Após uma tragédia que causou a morte de um garoto de 13 anos – sem ter a intenção – ao se enforcar na casa do pai após perder um game online com amigos, em São Vicente, no litoral sul de São Paulo, uma série de pais ficaram assustados.
A pergunta que se fazem é: as novas tecnologias fazem mal para as crianças? A resposta, para ainda mais aflição de quem tem filhos, é: depende.
Depende da tecnologia específica que está sendo usada, depende de como é utilizada, depende da intensidade do uso, depende da frequência e depende da idade da criança. As respostas variam ainda de acordo com o foco das pesquisas – que investigam desde as atividades dos neurônios e o pensamento consciente ao desenvolvimento de competências e o comportamento social. E depende do conhecimento dos pais sobre essas tecnologias.
Os próprios pais não receberam a educação digital que deveriam ter recebido para aprender a usar as tecnologias e ensinar as crianças”, pondera a psicóloga Anna Lucia Spear King, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista no impacto das tecnologias no comportamento humano.
Poucas famílias sabem, por exemplo, com funcionam os jogos que os filhos jogam. Portanto, as respostas são múltiplas, e esse é o desafio dos pais: bom senso para separar o joio do trigo na educação de suas crianças. Existem, no entanto, alguns consensos sobre os benefícios e malefícios.
Prós
Um dos pontos de maior consenso sobre a tecnologia no desenvolvimento das crianças é a educação. O acesso à informação proporcionado na era digital é muito maior do que antes. Uma enciclopédia de dezenas de volumes grandes e pesados era cara e começava a ficar desatualizada no dia seguinte da publicação.
Hoje, existem inúmeras fontes de conhecimento confiáveis que são atualizadas a cada minuto – e é grátis. E esse é só um exemplo dos milhares de recursos que estudantes e professores têm à mão – ou na ponta do dedo indicador – para aprender e ensinar.
Contras
A maioria dos especialistas concorda que a tecnologia prejudica as relações sociais. Há pesquisas indicando que os jovens preferem o contato digital ao pessoal. Os motivos são sedutores, há de se convir.
É possível conversar com pessoas novas, falar com quem está muito longe e ganhar tempo e dinheiro sem ter que se arrumar, se deslocar. Além disso, é possível estar com mais gente ao mesmo tempo sem restrições de horário.
O problema, dizem os especialistas, é a compulsão: trocar o contato pessoal pelas palavras dos chats e similares. A maior parte da comunicação entre as pessoas é feita sem palavras. E isso, só pessoalmente. Para muitos especialistas, esse contato é essencial para o desenvolvimento e amadurecimento.
É possível conversar com pessoas novas, falar com quem está muito longe e ganhar tempo e dinheiro sem ter que se arrumar, se deslocar. Além disso, é possível estar com mais gente ao mesmo tempo sem restrições de horário. O problema, dizem os especialistas, é a compulsão: trocar o contato pessoal pelas palavras dos chats e similares.
A maior parte da comunicação entre as pessoas é feita sem palavras. E isso, só pessoalmente. Para muitos especialistas, esse contato é essencial para o desenvolvimento e amadurecimento.
O professor de psiquiatria Gary Small, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, fez um estudo sobre a atividade cerebral de pessoas que usam a internet com frequência e com novatos. A atividade cerebral dos usuários experientes é muito maior, principalmente no córtex pré-frontal, associado à resolução de problemas e tomada de decisões.
À medida que os novos usuários aumentavam o número de horas na web, a atividade cerebral também disparou em muito pouco tempo.
Isso quer dizer que a internet deixa as pessoas mais inteligentes? Não necessariamente, diz Small. Mais atividade cerebral não quer dizer que ela seja melhor. A conclusão mais importante do estudo é que a internet reorganiza e refaz rapidamente as vias neurais – ou seja, o caminho pelo qual uma parte do sistema nervoso se conecta com outra.
A atual explosão da tecnologia digital não está apenas mudando a forma com que nos comunicamos e vivemos. Está mudando rápida e profundamente o nosso cérebro.”, diz Small.
Em meio a prós, contras e dúvidas, cabe aos pais usarem bom senso, algo que se adquire também com o máximo de informação possível sobre tecnologia, porque esse é o mundo em que vivemos.
E você, o que pensa sobre o assunto? Diga nos comentários.