Imagine-se em um mundo onde o amor é proibido. Nele, é preciso namorar escondido por medo, temer um abraço na rua, um “eu te amo” saindo da boca e um almoço de domingo com a família na mesa.
“Ame escondido” tem nome e cheiro de revistinhas proibidas. Daquelas que ficam guardadas por anos e são descobertas pela mãe numa tarde de domingo. Amar escondido por medo é a realidade que muitos jovens LGBT vivem no Brasil em pleno 2016. Em muitos casos a homofobia começa dentro de casa em forma de pai e mãe, mas fora dela o preconceito não tem forma, rosto, nem gênero, assim como o amor entre iguais.
Muitos escondem esse sentimento por anos até que decidem tirar a sua edição da revistinha do armário. São muitos domingos tristes entre os suéteres antigos e as calças de moletom rasgadas, as páginas acabam ficando úmidas pelo mofo e com cheiro de velhas.
Então eles vão lá. Abrem. Folheiam e com coragem botam na janela para secar. Causa um estresse em casa no início porque as vizinhas ficam olhando aquela revista sem vergonha na janela, mas calma, logo as páginas secam, mãe.
Eles sabem que ela é meio feia perto do que é bonito para vocês, mas feio mesmo é esconder as coisas lindas que estão sentindo. Talvez vocês não se acostumem tão já com essa sem-vergonhice. Eles poderiam tê-la escondido por anos ou décadas. Mas essa geração prefere que rasguem suas páginas na rua do que deixar que elas apodreçam dentro de deles.
Recentemente, fomos surpreendidos com um vídeo “troll” de duas irmãs revelando que são lésbias à sua mãe. A brincadeira resultou em uma discussão agressiva, muito comum na vida de quem se assume homo, trans ou bissexual. Eles encontram na internet o apoio que deveriam ter em casa. O diálogo e a discussão deixam de ser sobre aquela revistinha vergonhosa exposta na janela e que deveria continuar muito bem escondida, e passa a ser sobre a libertação da sua sexualidade e como a troca de experiências na internet pode beneficiar a si e ao outro.
Love is love. As redes sociais acabaram tornando-se uma ferramenta de interatividade e troca de informações entre uma geração engajada em todo tipo de causa que nasceu e se desenvolveu em meio a pura tecnologia. Isso abriu espaço para discussões amplas e embasadas sobre temas de grande impacto como o racismo, o futuro do trabalho, o empoderamento feminino, a educação no Brasil e é claro, a liberdade sexual e os direitos dos LGBT´s. O diálogo dentro de casa e o grito por direitos nas ruas foi fortalecido. “Amar escondido” é, na verdade, uma revista livre e bem informada, sem limite de exemplares.
A internet realmente se tornou um espaço onde os LGBT’s podem encontrar informação e até mesmo apoio. Existem diversos canais no Youtube, blogs e grupos no Facebook onde podemos encontrar conteúdo de apoio, trocar experiências e tirar dúvidas. Outro dia mesmo uma moça que queria conversar com alguém que tivesse sido expulso de casa publicou num grupo do Facebook e rapidamente nos adicionamos e contei pra ela minha história, pra que ela tivesse coragem de ser quem ela é 🙂
muito bomseu artigo