Quanto vale um emoji?

1 de março de 2017

E quanto vale, então, um emoji em plena era digital?

Não falta quem torça o nariz para essa pergunta. O senso comum diante de novidades é de que esses ícones engraçadinhos podem ser bonitinhos, mas são ordinários. Professores dizem que eles empobrecem o idioma e que embotam a capacidade de expressão dos jovens. Outros dizem que um “curtir”, de tanto usado, banaliza e desgasta o sentimento de gostar de alguém. Afirmam que um coração vermelho pulsando nunca vai substituir o bom e velho “eu te amo”.

Será?

As autoridades no assunto dizem que não. Muito pelo contrário. Para eles, um emoji pode, sim, valer mais do que mil palavras. Os Dicionários Oxford – um dos mais respeitados do mundo – elegeram emoji a “a palavra do ano” em 2015. Não é pouca coisa uma obra que representa a essência das palavras de uma língua homenagear algo que, em tese, não é nem uma palavra, mas justamente o contrário. Para os linguistas que fizeram a escolha, um emoji pode e deve, sim, ser considerado uma palavra.

Afinal de contas, dizem eles, o que define uma palavra é sua função de comunicar uma ideia a outra pessoa. “Na falta de telepatia, temos a linguagem”, diz o site dos Dicionários Oxford. “A linguagem é o instrumento mais poderoso do mundo para transmitir nossos pensamentos, mudar as ideias e as atitudes dos outros”, justificando a escolha de emoji como a palavra do ano. Outros especialistas concordam, como o professor Owen Churches, da Faculdade de Psicologia da Universidade Flinders, na Austrália. “As pessoas reagem aos emoticons do mesmo modo que reagem a um rosto real sorrindo, ou seja, um emoji de um sorriso é interpretado como um sorriso de verdade.”

“O emoji não ameaça a sobrevivência da diversidade cultural nem requer que se aprenda um novo código como numa língua estrangeira”, defende Marcel Danesi em seu livro The semiotics of emoji: the rise of visual language in the age of the internet (“A semiótica do emoji: a ascensão da linguagem visual na era da internet”). “O fenômeno do emoji vem de um desejo humano de aumentar o alcance da comunicação entre pessoas que falam diferentes idiomas sem ter que substituí-las”, acrescenta o autor, para quem o mundo seria melhor se todos falassem a mesma língua, sem ambiguidades. “Haveria menos mal-entendidos, e laços culturais e econômicos entre países poderiam ser mais fortes.”

E se você ainda tem dúvidas sobre o poder dos emojis como palavra, capaz de transmitir ideias e levar outras pessoas à ação, como define o dicionário Oxford, pergunte ao jovem nova-iorquino Osiris Aristy o que ele acha disso. Há dois anos, em janeiro de 2015, ele tinha 17 anos quando foi preso acusado de ameaçar matar um policial. Sua casa foi revistada, e um revólver calibre 38 foi encontrado. Foi indiciado, mas no final um júri o inocentou, considerando que tudo não passava de um ato impensado e sem intenção de um adolescente. A ameaça de matar um policial havia sido feito numa rede social, interceptado pelas autoridades.

O que estava escrito no post?

Nada. Eram apenas dois emojis: um de um policial e outro de um revólver apontado para ele. O que ele fez pôde e foi usado contra ele no tribunal.

Para Osiris, um emoji vale muito, muito mais do que dez mil palavras.

Fonte: Dialogando - Quanto vale um emoji? Dialogando

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