e a ansiedade por meio de práticas de meditação e exercícios de respiração, esses aplicativos, como o Headspace e o Calm, incentivam momentos de reflexão e relaxamento para serem aproveitados diariamente.
3. Comunidades virtuais de apoio
Os fóruns on-line e grupos de redes sociais possibilitam que as pessoas criem suas redes de apoio e interajam com outras que possuam problemas semelhantes, como depressão, dependência emocional ou cyberbullying. As trocas de experiências e suporte mútuo são muito importantes para o processo de conscientização dos desafios emocionais que enfrentam.
4. Chatbots e Inteligência Artificial
Com a ajuda de chatbots, como o Woebot, usuários podem acessar conselhos e orientações sobre saúde mental, de uma maneira imediata e prática.
É importante lembrar que, embora os aplicativos não substituam o atendimento profissional, elas podem ser úteis para fornecer suporte temporário e orientações para buscar ajuda especializada. Outras opções dessas tecnologias, que devem ser conhecidas e usadas além do setembro amarelo são:
Fique atento aos sinais para procurar ajuda profissional
Os sintomas de depressão podem surgir em pessoas que já pensaram em suicídio. Por isso, a especialista faz o alerta: “Os principais indicativos de que uma pessoa precisa procurar ajuda para tratar a depressão são a persistência dos sintomas e a intensidade”.
“Quando os sintomas persistirem e a dor estiver forte demais, é importante procurar ajuda de escuta qualificada e de profissionais para iniciar tratamento. Lembrando que depressão tem cura, se dermos chances para tratamento”, complementa.
Além disso, conversar com outras pessoas na internet pode ajudar em situação de vulnerabilidade, porque, nesse momento, um dos maiores medos de quem está passando por essa situação pode ser a exposição. Por essa razão, é importante procurar canais de diálogo confiáveis, campanhas e projetos que lidam com a questão de maneira profissional.
Como usar as redes como canais de ajuda para encontrar apoio?
A internet pode ser uma ferramenta valiosa, desde que utilizada de forma saudável e consciente. Aqui estão algumas dicas de como as redes podem proporcionar empatia digital. Ou seja, de como você pode usá-la como forma de encontrar canais de ajuda e apoio:
1. Siga perfis de instituições de saúde mental e páginas relacionadas ao tema
Acompanhar páginas de instituições como ONGs, o Centro de Valorização da Vida (CVV) e outras dedicadas à saúde mental te ajudarão a se manter informado sobre o que você está passando e onde procurar ajuda, caso necessário.
2. Participe de grupos de apoio e fóruns on-line
Nos buscadores, você pode encontrar grupos de apoio que possam ajudá-los. Já em redes, como o Reddit ou whatsapp, você pode participar de grupos de apoio e fóruns online com pessoas que também passam pela mesma situação. As trocas de experiência são uma forma positiva de oferecer apoio emocional mútuo.
3. Ofereça apoio a amigos e seguidores
Uma outra maneira de utilizar as redes sociais de forma benéfica é abrir o diálogo sobre a temática da saúde mental e oferecer apoio aos amigos e seguidores (principalmente aqueles que costumam postar mensagens que indicam sofrimento emocional).
4. Divulgue informações de qualidade sobre o tema
Seja um disseminador de informações confiáveis sobre a prevenção ao suicídio e a saúde mental em suas redes sociais. Com essa atitude, você pode ajudar a conscientizar as pessoas sobre a importância de buscar ajuda especializada.
Uso saudável e consciente das redes no setembro amarelo
A psicóloga reforça o valor que campanhas podem ter tanto na prevenção quanto na posvenção do suicídio. “Acredito que as campanhas on-line são capazes de conscientizar as pessoas, desde que feitas de maneira sensata, sem sensacionalismo, informando os principais fatores de risco e de proteção, agregando pessoas em prol da causa”, relata.
Além do site da campanha Setembro Amarelo, que possui um site completo com informações sobre o movimento, ações e prevenção, o Centro de Valorização da Vida (CVV) também oferece canais de conversa com voluntários para quem quiser falar com eles. Pode ser através de chat, telefone (no número 188), e-mail ou presencial (locais que podem ser buscados por cidade ou região).
Já o Ministério da Saúde disponibiliza uma página dedicada ao assunto, com informações sobre “Sinais para saber agir”. O órgão também informa no site algumas ações de prevenção que estão sendo realizadas em diferentes regiões do Brasil.
Outra organização que atua em favor à vida é o da ONG Espaço Ser – Casa Matheus Campos. Segundo Karina Fukumitsu, “ambos têm realizado um trabalho lindíssimo, divulgando, informando e comunicando aspectos importantes para prevenção e posvenção do suicídio.”
Caso você esteja passando por uma situação de vulnerabilidade emocional ou conheça alguém que está passando por isso, incentive a busca por ajuda profissional. Agir com empatia, entender a dor do outro e oferecer apoio emocional em momentos como esse é o mais fundamental.
E não esqueça que o uso consciente da tecnologia pode promover mudanças positivas na sociedade. Portanto, utilize as suas redes sociais para propagar o bem, através da divulgação da campanha do Setembro Amarelo, bem como o apoio e o suporte àqueles que apresentam sinais de problemas de ordem emocional.
Até a próxima!
São de utilidade pública as informações contidas nessa matéria, por isso acredito que podem mudar a história das pessoas que estão precisando de ajuda, além de influenciar todos que as cercam. Muito bom saber como a tecnologia pode ajuda nesses casos. Vou divulgar essa campanha porque sempre apoiei e apoiarei essa causa.