A mobilidade social, enquanto um movimento de mudança de pessoas ou grupos dentro da estrutura social, é um tema central para pensar uma sociedade mais justa, igualitária e desenvolvida.
A educação se consolida como uma das ferramentas mais poderosas para proporcionar essa mudança e transformar as realidades de forma ascendente e positiva. E, com o avanço da tecnologia, esse processo pode ganhar ainda mais força.
É por saber que a tecnologia é aliada deste movimento tão importante é que estamos aqui hoje. Vamos ver com o texto:
- O que é mobilidade social;
- Como a tecnologia favorece a educação de minorias;
- Fatores que influenciam a mobilidade social no Brasil.
Boa leitura!
O que é mobilidade social?

A mobilidade social é o nome dado à capacidade de pessoas ou grupos de mudar de posição dentro da pirâmide social. Essa mudança pode ocorrer tanto de modo ascendente, quando a pessoa sobe, ou descendente, quando esta desce, na hierarquia social, sendo a renda familiar um dos principais indicadores para medir a mobilidade social dos cidadãos.
Em sociedades que possuem um sistema de bem-estar social, que garantem serviços públicos de qualidade e direitos sociais, como a Suécia, as pessoas têm mais possibilidades de mudarem de posição social com mais facilidade ao longo de suas vidas ou entre gerações.
Já em países com altas desigualdades estruturais, como é o caso do Brasil, a possibilidade de transitar entre as classes sociais é menor, principalmente, para negros e mulheres. Estudiosos avaliam, no entanto, que nem tudo está perdido e que a educação ainda é considerada um dos principais motores da escalada social.
Afinal, quanto maior o nível educacional de uma pessoa, maiores são as suas chances de conquistar empregos melhores, salários mais altos e, consequentemente, uma posição melhor dentro da estrutura social. Mas nem todos têm acesso igualitário a uma educação de qualidade, e é aí que a tecnologia pode desempenhar um papel transformador.
Como a tecnologia favorece a educação de minorias?
A tecnologia aplicada na educação em países desiguais, como o Brasil, apresentam um grande potencial de romper barreiras históricas e geográficas, democratizando o acesso ao conhecimento.
Para populações marginalizadas, como pessoas negras, indígenas, moradores de periferias e pessoas com deficiência, isso pode significar a chance de uma verdadeira transformação social. Conheça a seguir de que maneira o uso da tecnologia vem favorecendo a educação de minorias e contribuindo para uma mobilidade social mais justa e equânime:
Plataformas de ensino a distância
As plataformas de ensino a distância são, certamente, um ótimo incentivo para democratização da educação. Isso porque o ensino remoto permite às pessoas que vivem em diferentes contextos sociais, em situações como:
- Morar muito distante do centro
- Viver em cidades ou regiões sem acesso a instituições de ensino;
- Jornadas de trabalho, casa e estudo muito complexas;
- Falta de renda para acesso à faculdade.
Possam estudar em universidades de renome ou realizar cursos profissionalizantes.
Plataformas como as de ensino a distância (EAD), MOOCs (Massive Open Online Courses), e aplicativos educacionais oferecem conteúdos acessíveis, muitas vezes gratuitos, que antes estavam restritos a centros urbanos e a instituições privadas.
Projetos de inclusão digital
Outro exemplo de como a tecnologia e a educação podem transformar a vida das pessoas são os projetos que buscam promover a inclusão digital nas escolas públicas e privadas, distribuindo computadores, tablets e promovendo acesso à internet.
Quando um jovem periférico tem acesso a uma conexão estável e a um ambiente virtual de aprendizado, por exemplo, ele pode competir em condições mais igualitárias com estudantes de classes mais altas.
Tecnologias assistivas
Algumas ferramentas adaptativas, como as chamadas tecnologias assistivas, que promovem a autonomia e inclusão social de pessoas com deficiência, são fundamentais para tornar o aprendizado mais inclusivo.
