Uma rotina puxada, que inclui de 8 a 12 horas de prática, alimentação balanceada, os melhores equipamentos e orientação estratégica de treinadores renomados. Comum aos ídolos das modalidades esportivas tradicionais, assim é também hoje o dia a dia dos craques dos jogos on-line. E a semelhança não para por aí. O faturamento de algumas feras do eSports já ultrapassa milhões e inclui premiações às vezes até maiores do que em grandes torneios do esporte convencional. Não é para menos. De acordo com o Newzoo, os entusiastas do eSports somam 148 milhões no mundo e cerca de 22% dos norte-americanos da geração milleniumassistem a esse tipo de competição, quase a mesma base que o baseball e o hóquei.
Segundo o site Casino.ca, gamers profissionais receberam mais de US$ 1,5 bilhão em prêmios em 2017, com os chineses liderando o ranking e garantindo mais de US$ 68 milhões desse total com 2.573 jogadores, seguidos por Estados Unidos, com US$ 63 milhões e 9.607 gamers e Coreia do Sul, com US$ 57 milhões e 2.519 competidores. O Brasil desponta em 12º lugar, com US$ 7,5 milhões e 1.358 atletas. A expectativa é que o montante alcance US$ 2,3 bilhões nos próximos quatro anos, impulsionado pelos campeonatos de jogos concorridos como League of Legendse Dota – Defense of the Ancients, além do patrocínio de grandes empresas.
O mesmo levantamento revelou ainda quem são os gamers mais bem pagos do mundo. O alemão Kuro Salehi Takhasomi (ID player KuroKy) lidera a lista dos cinco top, com US$ 3,48 milhões, ao lado do jordaniano Amer Al-Barkawi (ID player Miracle) com US$ 3,06 milhões, do norte-americano Saahil Arora (ID player UNiVeRsE) com US$ 2,93 milhões, do búlgaro Ivan Ivanov (ID player MinD_ContRoL) com US$ 2,82 milhões e do finlandês Lasse Urpalainen (ID player Matumbaman), também com US$ 2,82 milhões. O brasileiro Gabriel Toledo (ID Player FalleN), campeão de Counter-Strike: Global Offensive, é o melhor posicionado entre os talentos nacionais, com US$ 600 mil.
O crescimento da nova atividade e dos torneios especializados demandou o surgimento de entidades dedicadas a regulamentar e fiscalizar o exercício da profissão. No Brasil, desde 2006 a Confederação Brasileira de Esportes Eletrônicos (CBEE) faz esse papel. Os eventos passaram a compor o calendário do Ministério dos Esportes e os cyberatletasfederados têm o direito de participar de campeonatos oficiais estaduais e integrar a Seleção Brasileira em disputas internacionais. Em 2016, foi fundada a Associação Brasileira de Clubes de eSports (ABCDE), com a missão de representar os clubes nacionais.
Mas nem só de torneio mundial vivem os gamers. Aproveitando um novo nicho de serviço, uma empresa britânica lançou uma consultoria diferenciada, em que os jogadores amadores podem contratar profissionais para evoluírem seus personagens e melhorar suas estatísticas em Call of Duty. Custa US$ 20 a hora ter um desempenho de craque.