Facebook, Instagram, WhatsApp, Snapchat, Pinterest, Twitter. As plataformas de redes sociais são muitas e dificilmente hoje em dia alguém resiste a experimentar pelo menos uma delas. É indiscutível que estas interações online revolucionaram as relações humanas em uma velocidade espantosa.
Vinícius Paiva, de 16 anos, conta que não se lembra quando foi apresentado à internet, mas confessa que não sabe como a mãe, hoje com 41 anos, viveu sem a ferramenta durante toda sua juventude. “Nem imagino como era para fazer trabalhos de escola e manter contatos com os amigos naquela época”.
Vinícius faz parte da chamada “Geração Z”, nascida nos anos 90 e criada com fácil acesso aos computadores e smartphones. Praticamente todas as pessoas com quem ele fala diariamente estão a um clique. Uma delas é a namorada Juliana, um ano mais nova, que mora na cidade vizinha à dele.
O namoro, que completa um ano, vai bem mesmo à distância, garante o garoto. Segundo ele, a internet ajuda. São centenas de mensagens diárias pelo WhatsApp, gestos de carinho em forma de emoticon (aquelas expressões representadas por carinhas e outros desenhos coloridos) e declarações públicas no perfil um do outro.
Porém, esta relação não é tão próxima com os pais nos espaços digitais, por exemplo. Com contas em dezenas de redes sociais e aplicativos, ele confessa que tem arrepios só em pensar na possibilidade de ser amigo da mãe ou do pai no Facebook, por exemplo. “Acho que não ia me sentir a vontade em mandar mensagens para Juliana sabendo que minha mãe poderia ver”.
Mas essa não é a maior preocupação do menino. Para ele, ter os pais atuantes em serviços e plataformas na internet é mico na certa. Segundo vários estudos sobre o comportamento dos jovens no mundo online, Vinícius não está sozinho. Crianças e adolescentes, em geral, preferem migrar para redes sociais menos frequentadas pelos adultos.
De toda forma, a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo em Pesquisa em Psicologia e Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, não vê problemas nisso. “O adolescente sempre gostou de ter seu espaço próprio definido e é importante respeitar isso. Com a proximidade dos adultos é normal eles se sentirem mais expostos”.
Ainda assim, é importante lembrar que os pais não podem confundir as habilidades instrumentais de uso da internet com a capacidade crítica e a maturidade dos filhos para desenvolver relações sociais saudáveis e respeitosas, dentro e fora das redes.
Ao confundir essas habilidades, muitos pais deixam os filhos completamente à deriva nos ambientes online e esquecem que também no mundo virtual eles precisam de referências sobre formas de autocuidado e de critérios para equilibrar suas exposições, afirma o psicólogo Rodrigo Nejm, diretor de educação da SaferNet Brasil.
“Por mais digitais que sejam essas novas gerações, noções básicas de cidadania, respeito e mesmo as noções de privacidade precisam ser debatidas também com os pais e familiares, já que muitas crianças e pré-adolescentes têm estas referências como base para seus comportamentos nas redes sociais, mesmo que seja para questioná-las”, comenta.
Por isso, respeito o espaço do seu filho no ambiente digital, mas sempre atento às interações online dele.