A Inteligência Artificial (IA) já dava “medo” quando ela não tinha nem esse nome nos filmes de ficção científica de décadas atrás. Só que o que era ficção virou realidade, e agora não sabemos mais o que são verdades e mitos circulando sobre ela nas redes.
Fato é que as notícias viralizadas sobre o ChatGPT trouxeram alguns alertas e se até seu criador, Sam Altman, manifestou ter receios do potencial da inovação, é no mínimo justo a gente também ficar com um pé atrás.
Há alguns meses, ele e um grupo de empresários, executivos, pesquisadores e profissionais da tecnologia assinaram uma carta conjunta sugerindo uma pausa no desenvolvimento dos modelos de Inteligência Artificial devido a uma suposta “corrida fora de controle na implementação de mentes digitais cada vez mais poderosas”.
Mas vamos respirar, pessoal. Ainda há muito a ser feito no que tange à regulamentação da tecnologia e, como costumamos dizer aqui, o problema não está na tech, mas no que nós, seres humanos, estamos dispostos a fazer com ela.
Venha junto com a gente entender as inverdades do que vem rolando sobre a IA por aí?
Inteligência Artificial: verdades e mitos comuns
Se você está achando que as IAs já estão mais inteligentes que os seres humanos, fique calmo e não crie alarmismos. Você faz parte de um grande grupo e vai perceber que deve ter acreditado em algumas fake news como aquelas infelizmente muito comuns, especialmente nos períodos eleitorais.
Listamos, abaixo, as mentiras que ultimamente vêm fisgando o público nas redes.
1. Elas estão mais inteligentes que os seres humanos
Até agora, a maioria dos processos que envolvem Inteligência Artificial dependem do veredicto final de pessoas para serem efetivos. Por isso, essa afirmação não é verdadeira.
Embora a IA tenha progredido bastante e possa superar a eficiência humana na realização de atividades repetitivas, ela não tem nossa capacidade de raciocínio e criatividade.
Acredite: o papel principal da ferramenta ainda é complementar e auxiliar na execução de tarefas. Isso quer dizer que, de alguma forma, algumas profissões poderão perder espaço?
Sim. Mas, como falamos em nosso podcast, no decorrer de toda a história, muitas profissões foram extintas devido aos avanços tecnológicos após a Era Industrial. Mas esses avanços também exigem o surgimento de outras profissões.
Pense que, se provavelmente um bot regido por IA tire o lugar de um profissional que poderia te atender, muitos outros profissionais terão que passar a existir para programar esse mesmo robô.
2. Ias e robôs são a mesma coisa
Imagina! Mito. A IA vai muito além porque está presente em muitos eixos: no reconhecimento facial e de impressões digitais de smartphones, em assistentes virtuais, sistemas integrados de segurança doméstica, equipamentos de saúde e tantos outros.
Embora sejam frequentemente associados, já que se relacionam com tecnologia, a IA diz respeito à capacidade de um sistema computacional imitar ou simular certos aspectos da inteligência humana.
Envolve o desenvolvimento de algoritmos e modelos que permitem que máquinas realizem tarefas que normalmente exigiriam nossa inteligência.
Já os bots são dispositivos mecânicos ou eletrônicos que podem ser programados para executar tarefas físicas ou automáticas. Os robôs podem ser controlados por Ias, mas nem todos possuem Inteligência Artificial, logo, não são a mesma coisa.
3. Elas vão criar consciência
A IA ainda tem muitas limitações justamente porque seu “raciocínio” trabalha com as informações de base de dados que elas têm à disposição. Nesse cenário, mesmo que a sua capacidade de interpretar cresça ainda mais, essas ferramentas ainda não terão “consciência” como as pessoas.
A real é que consciência é um conceito complexo, que não foi completamente compreendido nem no meio científico. Envolve a capacidade de experiência subjetiva, autoconhecimento, percepção de si mesmo e do ambiente, além de emoções e reflexões. Não há um consenso claro sobre como a consciência emerge, mesmo no contexto humano. Por isso, replicar esse processo em uma IA é uma tarefa extremamente desafiadora e, atualmente, não há uma abordagem comprovada para desenvolver uma ferramenta com aplicação consciente.