Dessa forma, a educação deixa de ser um privilégio de poucos para se tornar um direito acessível a todos.
Incentivo ao protagonismo
Além de todos os benefícios que já falamos, a tecnologia também abre espaço também para o desenvolvimento de competências fundamentais para o contexto atual, como pensamento crítico, criatividade, resolução de problemas e domínio digital.
Nesse sentido, pessoas que se apropriam dessas ferramentas possuem a chance de se preparem melhor para o mercado de trabalho e de atuarem de forma protagonista em suas comunidades.
Fatores que influenciam a mobilidade social no Brasil

Apesar de o potencial da tecnologia e dos avanços já conquistados, ainda existem diversos fatores que impactam a mobilidade social no Brasil. O estudo intitulado Intergenerational Mobility in the Land of Inequality, de 2022, analisou a mobilidade social de grupos de pessoas nascidas no fim da década de 1980 no Brasil e chegou a algumas conclusões:
- Crianças pobres têm apenas 2,5% de chances de subir na hierarquia social (Já na Suécia, as chances seriam de 15,7%);
- As chances de melhoria de vida ainda são menores para negros, mulheres e pessoas que nasceram no Nordeste.
Do tempo do estudo até hoje, alguns dados podem ser diferentes, mas não tanto. Isso porque algumas questões históricas que constituem a sociedade brasileira impactam nesses resultados, que incluem:
Desigualdade estrutural
O Brasil possui uma das maiores desigualdades de renda do mundo. Essa desigualdade histórica se reflete na educação, no acesso à saúde, ao saneamento básico, à cultura e ao mercado de trabalho.
Racismo
A desigualdade estrutural brasileira está intimamente entrelaçada com a questão racial, sendo esta um grande obstáculo para a ascensão social.
Pessoas negras e indígenas, por exemplo, enfrentam mais dificuldades para acessar vagas de ensino superior, alcançar cargos de liderança e obter remuneração justa, do que as brancas. Essa tem sido uma característica que vem desde o período de colonização do país — mas que vem mudando, pouco a pouco, por causa da educação.
Segundo dados do Censo 2022, o número de pessoas pardas com graduação aumentou quase 10% de 2000 até 2022. E o mesmo aconteceu com pessoas negras. Hoje, 12,3% dos pardos e 11,7% dos negros contam com um diploma universitário.
Qualidade do ensino básico
No Brasil, as escolas públicas enfrentam uma série de desafios, desde professores mal remunerados a índices baixos de aprendizagem. E com a falta de investimentos nessas escolas federais, estaduais e municipais, aumenta-se a diferença entre essas crianças com aquelas que estudam em escolas boas.
É por isso que se faz necessário cobrar, em todos os aspectos sociais, por políticas que reconheçam o valor da educação e dos professores como personagens importantes na mudança que queremos ver no mundo.
Acesso ao ensino superior
Segundo a Agência Brasil, o número de pessoas com ensino superior triplicou nos últimos anos. Políticas como cotas raciais, ProUni e FIES têm ajudado a ampliar o acesso ao ensino superior, e isso é muito positivo. Apesar disso, muitos estudantes abandonam os cursos por dificuldades financeiras ou por não conseguirem acompanhar o ritmo exigido.
Por isso, oportunidades de emprego para jovens e iniciativas que dão bolsas ou moradia para alunos são essenciais para fazer com que aqueles com menores possibilidades possam encontrar, no estudo, a oportunidade de mudança de suas realidades, e não agravar o cenário de desigualdade do país.
A educação é o caminho mais eficiente para transformar realidades. Com o apoio da tecnologia, a mobilidade social pode se transformar e ser mais acessível, inclusiva e potente. O digital tem muitos exemplos de como democratizar o conhecimento e gerar oportunidades reais de mudança de vida. E o Dialogando apoia todas essas iniciativas, porque queremos construir um mundo melhor com a tecnologia como aliada. Vamos nessa?
Até a próxima!