A polícia de Londres criou uma baita polêmica na capital inglesa ao anunciar a criação de uma força-tarefa dedicada a investigar comentários ofensivos na internet. Uma polícia anti-bullying. À primeira vista, a iniciativa parece boa.
Afinal, tudo que se propõe a defender as vítimas e punir os agressores é sempre bem-vindo. Mas não é bem assim que os moradores de Londres estão vendo a ideia.
Em primeiro lugar, os londrinos não gostaram de ver um investimento de nada menos que 1,7 milhão de libras (algo como R$ 7 milhões) saindo do bolso deles para investigar as grosserias típicas de redes sociais.
Em segundo lugar, essa força-tarefa não está sendo criada para atender pessoas que se sintam ofendidas. Mas para ir atrás de ofensas na opinião dos policiais – que às vezes nem incomodam o suposto ofendido.
Juiz e executor
Para muitos, é meio duvidoso que um grupo de policiais seja capaz de identificar no mar da internet quais casos são graves e precisam de investigação.
O bullying online é realmente um problema cada vez mais grave, mas os policiais não podem agir proativamente em busca de casos, como se fossem moderadores de uma sala de bate-papo”, criticou o parlamentar Tim Farron. “Com medidas como essa, ainda que bem-intencionadas, corre-se o risco de minar nossa tão preciosa liberdade de expressão”.
O professor de sociologia Frank Furedi, da Universidade de Kent, concorda. “A polícia está se transformando em juiz moral em vez de lidar com as questões reais que ameaçam a segurança de todos”, disse ao jornal Daily Mail.
O temor de todos os críticos à medida são os excessos. Mesmo sem essa polícia anti-bullying, exageros já foram cometidos.
Um homem foi condenado a pagar uma multa por ter escrito no Twitter que colocaria uma bomba no aeroporto se ele fosse fechado por causa da neve. Mas um fato que faz repensar a questão liberdade versus privacidade na rede.