Então, essa é só mais uma da série de mitos!
4. Todas as IAs funcionam da mesma forma
Inverdade total. Há muitas técnicas para desenvolver sistemas de Inteligência Artificial. Uma das mais comuns é a aprendizagem de máquina (machine learning), que treina um modelo de IA com um grande volume de dados para que a ferramenta aprenda padrões e, a partir deles, possa tomar decisões – aqui entram os chatbots, reconhecimento de voz, recomendações personalizadas ou traduções automáticas.
No modelo da lógica simbólica, por exemplo, a tecnologia é baseada em regras lógicas e símbolos, abordagem usada para representar o conhecimento e tomar decisões racionais.
Mas as abordagens são muitas e, no todo, cada uma tem suas vantagens e desvantagens. A escolha vai depender da natureza da tarefa a ser executada, do acesso aos dados e dos recursos disponíveis.
5. A Inteligência Artificial vai exterminar a raça humana
Que mito, hein?
A ideia de que as IAs possam eventualmente “exterminar” a raça humana é frequentemente retratada em obras de ficção científica. Mas, na realidade, essa é uma preocupação que requer uma análise mais equilibrada.
Para que máquinas pudessem se rebelar como em um grande motim pró-revolução, elas teriam que atingir os níveis de intuição e emoção dos humanos. E, sobre isso, já dissemos mais acima: fique tranquilo. Não vai acontecer.
Falamos de dispositivos que possuem, sim, certa autonomia, isso é fato, mas com limitações – realizam funções previamente comandadas por seus algoritmos que, por sua vez, são programados por humanos. Cenário em que a gente pode ficar mais tranquilo, mas sem perder de vista os debates sobre…
A regulamentação da Inteligência Artificial
Alguns especialistas em IA e ética estão cientes dos riscos associados ao desenvolvimento de IAs avançadas, especialmente quando se trata da segurança e do controle desses sistemas. Entenda alguns pontos:
Superinteligência descontrolada: há uma preocupação teórica de que, se uma IA superinteligente fosse criada sem sistemas adequados de controle, ela poderia se tornar capaz de implementar ações prejudiciais para os seres humanos;
Viés e discriminação: se as IAs forem treinadas com dados enviesados, elas podem perpetuar preconceitos e discriminação, levando a consequências negativas, especialmente para os grupos minorizados da sociedade;
Automação desenfreada: a automação alimentada por IA pode ter impactos significativos no mercado de trabalho, levando a desemprego em certos setores e, consequentemente, desafios econômicos;
Privacidade e segurança cibernética: a popularização da tecnologia pode aumentar os riscos relacionados à privacidade e à segurança cibernética, como o uso indevido de dados pessoais.
Por isso nós, enquanto sociedade civil, devemos pressionar a comunidade científica, os órgãos públicos e privados para minimizar os riscos e garantir que a Inteligência Artificial seja desenvolvida de uma maneira que beneficie a sociedade como um todo.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reforça que a regulamentação da IA exige equilíbrio e bastante sensibilidade.
O assessor chefe de Inteligência Artificial do Supremo Tribunal Federal, Rodrigo Canali, lembra que as novas tecnologias combinam riscos e possibilidades. Em sua avaliação, “é importante que o uso dessas ferramentas mitigue qualquer eventual dano que possa criar problemas ou ampliar os que já existem”.
Nosso país tem dois documentos importantes nesse debate: a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA), do Governo Federal, e o Projeto de Lei 2.338/23, que dispõe sobre o uso da ferramenta.
Fique por dentro do que propõe cada um desses textos e nunca deixe de usar a tecnologia com consciência já que consciência, só nós ainda temos, ok?
Chegou até aqui e quer saber onde a Inteligência Artificial já atua em nossas vidas sem muitas vezes nem a gente saber?
Então, confira este post!